Início Esportes Cinturão Verde: o fim de um dos maiores campeonatos de Santa Cruz

Cinturão Verde: o fim de um dos maiores campeonatos de Santa Cruz

Jair Eick foi último presidente, lembra ruptura e recorda os últimos anos do campeonato

Por: Tiago Mairo Garcia
[email protected]

Boa Vista foi o último campeão em 2004
Foto: Boa Vista

Reconhecido por muitos como o melhor campeonato do futebol amador de Santa Cruz do Sul, o certame organizado pelo Departamento do Cinturão Verde viveu seus últimos momentos até a sua extinção. O início do fim do Cinturão Verde se deu entre os anos 2000 e 2001 quando alguns dirigentes, descontentes com a utilização indiscriminada de jogadores de outros municípios para reforçar equipes, decidiram deixar o departamento para dar início ao processo de fundação da Liga de Integração do Futebol Amador de Santa Cruz do Sul (Lifasc), que teve seu primeiro campeonato disputado no segundo semestre de 2001.

Com a saída da maioria dos filiados, o Cinturão Verde entre 2001 e 2004 contou com a participação de cinco equipes. Atual presidente do Avenida e da Liga Regional, o empresário Jair Eich foi o último presidente do departamento. Ele lembra que acompanhou o campeonato desde o início como jogador do Vasco da Gama, de Boa Vista, além de também ter atuado como árbitro e auxiliar, onde fez parte do trio de arbitragem da final de 1994 entre Linha Santa Cruz e União. “Na época, a arbitragem era dos times. Trabalhei no primeiro jogo com a equipe de Pinheiral e no segundo jogo eu atuei com meus parceiros do Vasco no jogo final”, conta.

Jair Eich destaca aprendizado com Cinturão Verde
Foto: Jair Eich

Já atuando como dirigente do Aliança, que surgiu da fusão entre Vasco e Juventude de Alto Linha Santa Cruz no início dos anos 90, Eich conta que houve a ruptura dos clubes do Cinturão por falta de um consenso para deliberar sobre as regras do campeonato. “O Cinturão estava constituído com liberdade para as equipes formarem times competitivos e algumas vertentes iniciaram um movimento para formar o campeonato com a maioria de jogadores locais. Cada um defendeu o seu lado e foi realizada uma votação onde os times que queriam a manutenção do formato com liberdade venceu por um voto. Esse resultado acabou levando a ruptura do Cinturão e a criação de uma nova liga por falta de um maior consenso entre as equipes”, frisou.     

Com o Cinturão esvaziado, Jair Eich assumiu a presidência e organizou o campeonato de 2001 que foi disputado por Boa Vista, Aliança, João Alves, Palmeiras (Linha Antão) e Linha Sete, que se enfrentaram no sistema todos contra todos em turno e returno. Nas semifinais, em dois jogos, jogaram Boa Vista x Palmeiras e Aliança x João Alves, com Boa Vista e João Alves se habilitando para disputar a final. No primeiro jogo, o João Alves venceu por 4 a 3. No jogo de volta, o Boa Vista venceu por 1 a 0, gol de Zildo, resultado que levou a decisão para a prorrogação. No tempo extra, empate em 1 a 1, gols de Elson para o Boa Vista e Valdir para o João Alves. Por ter melhor campanha, o Boa Vista conquistou o heptacampeonato. O time do Boa Vista, heptacampeão, foi formado com Joselito, Marquinhos (Paulinho), Darley, Jaime e Marcelinho (Daniel). Vanderley, (Jeason), Kiko, Jonas (Itamar) e Elson. Zildo e Maravilha, time treinado por Paulo Henn. Já o João Alves, treinado por João Hickmann, foi vice-campeão com Geovane, Valmor (Elias), Roxo, Mauricio e Fernando (Paulão); Fabiano, Enio, Jairzinho (Sergio Rangel) e Valdir. Alex e Quininho. A arbitragem do jogo final foi realizada por Paulo Schuster auxiliado por Iloir Conrad e Renato Albers.    

Em 2004 foi o último campeonato do Cinturão Verde. Na final, se enfrentaram Boa Vista e Aliança. Os dois jogos finais foram disputados no Estádio dos Eucaliptos. No primeiro jogo, o Aliança venceu por 1 a 0. Na segunda partida, o Boa Vista venceu por 2 a 1 no tempo normal e 1 a 0 na prorrogação para conquistar o octacampeonato. O time campeão, treinado por Paulo Henn, foi formado com Leandro, Vantuir, Emerson, Guto Trevisan e Lucas. Guto Resch, Rangel, Redondo e Elson (Cássio). Jonatan (Jonas) e Rodrigo (Samuel). A arbitragem foi de Leandro Vuaden auxiliado por Paulo Freitas e Felipe Schlosner.    

Sobre o fim do Cinturão Verde, Eich frisou que devido ao certame ter poucos times participantes, o campeonato não se justificava mais. “Acabamos optando pela não realização porque não era mais o objetivo. Era melhor ter do que não ter, mas o campeonato precisava ser atrativo e isso não estava mais acontecendo”. Eich frisou que o Cinturão Verde foi uma escola para a sua trajetória no futebol. “Foi o primeiro campeonato organizado de Santa Cruz onde eu aprendi a ter um entendimento de que para ganhar não bastava ter apenas um bom time, mas também estrutura e apoio da comunidade e que me permitiu conhecer e conviver com vários jogadores de qualidade. Eu vivi grandes experiências e aprendi tudo que me tornei no futebol através do Cinturão Verde”, finalizou.   

João Alves e Sinimbu, os campeões de 2002 e 2003

Em 2002, o campeonato seguiu no mesmo número de participantes e fórmula de disputa. A decisão foi entre João Alves e Palmeiras, de Linha Antão. No primeiro jogo, no campo do Irmãos Coragem, empate em 1 a 1. No segundo jogo, disputado no campo do Cruzeiro, em Linha João Alves, o João Alves vencia por 1 a 0 e após marcar o segundo gol, em cobrança de falta de Jairzinho, teve início uma confusão que obrigou a arbitragem encerrar a partida antes do final, com o João Alves sendo o campeão. O time do João Alves, treinado por Mario Trevisan, foi formado com Mano, Cocô, Oli, Geléia e Mauricio. Julio, Carlos, Redondo e Jairzinho. Valdir e Ademir. Também integravam o time campeão Go, Emerson, Guto Trevisan, Lucas Babu, Ivan, Rodrigo Viana, entre outros. A arbitragem do jogo final foi realizada por Edmilson Almeida auxiliado por Renato Agnes e Luis Silveira.

No ano de 2003, um estreante foi protagonista do certame. Convidado pela organização o Grêmio Esportivo Sinimbu, de Sinimbu, repetiu o Linha Arlindo em 91 e se tornou o segundo time fora de Santa Cruz a vencer a competição. Na final, a equipe enfrentou o Aliança, de Alto Linha Santa Cruz. Após empates em 0 a 0 e 1 a 1, o título foi decidido nos pênaltis, com vitória do Sinimbu por 5 a 4. O time campeão, treinado por Flávio Henn, o Palito, foi formado com Félix, Jonas (Alberi), Junior, Marcos Rivelino e Douglas; Klaus, Fernando, Angelo e Miltinho (Ivan); Samuel (Samuca) e Rodrigo Balaca. A arbitragem do jogo final foi realizada por Cesar Kniphoff auxiliado por Anderson Wendland e Marco Goulart.