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Tarifaço de Trump | Medida é ameaça às exportações da região

Impacto das taxas norte-americanas preocupa setor exportador gaúcho, especialmente do Vale do Rio Pardo

Foto: Felipe Krause/Pixel18dezoito

O Instituto Fecomércio-RS de Pesquisa (Ifep), vinculado ao Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, divulgou uma análise sobre os efeitos regionais da nova tarifa de 50% decretada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para produtos brasileiros. Com início previsto para a próxima quarta-feira, 6 – inicialmente seria hoje –, a medida pode comprometer significativamente a dinâmica econômica de municípios gaúchos com forte vocação exportadora.

A cidade mais impactada, segundo o levantamento, é Santa Cruz do Sul, onde as exportações representam mais de 7% do Produto Interno Bruto (PIB). A principal preocupação se concentra no setor fumageiro. “As exportações de tabaco para os Estados Unidos possuem um peso muito grande na geração de renda do município e, considerando o tipo de produto, com uma cadeia produtiva curta, é razoável supor que a maior parte dos impactos realmente estarão concentrados na região”, afirmou Luiz Carlos Bohn, presidente do sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac e do Ifep.

A dificuldade de redirecionar os produtos afetados para outros mercados com a mesma rentabilidade pode comprometer a renda local e, por consequência, reduzir o consumo regional. Além de Santa Cruz do Sul, cidades como Montenegro, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Bento Gonçalves, Guaporé, Nova Prata e Lajeado também devem enfrentar impactos relevantes, pela forte dependência de segmentos como tabaco, couro, calçados, celulose e máquinas.

O levantamento indica que 21 municípios têm exportações para os Estados Unidos superiores a 5% de seu PIB. Apesar de Porto Alegre, Caxias do Sul e outras regiões liderarem o volume total exportado para o mercado norte-americano, a capital é menos vulnerável, dada a menor proporção dessas vendas no conjunto da sua economia.

“O Rio Grande do Sul é um Estado historicamente exportador e medidas como essa têm potencial para gerar efeitos em cascata sobre a nossa economia, especialmente em municípios fortemente dependentes do mercado externo”, destacou Bohn. “O impacto não se limita às empresas exportadoras, mas se estende ao comércio local, ao consumo das famílias e à geração de renda nas regiões afetadas”, completou.

Riscos da reciprocidade

Apesar do impacto direto sobre o varejo ser limitado – apenas 0,83% das importações gaúchas vêm dos EUA –, uma eventual reciprocidade tarifária por parte do Brasil pode encarecer insumos industriais e intermediários essenciais. Entre os produtos mais importados pelo Estado estão a nafta petroquímica, óleos brutos de petróleo, adubos, eletrônicos e maquinários, o que pode atingir setores como atacado e serviços, principalmente com o aumento de custos de combustíveis e equipamentos.