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A rotina de quem atua na linha de frente da Covid-19 no Hospital Santa Cruz

Médica que trabalha no HSC relata que convivência com a família diminuiu e trabalho aumentou diante das novas confirmações da doença

Ricardo Gais
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Sem aviso prévio, os médicos tiveram que mudar totalmente suas rotinas profissionais e em seus lares. O trabalho para salvar vidas aumentou e a convivência familiar diminuiu. A pandemia de Covid-19 afetou a vida de toda a população, mas os profissionais que atuam na linha de frente do novo coronavírus, em meio à incerteza e ao medo, seguiram em frente para salvar a vida dos cidadãos infectados por um vírus que pode levar à morte.

Uma das equipes que atuam na linha de frente da Covid-19 no HSC. Fotos: Divulgação Hospital Santa Cruz



Assim como no mundo todo, em Santa Cruz do Sul não seria diferente. Os pacientes infectados com coronavírus começaram a ser internados e a demanda por leitos, insumos e muito trabalho humano passou a fazer parte da rotina destes médicos que trabalham diretamente nas unidades Covid. O uniforme teve que ser adaptado e apenas os olhos ficam amostra, já o restante do corpo fica encoberto com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

Para saber como é a rotina dentro da Unidade Covid do Hospital Santa Cruz (HSC), a médica formada pela Unisc, Gabriela Caeran, também médica Infectologista formada pelo Hospital Universitário de Santa Maria, (HUSM), mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), relatou detalhes do seu dia a dia.

Médica atende pacientes com Covid-19
desde o início da pandemia



Questionada sobre seu primeiro contato com um paciente infectado pela Covid-19, Gabriela detalhou que ocorreu no mês de abril, no Centro de Terapia Intensiva (CTI) e que o sentimento de receio e medo estava presente por se tratar de uma nova doença. Na época haviam poucos estudos e não se sabia como seria o comportamento da doença no Hemisfério Sul.

Atuando na linha de frente do novo coronavírus desde o início do plano de contingência em Santa Cruz – 20 de março, dúvidas surgiram para a profissional. “Quando recebi este convite, a dúvida era de quanto tempo essa pandemia iria durar, sobre quanto tempo teríamos nossa rotina alterada entre hospital, família e trabalho”, conta Grabriela, que acrescenta: “Minha vida mudou bastante. Moro com minha família aqui em Santa Cruz e já no início da pandemia sabia que iria trabalhar com os pacientes com Covid-19. Desde lá, a nossa rotina foi alterada, desde a organização das coisas pessoais, até o momento de retorno do trabalho – principalmente – até a higienização das mãos e das superfícies mais rigorosas. Também evitamos viagens desnecessárias”, salientou.

Esta rotina agitada já está completando nove meses no Município, e assim como seus colegas, Gabriela relata estar mais cansada com as atividades e a carga de trabalho que aumentou. “Passo mais noites em plantões no hospital, com isso acabo trabalhando mais e vendo menos minha família, passando menos tempo juntos. Durante este ano, percebi a preocupação da minha família quanto a minha exposição no trabalho, mas sempre conto com o apoio deles. Além disso, sempre tive apoio da equipe maravilhosa que trabalho e isso faz com que nosso esgotamento físico e mental seja o menor possível”, relata.

Gabriela pontua que neste último mês, o aumento de casos de pessoas internadas em leitos clínicos também impactou em sua rotina, assim como na de seus colegas do hospital, além do aumento da procura por consultas médicas, o que demanda mais trabalho.

Gabriela Caeran – Cremers 39456 / RQE 36471

CUIDE-SE

Como mensagem, a médica pede para a comunidade continuar se cuidando e continuar fazendo o uso da máscara que é fundamental para evitar a transmissão da Covid-19 e para salvar vidas. Evitar espaços fechados, lotados, que envolvam contato próximo de outras pessoas, lavar as mãos com frequência e desinfectar regularmente o ambiente em que está. “Essas medidas são especialmente importantes agora que entramos no período de festas de fim de ano. Este não é o momento de realizar nenhum grande encontro. Mesmo as reuniões menores, dentro de casa, podem ser igualmente arriscadas, pois reúnem grupos de pessoas, desde jovens até idosos, de diferentes famílias, que podem não estar aderindo às mesmas medidas de prevenção”, finaliza.