Início Geral Vendas do comércio têm incremento de 3,4% de julho para agosto

Vendas do comércio têm incremento de 3,4% de julho para agosto

Indicador atingiu o maior patamar em 20 anos. No varejo de Santa Cruz, alta foi de cerca de 10%

Luciana Mandler
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Em Santa Cruz, aumento foi de 10% entre julho e agosto. Foto: Rolf Steinhaus

O volume de vendas do comércio varejista atingiu o maior patamar da história da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), iniciada em 2000, quando na passagem de julho para agosto deste ano teve alta de 3,4%. O indicador ficou 2,6% acima do recorde anterior, registrado em outubro de 2014.

De acordo com informações da Agência Brasil, essa foi a quarta alta consecutiva do indicador, depois dos recuos de 2,4% em março e de 16,7% em abril, devido ao início das medidas de isolamento adotadas por causa da pandemia de Covid-19.

O estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou também que o varejo registrou altas de 5,6% na média móvel trimestral, de 6,1% na comparação com agosto de 2019 e de 0,5% em 12 meses. Porém, no acúmulo do ano teve queda de 0,9%.

A pesquisa ainda aponta que na passagem de julho para agosto, cinco das oito atividades do comércio tiveram aumento, que foram: tecidos, vestuário e calçados (30,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (10,4%), móveis e eletrodomésticos (4,6%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,5%) e combustíveis e lubrificantes (1,3%).

SANTA CRUZ

Em Santa Cruz do Sul, essa realidade pôde ser confirmada também. Apesar de não ter um dado específico dos meses mencionados anteriormente, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Município, Marcio Farias Martins, afirma que houve crescimento no comércio em decorrência ao Dia dos Pais.

Para Martins, a tendência é que o pessimismo comece a passar. Ainda segundo ele, o que contribuiu para esse aumento no volume de vendas é a flexibilização das restrições. “É o principal fato, não tenho dúvida”, enfatiza. “Para o Dia das Crianças, por exemplo, 100% das lojas voltadas para o segmento infantil projetaram crescimento entre 5 e 10%, ou seja, estavam otimistas. Então acho que estamos voltando a realidade”, avalia.

NAS LOJAS

Apesar de ainda ser um momento de tentar recuperar os prejuízos do tempo em que o comércio precisou ficar fechado, a proprietária da loja no setor de vestuário Minhagriffe, Sirley Morsch, afirma que houve uma melhora nas vendas entre julho e agosto, em virtude do Dia dos Pais. Segundo ela, o incremento foi de cerca de 10%. A empresária comenta que de alguns meses para cá, com a flexibilização, o setor vem sentido melhora. “Outubro já sentimos que foi diferente. A expectativa é que melhore ainda mais até o fim do ano”, projeta otimista.  

A gerente da Vencal Calçados, Claudia Lagasse, também diz que as vendas têm melhorado, porém, ainda não chega perto das metas estabelecidas antes da pandemia começar. “Este é um ano diferente. Notamos que em agosto deu melhora nas vendas”, reforça. “Estamos num ponto que conseguimos o que almejamos, no entanto, numa proporção menor para conseguirmos manter as metas”, completa.

Claudia observa que desde que as lojas puderam abrir novamente, as datas comemorativas é que acabam contribuindo para o incremento nas vendas, como ocorreu no Dia das Mães, Dia dos Pais. “São datas que os clientes vão em busca de algum presente, o que movimenta o comércio”, ressalta.

Para a funcionária da loja Yozes, Noemi Sulzbacher, foi o melhor mês, entretanto, devido à liquidação em virtude das peças de troca de estação. “Tivemos um acréscimo de cerca de 10%”, conta. Segundo Noemi, aos poucos o comércio está se recuperando, mas ainda nota-se que os consumidores estão com medo. “Não tem dinheiro”, lamenta.

PERDAS

Assim como houve incremento de vendas, houve perdas nos segmentos de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos (-1,2%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,2%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-24,7%).

Melhora se deve à gradual liberação das atividades

Para o professor e economista Silvio Cezar Arend, a análise é de que a melhora dos indicadores se deve à gradual liberação das atividades, ampliação dos horários de atendimento, etc. “Além isso, é preciso ver a série histórica do setor. A elevação ocorreu após meses de queda das vendas. O setor do comércio teve indicadores negativos nos meses anteriores, de forma que esta elevação de julho para agosto apenas recupera parte da perda de desempenho dos meses anteriores”, reflete. Para o profissional, uma das causas para o incremento, possivelmente seja o Dia dos Pais, que sempre movimenta as vendas, assim como o Dia das Mães, dos Namorados.