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A festa dos Colonos e dos Motoristas

Dom Sinésio Bohn*
 
Na oração do “Pai Nosso”, ensinada por Jesus aos Apóstolos, o Mestre colocou o pedido: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”.
Os colonos colaboram com Deus na obra da criação: “E Deus disse: Vede, eu vos entrego todas as ervas que dão sementes sobre a face da terra; e todas as árvores frutíferas que dão sementes vos servirão de alimento”.
Atualmente a família humana enfrenta vários desafios para alimentar a todos. Por exemplo, a falta de solidariedade. Não basta produzir montanhas de alimentos. Eles devem chegar à mesa de todas as pessoas. Vejo sempre de novo pessoas de bem, mas sem nenhum senso de responsabilidade pelo drama da fome no mundo. Um cristão adulto assume comportamentos pessoais de solidariedade efetiva em relação aos seus irmãos famintos. O mesmo vale das comunidades.
A parábola do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31) e o anúncio do Juízo Final (Mt 25, 31-46) fala com clareza sobre o compromisso de solidariedade para com os irmãos famintos.
Outro desafio é a produção de alimentos sadios, sem veneno. Certo dia fui de carona com o falecido Cardeal Scherer, Arcebispo de Porto Alegre. Ao longo da estrada ele viu um alimento que o interessava. Fui comprar o alimento. Quando a vendedora reconheceu o Cardeal, ela disse, espere um pouco. Em casa temos este alimento sem agrotóxico. E trouxe este alimento sem agrotóxico. E ainda deu um bom desconto.
Dom Vicente fez o comentário: “Os filhos dos outros recebem comida com veneno, para os filhos próprios comida limpa”.
Aliás, segundo pesquisas confiáveis, o Rio Grande do Sul é campeão de uso de agrotóxico. Estamos formando um povo doente, as águas envenenadas, o ar poluído, os alimento envenenados, as pessoas intoxicadas. Está na hoje de reagir!
Quanto aos motoristas, transportam os alimentos para todos os recantos do Brasil e até mesmo para o estrangeiro. Integram comunidades e povos num elo de cooperação de conhecimento mútuo. Os motoristas são construtores da paz, entre os povos. Do ponto de vista da espiritualidade, ninguém melhor do que os motoristas entendem que somos um povo a caminho. Somos todos peregrinos rumo ao novo céu e à nova terra.
Mas aos motoristas também vai um alerta: o gosto imoderado pela velocidade, quando coloca a vida alheia e a própria em perigo, é crime e perante Deus é pecado grave. É o que ensina o austero Catecismo da Igreja Católica (2289).
Sempre de novo constato que a classe dos motoristas e dos colonos é muito solidária. Isto agrada a Deus.
Bênçãos divinas sobre colonos e motoristas!

*Bispo Emérito de Santa Cruz do Sul