O Planetário instalado na região da Gávea, em ponto próximo à PUC-RIO, integra-se ao cenário dos debates e eventos programados para a RIO+20. Planetário, que permite que se acione pedais que nos dão a capacidade de observar as movimentações das marés, dos planetas e satélites, nos sensibilizando para uma realidade que, não rara, se apresenta distante, como se não fizesse parte de nosso cotidiano.
No espaço destinado ao Teatro, entre outras manifestações, ocorreu a fala de um médico pediatra neurologista ao final da manhã desta quinta-feira. O Dr. Mauro Lins se referiu ao que comemos e como este alimento carrega um acúmulo de pesticidas, fertilizantes e hormônios. Relatou que as crianças já herdam no ventre materno mais de centena de elementos com possibilidades cancerígenas e outros distúrbios.
Nutridos de uma gama de elementos e compostos potencialmente nocivos à saúde humana, estamos muito mais vulneráveis à extinção do que diversos animais que consagramos como em situação crítica de extermínio. O médico entende que rapidamente teremos que colonizar outros planetas, uma vez que a Terra, a teremos contaminado inexoravelmente.
Se por um lado o médico contestou a forma de produção de alimentos, predominantemente instalada, por outro louvou as iniciativas que pretendem o desenvolvimento de produtos orgânicos. Orgânicos não apenas por sua condição de maior capacidade nutritiva, mas por encerrar ausência de venenos, transgênicos e carga hormonal. Salientou igualmente o uso de menos energia na produção de orgânicos e, sua condição de manter os ecossistemas equilibrados.
A plateia ouvia atenta e as perguntas se sucediam. Questionamentos como o uso de tintas para cobrir exageradamente o corpo com tinturas via tatuagens. Atitude que se dissemina, como se saudável fosse, pela exposição dos corpos totalmente tatuados de alguns lutadores nos octógonos da hora.
Entre os presentes, em sua maioria jovens, muitos com aquele típico aspecto do “paz e amor”da era hippie, o silêncio se manifestou forte quando da conclusão da fala do Dr. Mauro. Impossível não perceber o desconforto instalado, após o relato de que saúde e meio ambiente andam juntas, como as demais relações que permeiam a ambientalidade.
Por certo muitas questões ficarão em aberto na RIO+20, mas as lições apreendidas pelas privilegiados que ouviram o médico, já valeu a Conferência.
*Geólogo e Escritor














