Analisando casos de extrema urgência de mudança na sociedade, cheguei a uma infeliz conclusão: a sensibilidade e carência são os nossos piores inimigos! Comecemos pelos adolescentes que se perdem nas drogas, na criminalidade, na marginalidade: Onde estavam os pais? Apoio da família ou responsáveis quando mais precisavam de respostas e de diálogo (no trabalho, no ócio, na ausência premeditada por necessidades básicas?). Na hora do prazer e do lazer as pessoas não pensam nas consequências do que terão de administrar adiante: a vinda de um filho, que requer cuidados, atenção, dedicação, determinação e educação básicas. Um sorriso de satisfação é o que predomina…
Quando isso falha no decorrer da caminhada, quando estão crescendo e necessitando dos progenitores, aparecem os males causados por um descuido, falta de precaução e programação antecipadas, ficam à mercê da sorte estes filhos nem sempre desejados ou esperados. Aos adultos, principalmente os que se veem em situações de estresse, de doação excessiva, de tripla jornada de trabalho, de preocupação extra com coisas que não lhe cabem ou não pertencem à sua alçada (professores, médicos, psicólogos, policiais, profissionais da área de assistência social, colaboradores de ONGS e por aí vai…) que acabam abraçando mais que alcançam, que deitam a cabeça no travesseiro à noite pensando em soluções e a cada amanhecer continuam de cabeça erguida tentando levar adiante suas esperanças e ideologias, acreditando poder mudar o mundo (pelo menos ao seu derredor) e se deparam com notícias alarmantes nos jornais, nas emissoras de rádio comprovando que seus esforços foram em vão: mais uma quadrilha, mais um assassinato, mais uma arma empunhada, mais drogas encontradas…
E a derradeira verdade: eu conhecia, eu tentei acolher, ajudar, precaver! Não é à toa que metade desses profissionais (e os meninos também) acabam recorrendo à medicação para dormir, antidepressivos, álcool, e quiçá drogas para absorver tanta dor e tanta sensibilidade por conta do que não conseguem absorver ou aceitar. Segundo uma pesquisa ainda não declarada na mídia (por conta de alguma causa desconhecida ou mãos poderosas), os professores são os profissionais que mais adoecem. Mas antes de lidar com a dor vem antes um sorriso, sempre aberto, esperançoso. Em primeiro lugar aparece a depressão e logo a seguir o câncer: os maiores assassinos de uma vida cheia de vida! Repleta de vontades, de sonhos, de ideais, de vontade de mudar e fazer a diferença, de sonhar o sonho impossível, de tentar reconstruir, de juntar os cacos de um vaso de vidro quebrado para fazê-lo útil e bonito novamente… Essa é nossa realidade.
Somente quem vive a verdade sabe o que ela significa. Somente quem tem a sensibilidade aguçada e o ideal mentalizado (além do juramento profissional) sabe disso… Provavelmente estes estarão pensando nesse momento: devo dormir para esquecer? Ou devo “virar” pedra e apenas receber o pedregulho como uma pancada a mais? Devo tentar com todas as forças ainda, apesar dos pesares? Ou largo de mão e vou fazer outra coisa da vida “como entrar pra política e esquecer o que não posso mudar”?
Se a sociedade como um todo não se preocupar com urgência, acabaremos por perder as principais partes: o começo e o fim do futuro. O começo são nossos jovens perdidos, e o fim somos nós: os ainda persistentes professores e os profissionais que tentam acima de tudo manter a ordem e respeito ao conhecimento, às pessoas, à natureza, à vida!
Deixemos ao Ministério da Saúde o desejo de precaver em cartilhas nosso apelo: se não temos a quem recorrer, iremos morrer todos do mesmo mal: sensibilidade e carência!
*Professora das redes municipal e estadual de ensino – Email: [email protected]














