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Um passado de superação

Fotos: IBGE
Vista geral da cidade, 1954

Lucca Herzog
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O município de Santa Cruz do Sul firma suas origens na antiga colônia de Santa Cruz, criada a partir de 1847, no Município de Rio Pardo, Distrito de Serra do Botucaraí, entre a margem esquerda do rio Pardo e o arroio Taquarimirim. Sua fundação resultou do propósito da Câmara Municipal de Rio Pardo, então próspero centro de comércio, de estabelecer comunicação com a zona serrana da Província.


A Câmara desejava estabelecer uma comunicação para os chamados “Campos de Cima da Serra”, na região de Cruz Alta, para encurtar o caminho e atrair o comércio daquela região. A partir desse objetivo, foi aberto o caminho denominado Picada Santa Cruz, ou Picada Velha, mais tarde denominada Linha Santa Cruz (antigo rincão de Santo Antônio).


Aberta a estrada, o governo da Província concedeu, em 1847, sesmarias a João Faria da Rosa e outros, e foram demarcados os primeiros lotes, destinados a imigrantes alemães. Eram provenientes da Silésia, do Reno e da Prússia.

Catedral São João Batista, 1954

Dificuldade inicial


O alemães chegaram a Rio Pardo no dia 17 de dezembro de 1849. Dois dias depois, oficialmente à Colônia de Santa Cruz, e foram encaminhados até o local dos seus lotes, na Picada Santa Cruz.


Apesar de a maioria ser constituída por agricultores, muitos eram artesãos. Precisaram desbravar seus lotes com as próprias mãos, ou pagar para que alguém o fizesse. Não eram poucas as dificuldades, pois os registros notam que, nos primeiros tempos, a infraestrutura era escassa, bem como os recursos.


Todos os colonos chegados à Província eram mandados para Santa Cruz, e houve um crescimento rápido da Colônia. Os primeiros habitantes, instalados em choupanas ou ranchos cobertos de palha de jerivá, cultivavam mandioca, milho, feijão, batata, cevada e linho. A cultura do fumo, iniciada com sementes cubanas e ainda incipiente, já então prenunciava o desenvolvimento atual. Exportavam através, de Rio Pardo, feijão e fumo em rama.

Ascensão


Santa Cruz tornou-se uma das colônias mais prósperas do Sul do País. Em face desse desenvolvimento, tratou o governo provincial de escolher o local para a futura povoação. Com este feito promulgou-se lei de 25 de novembro de 1852, desapropriando parte de uma área no município de Rio Pardo, e que seria anexado à Colônia de Santa Cruz, onde, a partir de 1854, foi feita a medição e demarcação do futuro povoado.


A planta da povoação destinava áreas para terrenos urbanos, chácaras, logradouros públicos e dois cemitérios. Os primeiros quarteirões eram inicialmente em número de nove, sendo rapidamente seu número ampliado nas direções oeste, norte e sul. Em 1855, junto com a implantação da povoação, o governo da Província mandou chamar concorrência para edificar uma capela católica. A construção, que só ficaria concluída em 1863, seria feita no lugar mais elevado do povoado, onde hoje está a Catedral São João Batista.


A lei provincial nº 432, de 8 de janeiro do mesmo ano, elevava a povoação de São João de Santa Cruz à condição de Freguesia, instalada pelo padre vigário Manoel José da Conceição Braga. Em 31 de março de 1877 foi baixada a lei nº 1.079, elevando “à categoria de vila a povoação da freguesia de São João de Santa Cruz”, e definindo os limites do novo município.

Emancipação


Em 28 de setembro de 1878, Santa Cruz, que já contava com 10 mil habitantes, emancipa-se politicamente de Rio Pardo, com a instalação de sua Câmara Municipal. Durante os onze anos que se passaram até o final do Império, o município foi administrado pela Câmara.


Em 1886, devido às péssimas condições de conservação da casa em que funcionava, a Câmara decidiu construir um novo prédio, fazendo uma consulta popular para decidir o local. As opções eram os quatro lotes da quadra “D”, em frente à praça São Pedro (atual praça Getúlio Vargas) ou à praça do Carvalho (atual praça da Bandeira), sendo escolhida esta última, por 77 votos contra 37. O prédio foi construído no centro da praça e inaugurado em março de 1889, embora a conclusão efetiva da obra tenha ocorrido em 1906.


Após a emancipação, alguns imigrantes ascenderam economicamente, formando uma média burguesia local com a construção de pequenos estabelecimentos comerciais e Industriais Em 1904, fundaram o primeiro estabelecimento financeiro local, a Caixa de Crédito Santa-Cruzense. O banco expandiu-se, formando depois o Banco Agrícola Mercantil, que se fundiu com o Banco Moreira Salles para formar o Unibanco.


Em 1905, foi inaugurada a via férrea Santa Cruz – Rio Pardo (estação do Couto), dando impulso à integração da cidade com Porto Alegre. Em 2023, Santa Cruz do Sul celebra os 174 anos da colonização alemã, com uma história de sucesso econômico e cultural, preservando as raízes dos primeiros moradores como exemplo de dedicação e força. Fontes: (IBGE; Prefeitura de Santa Cruz do Sul)