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Entidades alertam para desmonte do setor produtivo

Lideranças relatam que indústrias processadoras não estão valorizando os produtores

Tiago Mairo Garcia
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Entidades que representam a classe produtiva do tabaco classificaram como frustrante o processo de comercialização realizado pelas indústrias – Arquivo/Riovale Jornal

Através de uma nota assinada em conjunto na última terça, 30, representantes de entidades que defendem o setor produtivo do tabaco expuseram o seu descontentamento com a conduta das indústrias processadoras de tabaco, que não estão reconhecendo de maneira devida os esforços feitos pelos agricultores durante a comercialização da safra 2019/2020.

No documento, os presidentes Benício Albano Werner (Afubra), Carlos Joel da Silva (Fetag-RS), Gedeão Pereira (Farsul), José Walter Dresch (Fetaesc) e Marcos Junior Brambilla (Fetaep), destacam que o momento vivido pelos produtores de tabaco é preocupante por terem sofrido com os efeitos da estiagem que assolou o Rio Grande do Sul e causou grandes prejuízos nas lavouras gaúchas e também por estarem enfrentando dificuldades causadas pela pandemia do novo coronavírus.

Aliado aos problemas já existentes, as entidades salientaram ainda, que a classe produtora também está sofrendo com o descaso das indústrias processadoras de tabaco no processo de comercialização da safra 2019/2020, onde classificaram a compra da produção como frustrante. “Não bastasse as perdas na produção devido à estiagem, ainda há uma falta de sensibilidade por parte das empresas que têm castigado os produtores com um grande rigor na classificação, rebaixando classes e diminuindo a rentabilidade do produtor”, disseram as entidades.

Na nota foi destacado ainda, que as indústrias reconhecem as entidades nos momentos em que precisam, destacando a Convenção Quadro como exemplo para unir e dar força ao setor, mas na hora de reconhecer que o produtor é fundamental dentro da cadeia de produção, frisaram que a união deixa de existir. “A mão de obra das famílias agricultoras não é devidamente valorizada. O custo de produção, que deveria ser calculado em conjunto, é feito conforme a indústria quer, numa tentativa clara de manipular o valor em seu benefício, prejudicando o produtor”, salientaram os dirigentes.

As lideranças frisaram existir muitos produtores mistos em que, quando a safra é pequena, as empresas fazem leilão com o tabaco, mas quando a safra é grande, esta mesma produção é motivo para a empresa dizer que não é contratada por ela. As entidades acusam ainda algumas empresas de estarem se recusando a renovar os contratos com os produtores, desligando sem o devido aviso prévio e descumprindo o que está previsto na Lei nº 13.288 – Lei da Integração, fazendo com que os mesmos fiquem impossibilitados de continuar plantando tabaco, muitas vezes com dívidas de investimentos feitos na propriedade para a formação da lavoura. “As empresas estão desmontando o setor fumageiro, que era organizado e que servia de exemplo para outras cadeias. Não podemos mais aceitar essa situação. As entidades cobram que as indústrias revejam seus conceitos sobre integração e parceria, e voltem imediatamente a valorizar seus produtores e as entidades que os representam”, disseram as lideranças do setor.

Ao finalizar, os líderes das entidades que representam o setor produtivo classificaram como lamentável que as entidades orientem os produtores para diminuir a área plantada. “É imprescindível que o produtor não plante tabaco acima do número de pés contratados com a indústria e obedeça às recomendações técnicas. Também é necessário que o produtor leia com atenção todo e qualquer documento assinado entre ele e a empresa, além de discutir com o orientador sua estimativa de safra para não ter surpresas desagradáveis no futuro”, orientaram as lideranças na nota oficial.

O QUE DIZ O SINDITABACO

O SindiTabaco informou que não se manifestará sobre o assunto uma vez que não participa da comercialização. “O tema é tratado diretamente entre empresas e representação dos produtores”, informou a entidade, através de sua assessoria de imprensa.