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A paixão pelo jornalismo como trajetória de trabalho

Maiara Medina, apresentadora da RBS TV dos Vales, fala sobre a arte de comunicar

Fotos: Divulgação/RJ
Maiara: “Jornalismo é minha essência de vida”

Ana Souza
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A comunicação não tem fronteiras, sem ela não saberíamos o que ocorre ao redor do mundo e, nem ao menos, conheceríamos pessoas de diferentes culturas e com inúmeras histórias para contar. Diariamente, pela tela da TV, nos inteiramos do que ocorre mundialmente. Em nossa cidade, através da RBS TV dos Vales, a comunicadora Maiara Medina traz diariamente, durante o Jornal do Almoço, as notícias da região.


Como diz a frase ‘genuinamente santa-cruzense’, assim foi o aprendizado de Maiara na área da comunicação, genuinamente formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) no ano de 2012. “E com muito orgulho”, enfatiza. Entrou na faculdade cursando duas disciplinas, em Língua Portuguesa e Sociologia. O tempo de formação foi prolongado mas, com o passar o sonho se realizou. Ao ser perguntada se tinha uma segunda opção de curso, ela disse que não existia, pois sempre foi focada na questão do jornalismo. O despertar foi através de leitura de um jornal, Comunidade Regional do então proprietário Olavo da Fonseca. “Estudava na Escola Professor Luiz Dourado no Ensino Médio e meu professor de Português, Gilberto de Freitas, incentivava muito a leitura e eu ficava encantada com a forma com que ele colocava as palavras. Assim fiquei muito perto da Língua Portuguesa. Gostava muito de ler e, de escrever, lia o jornal do Olavo, acabei indo trabalhar com ele na época em que iniciei a faculdade.”

Diariamente a jornalista está nas telinhas, transmitindo o
Jornal do Almoço de Santa Cruz para toda a região


Maiara lembra que, na época, queria logo trabalhar. Foi quando, em um mercado perto de sua residência, pegou um exemplar do jornal para ler e no final tinha um e-mail para dicas de matérias. “Mandei e-mail e, com duas semanas de curso de Jornalismo na faculdade, já queria trabalhar na área. Não imaginava como era uma redação de jornal e outro curso não me despertava interesse. E por incrível, o que não parece hoje em dia, eu era extremamente tímida. Foi uma experiência que todos que admiram a comunicação deveriam passar. Eu acompanhava as reuniões da Câmara de Vereadores. Ia de ônibus para as pautas e o único material era um bloquinho, uma caneta e, orgulhosa, ostentava um crachá dizendo que era da comunicação. Era o jornalismo raiz, conheci muitas pessoas assim. Não tinha computador em casa e alguns textos fazia na universidade. Não era ficar sentado, esperando tudo acontecer!”.

MAIS APRENDIZADO

Com o tempo, ela percebeu que precisava ir além e ter alguém que lhe passasse ainda mais conhecimento. “Naquele momento entendi que realmente queria fazer comunicação. Fiquei mais focada na faculdade, comecei a entender que tinha que conhecer todos os lados. Já tinha o jornal impresso, mas que tinha que aprender mais a construção. No segundo semestre do curso conheci o professor Leonel Aires, que coordenava a Unisc TV na época. Incomodei bastante ele (risos) para me dar uma chance para esta área. Também era bolsista de um projeto de rádio da professora Veridiana Melo. Conseguia ganhar um valor com este trabalho e, de duas cadeiras, passei a cursar quatro. Já estava adquirindo a experiência do impresso e do rádio. Ainda faltava mais e em um determinado período, entre janeiro e fevereiro, quando todos estão na praia, comecei a acompanhar o trabalho da Unisc TV. Estava sempre atenta em tudo e ia absorvendo o processo e acompanhava as discussões de pauta. No período de férias de alguns integrantes da equipe eu continuei lá e então surgiu uma entrevista com um dos pró-reitores. Leonel me olhou e disse: “- Vamos fazer? Chegou a tua hora!”. E lá fui eu, com microfone e cinegrafista. Voltei e coloquei a matéria no ar, ele avaliou e disse que tinha algo para mudar mas que estava muito bom. Este olhar que precisava.”


A experiência foi aumentando e Maiara passou a produzir mais material para a Unisc TV. “Passei a apresentar o telejornal. Fazia o efeito contrário, aprendia na prática e depois na teoria. Meus melhores professores foram os colegas cinegrafistas. Estava na metade do curso e acabando o estágio na Unisc TV, quando surgiu uma vaga na TV Pampa na sucursal de Lajeado. Ganhava R$ 525,00 naquela época e era a única repórter. Me mudei para lá, vinha de ônibus com saída em frente ao Hospital Bruno Born até a Unisc para estudar e voltava para Lajeado. Eram três dias lá e dois em Santa Cruz. Aprendi muito, nossa base era Santa Maria e também produzia para Porto Alegre. Cobria o Gauchão, as sessões da Câmara de Vereadores, pautas de saúde, agricultura, enfim, todas as áreas. Fiquei 4 meses em Lajeado, fechou lá e viemos para Santa Cruz. Lembro da queda da ponte de Agudo, fiz toda a cobertura porque o pessoal de Santa Maria não poderia vir. Eu e o cinegrafista fomos os primeiros a encontrar todos os sobreviventes para entrevista. Ninguém sabia onde eles estavam, achamos o grupo, de 9 pessoas, quando recebiam homenagem na prefeitura de Agudo.”


Conforme a jornalista, o essencial da profissão é a iniciativa. “A pró-atividade é muito importante. Tempos depois saí da TV Pampa e fui trabalhar na assessoria de comunicação da Prefeitura de Santa Cruz. Passei lá por cerca de um ano. Foi um grande momento porque me ajudou na questão de agilizar a formatura. Um momento essencial!”

RBS TV DOS VALES

O trabalho na RBS TV dos Vales parecia um sonho distante para Maiara, hoje a âncora do Jornal do Almoço no município. “Achava demais para mim. Assistia a Regiana Ferreira. Quando saí da Prefeitura, o Celso Duarte, que tinha trabalhado na RBS TV, me chamou para uma vaga em Uruguaiana. Seria para 5 meses. Lá fui eu e foi uma experiência muito boa. Assim comecei na RBS TV dos Vales. Voltei posteriormente para Santa Cruz e buscava algo para me colocar. A coordenadora da Ric TV, então afiliada da Record de Joinville, viu um vídeo meu e precisava de alguém para cobrir o esporte. Fui para Joinville, Santa Catarina. Não sabia nada da cidade, sendo a maior do Estado. Fiz um tour, inclusive meu filho Theo nasceu em Joinville. Hoje me divido entre os cuidados com ele e o trabalho na RBS TV dos Vales, inclusive ele me imita como se estivesse na TV. Assim entendi o que era realmente o jornalismo. Cobrir matérias nos bairros, dentro da lama quando das enchentes em Joinville. Ali o povo me abraçou. Desenvolvi lá um grande amor e descobri o que era ser repórter e minha função. O peso do trabalho que fazemos em uma emissora de grande público.”

RECONHECIMENTO

Se colocar no lugar do outro e falar a linguagem deles é a coisa mais fantástica da comunicação, enfatiza a jornalista. “A pauta comunitária nos dá um grande retorno. Estou na RBS TV dos Vales aqui em Santa Cruz desde novembro de 2018. A abrangência é de 64 cidades, de Cachoeira do Sul a Encruzilhada. Todas as matérias que fazemos são especiais. Lembro de uma que fiz através de uma ligação de uma profe da Escola Goiás, da aluna Manu. Menina autista e deficiente visual. A professora entrou em contato comigo e disse que ela faria 15 anos e um dos presentes de aniversário que ela mais queria era estar perto de mim. Ela assistia TV e me reconhecia por conta da minha voz. Ela não tem visão, me desenhou na cabeça dela. Passeamos e tiramos fotos para registrar este momento. Foi um grande impacto, porque nós, jornalistas, fazemos muita diferença na vida das pessoas. Recebemos um grande carinho nas entrevistas e isso nos faz seguir em frente, sempre! Em 2020 assumi o maior desafio da minha vida, coordenar a equipe. São 8 profissionais. Um novo passo na minha trajetória e isso é ainda mais gratificante. Cinegrafistas e repórteres são motivados diariamente. Também temos que dedicar tempo para nós mesmos. Este pensamento se traduz em qualidade nas entrevistas!”