Mais do que uma expressão, Brasil Paralelo é o nome de um site bolsonarista que espalha notícias falsas, com o único objeto de disseminar inverdades, assim como o próprio Bolsonaro e a extrema-direita brasileira. Brasil Paralelo é uma ótima descrição e faz jus ao que o País se tornou.
Não é chover no molhado que o bolsonarismo mente, inverte conceitos, ideias, dados e fatos, com o intuito de deturpar a verdade. Mas a criatividade e o seu alcance foram testados recentemente na viagem diplomática do ocupante da cadeira no Palácio do Planalto ao presidente russo, Vladimir Putin. A viagem não poderia ter acontecido em momento pior: em meio a uma crise política entre Rússia e Ucrânia.
De lá, surgiram diversos conteúdos (falsos, é claro), de que Bolsonaro havia sido o responsável por evitar a guerra. O capitão, que incentivou a morte, o culto às armas e a violência política, teria levado uma mensagem de paz. O bolsonarismo tem uma dinâmica própria de falsear a história, acusando os outros do que são e inverter papéis. Entretanto, ao ver o que foi produzido pelas redes da extrema-direita, é surpreendente imaginar que se invente tamanha mentira.
Bolsonaro se diz contra o sistema político e é um político tradicional há 30 anos. Inclusive, foi o responsável por inserir todos os seus filhos e a ex-mulher em cargos públicos. Diz que é a favor da vida quando o assunto é o aborto, mas negou vacinas que evitariam a morte de 600 mil pessoas. É contra a mamata, mas gasta R$ 900 mil durante alguns dias de férias. É o “presidente” que iria acabar com o toma-lá-dá-cá, mas se entregou para o Centrão. Uma contradição enorme ser aquilo que se diz combater, mas o discurso deu certo e é nosso papel denunciar isso.
O bolsonarismo é um misto quente entre o desastre, o ódio e a violência. É a combinação da usurpação da coisa pública com discurso moralista e trejeitos corruptos. Não há como acreditar que pessoas em sã consciência reproduzam o que ele diz e aprovam como ele age.
É claro que, por exemplo, a notícia falsa de que havia promovido a paz logo encontrou a verdade. Putin atacou a Ucrânia, Bolsonaro não trouxe a paz e muito menos foi ouvido pelo russo, tamanha a sua insignificância política. Ou seja, não há mentira que dure para sempre, embora o método de disseminação em massa faça com que a verdade pareça algo difícil de se identificar.
Mais do que isso, a insinuação de brincar com algo tão sério como uma guerra mostra que não há limites e escrúpulos para quem o apoia e o defende. Guerras alheias não deveriam servir como um capital político que Bolsonaro tentou acumular. Guerras são espaços onde inocentes morrem, enquanto alguns poucos lucram com isso. Eu sei que não é surpreendente, mas a falta de humanidade bolsonarista choca qualquer pessoa que ainda se compadeça com a dor do próximo.
Enquanto isso, Rússia e Ucrânia seguem em guerra. O mundo todo já sente a repercussão e o peso de estar vivenciando um momento histórico trágico, onde nações batalham e pessoas perdem as suas vidas. Talvez isso mude em breve, talvez exista espaço para a paz e a negociação. Até mesmo é possível acreditar nisso, porém não acredito em Bolsonaro e suas mentiras.
