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Alemanha e a linha de cinco

A questão tática no futebol não é uma matemática exata, ou pelo menos, podemos dizer que a exatidão fica um tanto comprometida ou obscurecida. Sábado passado, no jogo Alemanha x Itália, quem viu as escalações deparou-se com o seguinte time da Alemanha: 

Neuer (goleiro); Höwedes (lateral-direito), Boateng (zagueiro pela direita), Hummels (zagueiro pela esquerda) e Hector (lateral-esquerdo); Khedira (volante), Kroos (volante), Kimmich (meia) e Özil (meia); Thomas Müller (atacante) e Mario Gómez (atacante).

Aparentemente, tínhamos aí um 4-4-2 bem tradicional. Linha de quatro defensores, meio-campo com quatro jogadores e dois atacantes. No desenvolvimento do jogo, viu-se algo um tanto diferente. Höwedes, lateral-direito, marcou “por dentro” fazendo o terceiro zagueiro pela direita, com Boateng centralizado (líbero) e Hummels pela esquerda. O meia Kimmich jogou aberto na ala-direita e Hector, naturalmente, na ala-esquerda. Quando o time alemão se defendia, não havia uma linha de quatro defensores, e sim, de cinco defensores: Kimmich (lateral-direito), Höwedes (zagueiro central pela direita), Boateng (centralizado, líbero), Hummels (zagueiro central pela esquerda) e Hector (lateral-esquerdo).

Quando a Alemanha atacava, Höwedes, Boateng e Hummels formavam a linha de três zagueiros. Kimmich e Hector tornavam-se os alas, juntando-se aos três meio-campistas centralizados (Khedira, Kroos e Özil), perfazendo um quinteto no meio-campo, com Müller e “Super Mario” centralizados no ataque. Portanto, o time alemão revezava entre os esquemas 5-3-2 e 3-5-2, bem diferente do 4-4-2 prévio.

Khedira saiu logo aos 15 minutos do primeiro tempo, lesionado, substituído por Schweinsteiger. No segundo tempo, foi possível ver claramente o posicionamento dos três meio-campistas centralizados. Kroos, volante centromédio; Schweinsteiger, um pouco mais avançado, pela esquerda; e Özil, ainda mais à frente, pela direita (sempre é bom ressaltar que a movimentação varia durante o jogo; o próprio Özil apareceu pela esquerda).

A formação de três ou cinco defensores está longe de ser novidade na Alemanha. Em 1990, comandado pelo técnico Franz Beckenbauer, a Alemanha foi campeã mundial jogando dessa forma, numa época em que o 3-5-2 se difundia mundialmente.

Mas por que a Alemanha fez o que fez no último sábado? Talvez porque seu adversário, a Itália, já vinha com um 3-5-2 bem demarcado. Como enfrentar dois atacantes italianos centralizados? Com três zagueiros! E, se os dois laterais/alas italianos avançam, o jeito é fazer uma linha de cinco zagueiros (quatro para marcar os dois alas e e os dois atacantes, e o líbero Boateng na sobra). Fim! (Ufa!)