Fabrício Goulart
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A chegada do inverno promete gerar movimentação no interior de Vera Cruz. A queda nas temperaturas deve levar visitantes interessados em um maior contato com a natureza e boa gastronomia. Nos últimos anos, diversas iniciativas e empreendedores têm apostado nas belezas e oportunidades da região, algo que desenvolveu o turismo rural no Vale do Rio Pardo.
Fábio Cunha, de 51 anos de idade, é uma das pessoas que apostou no potencial. Há dois anos, iniciou um projeto que deu origem à Casa da Montanha, um espaço em meio à natureza, no formato de cabana, que oferece aconchego àqueles que buscam dar um tempo do dia a dia corrido das cidades. A ideia surgiu a partir de visitas dele e da esposa, Eliana Albrecht, 45, a espaços semelhantes em Vale Verde. “Comentei com a minha esposa que eu queria um lugar que tivesse um pôr ou nascer do sol. Percebi que os lugares que fomos não tinham uma vista legal”, revela.
Depois de pesquisar, Cunha acabou encontrando o espaço certo em Linha Dona Josefa. A partir da aquisição, alguns desafios surgiram, já que a terra era lavrada, utilizada antes para plantação de fumo. “Era uma inclinação de 30°, um barranco, descidão. Contratei uma draga com esteira para fazer o corte e aterro. Foi um trabalho bem pesado. Para a Casa da Montanha ser instalada onde está, foi à base de muito trabalho e de máquina pesada”, relata.
No início, tudo era bastante simples: um telhado e churrasqueira, onde os conhecidos passavam bons momentos. Mas, vendo o potencial, os amigos sugeriram que Cunha anunciasse em aplicativos e iniciasse reservas, mesmo que o local não tivesse muita estrutura, incluindo energia elétrica. Topou. A Casa da Montanha está em operação há quatro meses e a agenda de julho estava lotada ao final desta reportagem.
O envolvimento com o local foi tanto que Fábio Cunha plantou até árvores: álamo, pinheiro, nogueira, oliveira, pessegueiro e imperatriz. “Como era lavoura, não havia nada”, explica o empreendedor. “A gente aprende a lidar com a natureza, as árvores e a plantar. É bem legal”, orgulha-se.
Aconchego no frio – e no verão
A vontade de morar no interior era tão grande que o casal Felipe Limberger, 29, e Thais Rediske, 38, de Santa Cruz do Sul, chegou a cogitar construir algo em Vale do Sol, nas terras da família. Mas, por desafios, eles deixaram de lado a ideia e, há dois anos, acabou surgindo um espaço em Linha Floresta, em Vera Cruz: a Cabana Aurum – espaço hoje totalmente “instagramável”, que chama a atenção nas redes sociais.
“O intuito era a gente aproveitar, ter o contato com a natureza e também compartilhar com mais pessoas, permitir que elas também tivessem”, relata Limberger. Como no caso de Fábio e Eliana, as terras também eram utilizadas para lavoura e não estavam preparadas para a empreitada.
“Eram terras bem cruas, com bastante mato. Não havia nada: nem água, nem luz e nem acesso”, recorda.
Desafios superados, o lugar se transformou em sucesso. Hoje, a cabana é equipada com cozinha, churrasqueira na área externa e há um espaço com lareira na área externa, para os dias frios. No verão, a experiência inclui também uma banheira do lado de fora. “Como é algo que gostamos, estamos sempre pensando em como deixá-lo mais bonito”, ressalta Limberger.
Gastronomia também é opção
Não é só em cabanas que Vera Cruz desponta. As iniciativas também incluem gastronomia. Uma opção já consolidada e famosa há alguns anos é o Refúgio da Figueira. O espaço é conhecido pelas pizzas e pelo fondue, além das belas paisagens que são cenários em locações de eventos. O nome não surgiu ao acaso: já na entrada da propriedade uma enorme figueira centenária chama a atenção dos visitantes.
A história do Refúgio surgiu após Eveline Schmitt, 51, ter um aneurisma cerebral, em 2018. Na situação, a família se reuniu em torno do projeto de reformar uma propriedade localizada em Linha Dona Josefa. Aos poucos, foram incrementando o cardápio e adicionando elementos ao ambiente – ideal para aqueles que procuram belos registros fotográficos.
“Buscamos e prezamos por uma gastronomia diferenciada, com ingredientes de qualidade e selecionados em meio a um local charmoso e acolhedor”, observa Eveline. A fila de reservas costuma ser grande. O local também é moradia da família: além da proprietária, vivem o marido Daniel Beuren, 40, que é também é o chef, e os filhos Augusto, 24, e Amanda, 16.
Próximo dali, também em Linha Josefa, está o Encantos da Pedra, um local voltado para a realização de eventos. A casa centenária foi encontrada pelo casal Wladimir, 54, e Ana Paula Schwengber, 53, por meio das redes sociais. “Surgiu da vontade de unir boa comida com a simplicidade e o encanto do interior”, revela a proprietária.
O casal fez diversas reformas e hoje tem a proposta de oferecer algo diferente da cidade. O espaço tem capacidade para 30 pessoas e quem comanda a cozinha é Wladimir Schwengber. “O turismo rural, sem dúvidas, tem muito potencial e tendência a crescer, porque as pessoas estão procurando experiências diferentes e afetivas”, aponta Ana Paula.
realização de eventos
Segmento como fonte de renda
O secretário de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Vera Cruz, Marcelo Gonçalves, destaca que um dos objetivos da Administração Municipal é proporcionar que as iniciativas se potencializem. “Fazer com que o turismo rural consiga se manter e prosperar, e tornar, quem sabe, Vera Cruz um celeiro”, projeta.
Segundo Gonçalves, os proprietários têm no turismo uma segunda fonte de renda e o desafio é torná-lo a principal. “A nossa estratégia, no momento, é a divulgação. O município está fazendo a sua parte, incluindo melhorias nas estradas que levam até os pontos turísticos”, ressalta. As opções de lazer no município, com os contatos, podem ser encontradas no site www.veracruz.rs.gov.br/portal/turismo.
