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“Temos a obrigação de continuar sendo referência em saúde”, diz Carlos Eurico Pereira

Ricardo Gais
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Carlos Eurico Pereira (Novo) e Paulo Bigolin (Novo), candidatos a prefeito e vice-prefeito. Foto: Divulgação

Dando sequência à série de entrevistas, que está sendo realizada pelo Riovale Jornal com os candidatos a prefeito de Santa Cruz do Sul nas eleições deste ano, nosso próximo entrevistado é o candidato do Partido Novo, Carlos Eurico Pereira. A publicação das entrevistas segue o critério de ordem alfabética. Conheça agora, quais as propostas e ideias do postulante ao Palacinho, que englobam diversos setores de nosso Município.

Riovale Jornal – O senhor entende que existe uma disparidade no desenvolvimento entre centro, bairros e interior? Quais políticas o senhor pretende realizar para reduzir essa disparidade?

Carlos Eurico Pereira – É normal que exista uma diferença, porque o Centro concentra a maioria da população, mas é importante que a gente comece a minimizar essa disparidade. Para isso, precisamos ter um diálogo constante com as comunidades e ter um olhar mais técnico para os dados do Mapa da Cidade, que deveria ser uma iniciativa para melhorar o investimento do Município, para propor um novo desenho para nossa cidade, não para justificar aumento de IPTU.

RJ – Qual seu entendimento a respeito da diversificação econômica? Santa Cruz é ainda muito dependente do tabaco ou isso, no seu entendimento, não é um problema? À frente do governo, como pretende lidar com essas questões? 

Carlos Eurico – O tabaco é uma cultura historicamente importante para o Município, a gente precisa continuar trabalhando para que ela continue trazendo desenvolvimento, mas é preciso olhar para o futuro. Vai continuar havendo uma redução na produção e no consumo de tabaco, isso é inevitável, então a gente precisa diversificar. O papel da Prefeitura nisso é garantir que exista uma infraestrutura adequada para o escoamento da produção e possibilitar que esse assunto seja mais debatido, que o produtor receba capacitações para cultivar outros produtos, bem como para abrir agroindústrias. Nesse processo entidades como Afubra, Emater e Fetag precisam ser ainda mais parceiras da Prefeitura.

RJ – Na área turística, Santa Cruz tem perspectivas de crescimento? Quais seus planos em relação a esta área importante, o turismo? 

Carlos Eurico – O turismo pode ser uma grande área econômica para o Município, mas quem deve fazê-la crescer e se desenvolver não é a Prefeitura, mas sim os empreendedores e as entidades culturais locais. O que nós precisamos fazer é mostrar para o santa-cruzense que esse é um setor economicamente viável aqui, seja com o turismo rural, o de aventura, o esportivo ou o ecológico. Nós vamos estimular essa veia econômica facilitando a abertura de novas rotas de cicloturismo e parques ecológicos, por exemplo, o que também ajuda a desenvolver a educação ambiental. Nas nossas praças, citando outra proposta que impacta este setor, vamos buscar parcerias público-privadas para mantê-las mais bonitas e bem administradas.

RJ – Em termos de educação, especialmente nas escolas municipais, o que está em falta no Município de Santa Cruz e o que pretende fazer para solucionar essa questão? 

Carlos Eurico – Se tratando de educação o Município não tem índices ruins, mas chama a atenção estarmos abaixo da média nos anos finais nas últimas divulgações do Ideb. Gastamos em média mais de R$ 600 por aluno no mês, um valor que se equipara a muitas escolas privadas de excelência, mas sem entregar a mesma qualidade. O que falta é capacitar ainda mais os professores para que eles utilizem da tecnologia para ensinar, bem como tirar toda e qualquer interferência política nas secretarias para que eles possam trabalhar com mais liberdade. Dessa forma, também conseguiremos entregar alunos mais qualificados ao mercado de trabalho.

RJ – Santa Cruz costuma ser um destaque positivo em saúde pública. O que pretende fazer para ampliar a qualidade dos serviços nesta área? 

Carlos Eurico – O Município investe cerca de R$ 150 milhões por ano em saúde. Temos a obrigação de continuar sendo uma referência neste setor. O que precisamos fazer agora é integrar todos os sistemas de saúde pública, sejam postos ou hospitais, que já digitalizam seus processos, mas não conversam entre si. Isso deve evitar que o paciente tenha mais que um diagnóstico e tenha que passar por diversos locais até ter seu problema resolvido. Da mesma forma, devemos suprir eventuais faltas de médicos, que é um problema atual, com a telemedicina, o que permite mais agilidade nos atendimentos e evita que consultas tenham que ser remarcadas. Nos casos em que for necessário um exame físico do cidadão, basta encaminhá-lo para um posto que tenha um médico atendendo presencialmente.

RJ – O setor cultural foi amplamente prejudicado devido à pandemia do coronavírus. Quais estratégias para fomentar a cultura no Município? 

Carlos Eurico – A Prefeitura deve servir como uma intermediadora do diálogo entre o setor cultural e a sociedade civil na busca por recursos para seu financiamento. Não acredito que o correto seja termos o poder público financiando diretamente entes culturais, porém devemos servir como apoio para que os projetos de incentivo cultural sejam realizados. Entidades culturais, como CTG’s, por exemplo, precisam ser recebidas na Prefeitura para serem orientadas sobre como elaborar um bom projeto para ter acesso à Lei de Incentivo à Cultura. Da mesma forma, podemos promover mais capacitações sobre como fazer essas buscas de recursos. O apoio do poder público deve ser orientativo e institucional, não financeiro.

RJ- Como a gestão pensa em qualificar a questão do abastecimento de água e saneamento básico no Município? 

Carlos Eurico – Essa é uma das questões mais importantes para o Município. Estamos amarrados em um contrato de mais de 30 anos com a Corsan, então o que precisamos fazer é fiscalizar ainda mais e melhor o contrato atual. Da mesma forma, precisamos oferecer uma infraestrutura melhor para a Agerst, que vem desempenhando um excelente papel enquanto agência reguladora nessa questão. Quando falam que corremos o risco do Lago Dourado não dar mais conta de abastecer a cidade, basta lembrar que mais de 60% da água tratada pela Corsan é perdida e não chega na casa do cidadão, então, parte da resolução do problema de abastecimento é garantir que este desperdício seja reduzido ao máximo. Saneamento deve ser prioridade sempre, porque muito do que se gasta em Saúde, por exemplo, se dá por falta de saneamento básico.

RJ – O Meio Ambiente é o grande responsável pelo desenvolvimento da vida no planeta. Em Santa Cruz do Sul, como o senhor pretende preservar esse patrimônio natural? 

Carlos Eurico – Muito da preservação efetiva se dá em áreas de propriedade privada. Para isso, precisamos ampliar a capacidade dos entes privados realizarem esse trabalho de conservação, seja através do turismo ecológico ou de reservas como a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), do interior de Sinimbu, mantida pela Unisc. Nesse processo não há nenhum ente mais eficiente do que as entidades da sociedade civil voltadas para este fim, porque a Prefeitura não tem como estar em todos os lugares, fiscalizando mata adentro. O que precisamos é manter o estímulo para que as áreas já preservadas por essas instituições e produtores rurais continuem sendo cuidadas e que novas entrem no mapa de preservação.

RJ – Dando uma demonstração de transparência aos eleitores, o senhor pretende anunciar o secretariado antes do resultado das eleições? Se sim, quais são os nomes?

Carlos Eurico – Diferentemente dos demais partidos, nós não faremos escolhas políticas para o alto escalão das secretarias, com loteamento de cargos em troca de apoio na Câmara. Não vamos definir nome algum antes do fim da eleição porque essa será nossa prioridade já no dia 16 de novembro, promovendo um processo seletivo que valorize toda a capacitação técnica de funcionários concursados da Prefeitura e de pessoas da sociedade civil, independentemente de partido político. Transparência, portanto, não vai faltar, mas como este é um processo custoso, só vale a pena ser realizado depois da campanha. Vale citar, também, que vamos reduzir de 16 para 9 o número de secretarias e em 50% os cargos comissionados.

RJ – Caso eleito como prefeito, quais objetivos frente ao Governo Municipal e qual legado a ser deixado para Santa Cruz do Sul?

O objetivo principal é livrar o Município do uso político da máquina pública, é transformar Santa Cruz do Sul em uma cidade para os cidadãos, com muito respeito ao dinheiro do pagador de impostos, que é cliente da Prefeitura e merece ter um acesso muito melhor à infraestrutura. É entregando serviços públicos de qualidade, focados no essencial, que atendam as reais demandas e necessidades das pessoas, e não de partidos, que vamos conseguir construir juntos uma Santa Cruz ainda melhor.