LUANA CIECELSKI
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O início dessa semana foi marcado pela ocorrência de pelo menos três casos de homicídios, além de outras duas ocorrências de tentativas de assassinatos em Santa Cruz do Sul. O acontecimento atípico para o município que comumente não registra esse mesmo número de ocorrências nem em um prazo de 30 dias deixou a comunidade alerta. No entanto, de acordo com o Comando Regional de Policiamento Ostensivo do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP), as causas desse aumento na criminalidade já são conhecidas e as providências estão sendo tomadas.
De acordo com o comandante do CRPO/VRP Tenente Coronel Valmir José dos Reis, há cerca de dois anos um dos maiores traficantes da região, que atuava em Santa Cruz do Sul foi morto e outro foi preso. Desde então, facções criminosas de outros municípios, principalmente da região metropolitana de Porto Alegre, estariam investindo na região, como já haviam feito em outras localidades como Santa Maria, Caxias do Sul e Lajeado. Uma das consequências foi o aumento no número de ocorrências de homicídios.
“Antes o tráfico daqui não matava, ele era regionalizado, os traficantes estavam aqui. No entanto esses novos grupos têm uma cultura diferente que é a de matarem-se entre si. São dívidas do tráfico sendo cobradas com a morte das pessoas, dos traficantes, em disputas entre eles. É um verdadeiro tribunal do tráfico”, explica Reis, e apesar de o tráfico não ser a única causa – Reis afirma que existem casos que provém de inimizades, acidentes e violência doméstica, por exemplo – é o trafico que mais contribuiu para que nos três primeiros meses de 2015, Santa Cruz do Sul acumulasse um registro de sete homicídios.
Esses dados deixam a Brigada Militar em alerta. “Se continuar nesse ritmo, a projeção é de cerca 28 homicídios no ano”, calcula Reis. Número um pouco menor do que em 2014, que encerrou com 30 mortes por assassinato, mas maior que o indicador da Organização das Nações Unidas (ONU) que considera aceitável 12 homicídios para 100 mil habitantes, ou, cerca de 15 homicídios para Santa Cruz, que possui cerca de 130 mil moradores.
“Os homicídios em Santa Cruz do Sul saíram da média histórica que compreendia os indicadores, a partir desses homicídios dessa semana, e apesar de ainda estarmos investigando esses crimes, sabemos que causa de pelo menos alguns deles, é o trafico vindo de fora. Mas a Polícia Militar está sabedora disso e está tomando providências no sentido de manter os indicadores nas médias mais baixas possíveis”, afirmou Reis.
Arquivo/RJ
Tenente Coronel Reis: “O tráfico que vem da capital é muito instrumentalizado, mas nós também estamos trabalhando com agilidade”
Plano de Segurança será fundamental
Ainda de acordo com o Comandante do CRPO, o Plano de Segurança Regional que foi implantado na metade de 2014 e que já vem representando um papel importante na polícia de Santa Cruz, será ainda mais fundamental no trabalho de prevenção e repressão da criminalidade que vai acontecer após os recentes homicídios. “É o Plano de Segurança é que vem nos mantendo nesses indicadores de 28 homicídios por ano, é ele que está segurando Santa Cruz em um patamar absolutamente razoável. Seria muito pior se não o tivéssemos”, afirmou Reis.
“Em cima dessas mortes eu determinei algumas ações especiais dentro do Plano de Segurança para o 23º Batalhão de Polícia Militar, e elas já estão acontecendo. Essa será uma campanha difícil, porque o tráfico que vem da capital é muito instrumentalizado, mas nós também estamos trabalhando com agilidade e temos uma estrutura muito boa. Nossa rede de inteligência está bem informada”, declarou.
