Início Editorial A bipolaridade antidemocrática

A bipolaridade antidemocrática

Vivemos em uma sociedade marcada pela bipolaridade entre esquerda e direita. Até a Guerra Fria, encerrada por volta de 1990, esta dualidade se caracterizava pela rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética. A nação soviética era formada pela Rússia e por outras repúblicas do leste europeu e da Ásia, formando uma superpotência socialista, definida pela ideologia de esquerda e por um extremismo ditatorial.

A outra superpotência da Guerra Fria, os Estados Unidos, definia-se pelo capitalismo e livre mercado, em maior parte caracterizada por uma ideologia de direita. Depois de 1990, os Estados Unidos mantiveram sua marca capitalista, o que prevalece até a atualidade. Com o fim da Guerra Fria, a União Soviética desmembrou-se, e a Rússia adotou o sistema capitalista.

No tempo da Guerra Fria, os Estados Unidos eram associados à democracia. Por sua vez, a União Soviética era colocada no espectro da ditadura. Em termos gerais, podemos dizer que essas afirmações são verdadeiras até um determinado ponto. Havia, e há, características antidemocráticas nos Estados Unidos? Podemos dizer que sim. É só perceber a questão dos direitos civis, que há muito tempo são motivo de discussão nos Estados Unidos. A nação estadunidense avançou ao longo do tempo em relação aos direitos civis, é verdade, mas existem atrasos nesse sentido. Em 2020, a morte de George Floyd, que gerou uma onda de protestos, demonstrou que os Estados Unidos não vivem em plena democracia. A ideia de igualdade, no país norte-americano, ainda não passa de tentativa.

Em contraponto, um dos méritos da esquerda é a busca por um sentido de igualdade entre as pessoas, de que todos deveríamos ter os mesmos direitos. A União Soviética representava essa ideia, mas de uma forma ditatorial, infelizmente. A dualidade esquerda-direita está longe de ser encerrada. O ideal, se é que podemos chegar a um “ideal”, é aplicar o que de melhor ambos os lados têm a oferecer.