Estados Unidos, França e Inglaterra são grandes potências históricas do mundo ocidental. Desses países recebemos uma influência muito significativa, o que muitas pessoas, de forma crítica, apontam como “imperialismo”. Em 1952, os norte-americanos lançaram o filme “Cantando na chuva”, estrelado por Gene Kelly, um mestre do canto e da dança. Esse filme também é muito lembrado no Brasil, levando-nos de volta à questão “imperialista”.
Uma versão nacional, uma versão “contraimperialista”, dessa obra cinematográfica é a música “Cantando no toró”, realizada por Chico Buarque. Em determinado trecho, encontra-se uma referência a uma das maiores expressões latino-americanas: o futebol. “Tocando a bola no segundo tempo. Atrás de tempo, sempre tempo vem. Sambando na lama, amigo, e tudo bem”. É uma música bem-humorada, satírica e “abrasileirada”.
Mas o mesmíssimo futebol é uma influência “imperialista”, criado na Inglaterra, muito popular na França e em tantos outros países. Isso não impede que o futebol latino-americano seja admirado pelos europeus e por norte-americanos (afinal, Pelé foi ídolo nos Estados Unidos). Em 1994, o escritor britânico David Pickering lançou o livro “The Cassell Soccer Companion”, uma grande enciclopédia do futebol, bastante focada na Inglaterra e na Europa. Porém, a publicação aborda de forma significativa o futebol brasileiro.
O livro trata sobre a história de jogadores, clubes, seleções e competições. David Pickering escreve, entre outros assuntos, sobre a Seleção Brasileira e sobre vários jogadores brasileiros, com minibiografias de nomes históricos como Pelé, Garrincha, Nilton Santos e Djalma Santos. Alguns clubes do nosso País são lembrados, como é o caso do Fluminense, time do coração de Chico Buarque.
O escritor britânico descreve o uniforme do Fluminense (lembrando, obviamente, a camisa listrada em vermelho, verde e branco) e recorda que ídolos da categoria de Rivelino e do paraguaio Romerito atuaram pelo clube carioca. O livro informa que o clube “venceu a Liga Brasileira em 28 oportunidades”. Como o livro é de 1994, podemos intuir que a publicação soma os 27 títulos cariocas do Fluminense, mais o título brasileiro de 1984 (quando Romerito ainda jogava pelo clube). Em 1995, o Flu chegaria ao título de número 28 no Campeonato Carioca em final contra o Flamengo, com o gol de barriga do atacante Renato Gaúcho, célebre ídolo do Grêmio.
Hoje o Fluminense é 31 vezes campeão carioca e quatro vezes campeão brasileiro (1984, 2010 e 2012, além de ter sido reconhecido o título de 1970), além de variadas conquistas estaduais, nacionais e internacionais. Os dois maiores títulos do Fluminense são: 1) a Taça Olímpica de 1949 (outorgada pelo Comitê Olímpico Internacional, pela contribuição do clube nos mais variados esportes); 2) a Copa Rio de 1952 (uma espécie de Mundial de Clubes da época, não-oficial). Curiosamente, 1952 é o ano de “Cantando na chuva”, filme estrelado por Gene Kelly, parodiado por Chico Buarque, torcedor do Fluminense.