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Diversificando sem deixar de lado a cultura do tabaco

Carro-chefe na propriedade do jovem Eduardo Bencke e família, fumo ainda é o produto que mais agrega valor

Luciana Mandler
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Eduardo Bencke tem 24 anos, e desde pequeno acompanhou a lida no campo junto aos pais Elstor e Ivone, produtores de tabaco. Na propriedade em Linha Arroio Grande, interior de Venâncio Aires e que faz divisa com Santa Cruz do Sul e fica a cerca de sete quilômetros de Monte Alverne, a família Bencke cultivou neste ano 30 mil pés de tabaco.

Eduardo Bencke, de 24 anos, cultivou sua produção em adubação de cobertura. Fotos: Rolf Steinhaus

Embora a fase de colheita tenha iniciado na segunda quinzena para alguns produtores, Eduardo e a família iniciaram a lida na lavoura na segunda-feira, 19. “Esta é a primeira fornada”, pontua. Na propriedade, 15 mil pés de tabaco pertencem aos pais e 15 mil ao Eduardo, que em busca de mais qualidade, cultivou sua produção em plantio direto na palha. Em janeiro foi semeado a crotalária e depois em abril foi colocado a aveia”, explica.

O jovem conta que teve sorte, pois tanto em janeiro como em abril, a estiagem não afetou o desenvolvimento das coberturas. Eduardo avalia que hoje muitas pessoas buscam produtos milagrosos para corrigir seu solo, porém, não fazem o simples, “como fazer a adubação verde, rotação de culturas, entre outros”, sublinha.

Com as folhas do tabaco viçosas, Eduardo atenta para o clima. “Se não chover nos próximos dias, a seca vai começar a prejudicar”, avalia. Aos 24 anos, o jovem produtor não se vê abandonando o cultivo de tabaco, carro-chefe da propriedade, porém, sabe da importância de diversificar.

DIVERSIFICAÇÃO 

A família Bencke sempre produziu tabaco. Aliado ao produto, plantavam aipim e batata. No entanto, em 2013, se associou a Cooprova (Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires). A partir dali, aumentaram a produção de verduras, passando a cultivar também alface, beterraba, cenoura, couve-flor, brócolis, couve folha, repolho, tomate, berinjela e temperos.

Como forma de diversificar, o jovem e a família apostaram no incremento de verduras

Ainda que o tabaco tenha valor agregado, Eduardo reflete que a diversificação deve existir. “Não podemos ter apenas a monocultura. Se acontece algo na produção de tabaco, por exemplo, de onde vamos tirar a renda?”, indaga. “É preciso diversificar para poder se manter e ter outras culturas para contar”, completa.

Neste contexto, há três meses, Eduardo ao lado da namorada Denise Faust, de 21 anos, lançou o projeto “Eco Horti”, onde, por meio do WhatsApp e Instagram comercializa as verduras. Conforme explica Eduardo, os clientes entram em contato, é enviada uma lista dos produtos, o cliente escolhe e aos sábados são feitas as entregas tanto no município de Santa Cruz quanto de Venâncio, sendo que atualmente, 90% dos consumidores são santa-cruzenses.

O diferencial das verduras produzidas pelo casal é que não é utilizado agrotóxicos. “São verduras semi orgânicas”, explica.