
Fabrício Goulart
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Celebrado amanhã, dia 27, o Dia do Psicólogo chama atenção para os avanços e desafios da profissão, cada vez mais presente no cotidiano das pessoas. Se por um lado cresce a procura por atendimentos psicológicos – foram quase 13,9 milhões pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos primeiros seis meses de 2024, no país –, por outro ainda persistem preconceitos que afastam a população do cuidado com a saúde mental.
Para a psicóloga e professora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Makely Ferreira Rodrigues, a busca por ajuda profissional ainda é associada a fraqueza, vulnerabilidade e até à loucMakely: muitas vezes, as primeiras mudanças são discretasura. “O que leva muitas pessoas a adiarem ou evitarem esse cuidado mesmo diante de necessidades evidentes e de sofrimento intenso”, pontua.
A docente avalia que parte do trabalho da psicologia também é educativo, para mostrar que cuidar da mente deve ter o mesmo peso que cuidar do corpo. Para ela, o espaço da terapia possibilita a reflexão sobre questões difíceis, experimentação de novas formas de lidar com os desafios e construção de mudanças de maneira gradual: “É esse clima de confiança que faz com que a terapia se torne um processo transformador, capaz de fortalecer a pessoa no seu percurso de autoconhecimento e bem-estar”.
Abordagens
Quem busca ajuda costuma ouvir, ao longo do percurso, alguns nomes curiosos, como psicanálise, terapia cognitivo-comportamental, gestalt e sistêmica. Elas são abordagens trabalhadas e estudadas pelos profissionais.
Todas seguem princípios éticos e científicos, mas Makely ressalta que a escolha da abordagem não deve ser o único critério ao escolher um psicólogo. Para ela, o que realmente sustenta o processo terapêutico é o vínculo entre paciente e psicólogo. “Sentir-se acolhido, respeitado e seguro na relação terapêutica é essencial para que a pessoa confie, se abra e se engaje no tratamento”, diz.
Primeiro passo
Para quem deseja buscar ajuda, a orientação da professora é a de procurar um profissional de confiança, devidamente registrado no Conselho Regional de Psicologia. Segundo Makely, é importante ter em mente quais são as dificuldades, necessidades ou expectativas. “Mas sem se preocupar em ter todas as respostas logo de início”, reflete.
De acordo com ela, a terapia é um lugar seguro onde sentimentos, pensamentos e experiências podem ser compartilhados com respeito, sigilo e acolhimento: “Além disso, estar aberto para conversar, refletir e ouvir o que o psicólogo traz é fundamental, pois esse processo pode ajudar a enxergar novas possibilidades e construir mudanças importantes na vida”.
A psicóloga explica que a terapia não é um processo imediato, mas um caminho contínuo de autoconhecimento e transformação que exige “tempo, consistência e disponibilidade emocional”. “Muitas vezes, as primeiras mudanças são discretas – como uma nova forma de olhar para uma situação ou uma pequena melhora na maneira de lidar com as emoções”, conta.














