Início Osvino Toillier Faz um ano

Faz um ano

Nesta semana, faz um ano que saí do hospital e voltei para casa depois de inesperada internação de dois meses após cirurgia, embora complexa, não indicava tamanha gravidade. As complicações pós-cirúrgicas surpreenderam até os médicos, a ponto de, no momento mais crítico, terem alertado que poderia não haver esperança de superação. Mas houve. O milagre aconteceu pela graça de Deus, pela dedicação dos médicos e energia das orações.

Poder reviver depois de um quadro em que a vida esteve tão fragilizada exige humilde e gratidão. Humilde por reconhecer que a vida é dádiva e não nos pertence; gratidão pela graça de Deus e dedicação dos médicos em cujas mãos está nossa vida nos momentos mais críticos, mesmo que eles tenham momentos em que a dúvida os assalta.

Valho-me de um pensamento do poeta alemão Rainer Maria Rilke para concluir: “Por isso você não deve ter receio… Se lhe aparecer uma tristeza maior do que as que você já conhece; se uma rebeldia como luz e sombras de nuvem passar pelas suas mãos e por todo o seu corpo. Você deve pensar que a vida não se esqueceu de você, que ela o segura pela mão, que não vai deixar você cair. Por que você quer eliminar da vida toda agitação, toda dor, toda melancolia, já que você não sabe o que esses sentimentos estão trabalhando em você? Por que você quer se perseguir com a indagação sobre a fonte de onde tudo isso procede e para onde vai tudo isso? Lembre-se apenas de que a doença é um meio pelo qual o organismo se liberta de matéria estranha. Por isso, a pessoa deve ajudá-lo a estar doente, a ter a sua enfermidade inteira, e a desestruturar-se com ela, pois esse é o seu progresso… você deve ser tão paciente quanto uma pessoa doente… em toda enfermidade há muitos dias nos quais não há nada para o médico fazer exceto esperar. E é isso o que você, ainda mais sendo o seu próprio médico, deve fazer agora, acima de tudo”.