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'Fazer correções na administração pública'

LUANA CIECELSKI
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Há 41 anos, ele nasceu em Vila Treze, uma localidade no interior de Santo Antônio das Missões. Filho de pequenos agricultores, Gerri Machado foi criado junto de outros cinco irmãos com os quais gostava de pescar em um açude próximo à pequena propriedade da família. Naquela época, Gerri não podia imaginar o que o destino lhe reservava. Hoje noivo, pai de uma menina de 13 anos e prestes a ser pai pela segunda vez, ele está disputando a Prefeitura de Santa Cruz do Sul pelo Partido dos Trabalhadores (PT). 

Candidato pelo PT, Gerri Machado (ˆ esquerda) garante que quer fazer valer os impostos pagos e oferecer um servio pœblico de qualidade para a popula‹o

Sua vida na política iniciou ainda na adolescência em São Vicente do Sul quando trabalhou na campanha de um tio de sua ex-mulher. Na época, filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) e tinha como principal ídolo político Leonel Brizola. Ao longo de sua caminhada na política, no entanto, Gerri descobriu que gostava das ideologias do Partido dos Trabalhadores (PT), especialmente quando trabalhou com a senadora Emília Fernandes, na época do PDT também, mas que apoiou Olívio Dutra (PT) quando esse se candidatou a governador do Estado. No fim daquela jornada de campanha, tanto Gerri quanto Emília se consideravam afinados com o partido de Olívio e  decidiram migrar. 

Hoje, Gerri garante que se sente em casa no PT e que, apesar dos problemas enfrentados recentemente pelo partido em nível nacional, sente orgulho dos projetos que o governo petista colocou em prática em todo o país. “Foi um governo com problemas, lógico, mas foi um governo com muitos avanços”, diz. Também se sente feliz de sua trajetória política dentro do PT, porque foi esse partido que o trouxe a Santa Cruz. 

Conforme ele conta, sua relação com a cidade, que já acontecia através de suas passagens pelo Trevo do Fritz e Frida durante suas viagens pelo Estado, se tornou mais próxima em 2008, quando a ex-prefeita Kelly Moraes (PTB) venceu a eleição municipal ao lado do vice-prefeito Luiz Augusto Costa a Campis (PT). “O Campis me ligou pedindo que eu viesse trabalhar com eles e eu aceitei o desafio”, conta. Algum tempo depois acabou assumindo sua menina dos olhos, a Secretaria do PAC, que tinha como principal função a elaboração de projetos e o levantamento de recursos para o município. Um desses projetos, Gerri lembra, é o do residencial Viver Bem. 

E é justamente para retomar esse tipo de atividade que Gerri diz ter voltado a Santa Cruz do Sul, quatro anos depois do fim do governo do qual participou, depois de ter atuado durante dois anos na Secretaria de Planejamento do Governo Tarso Genro. “Eu me afeiçoei a esse povo, a essa cultura”, ele diz, e explica que quer continuar contribuindo para o desenvolvimento da cidade. 
E para começar, pretende fazer “algumas correções da administração pública”, como por exemplo, aumentar a participação feminina no governo. “Eu quero que 50% do meu primeiro escalão de secretariado seja composto por mulheres e da mesma forma eu pretendo fazer no restante da composição do governo. O objetivo é fazer com que a igualdade de gêneros aconteça. E nós temos mulheres competentíssimas aqui na cidade que podem nos ajudar a compor o governo dessa forma”. 

Também vê como uma espécie de dívida do município com a população a criação de uma Secretaria Municipal de Cultura. “Santa Cruz é uma cidade muito cultural e com uma expressão muito diversa. E isso não está sendo explorado como deveria”, aponta.  

Por fim, diz que sua administração terá três principais nortes: 1º) resolver os problemas da população, fazendo com que o imposto pago pela comunidade retorne a ela através do oferecimento de serviços de qualidade e sem tentar fazer economias. “Não se pode cortar serviços para fazer superávit”, comenta. 2º) buscar recursos de fora como já era feito na Secretaria do PAC. E 3º) fazer uma gestão eficiente, feita com gente que entende de cada uma das áreas. 

PROPOSTAS
Segurança
Na opinião de Gerri, a tarefa do prefeito é resolver os problemas da cidade, sejam eles quais forem, e entre eles está o da segurança. Tendo isso em vista, pretende criar uma Política Municipal de Segurança Pública, mesmo que essa não seja uma atribuição constitucional do prefeito. Ele aponta que essa política de segurança terá três eixos principais: projetos sociais e prevenção; sistema de videomonitoramento com inteligência; e ampliação dos poderes da Guarda Municipal. 

Em relação aos projetos sociais, Gerri tem em mente implantar um projeto que já é realizado em Canoas e que tem, segundo o candidato, ajudado a diminuir os índices de criminalidade por lá. Trata-se de um monitoramento de jovens com histórico de problemas sociais e escolares. “É feita uma tentativa de inserir esse jovem em algum projeto cultural, educativo ou esportivo que seja de interesse do próprio jovem e que possa evitar que essa criança ou adolescente acabe seguindo por um caminho de violência ou criminalidade”, explica.

Em relação ao sistema de videomonitoramento, Gerri pretende reativar de forma efetiva o Gabinete de Gestão Integrada (GGI) que foi criado no governo Kelly e Campis. “Esse projeto tem cerca de 40 câmeras, mas algumas não estão funcionando. Nós queremos reativar todas elas e implantar outras 40 câmeras para cobrir o maior número possível de regiões”, diz. Para monitorar essas câmeras durante 24 horas, Gerri faria um convênio com a Brigada Militar, chamando alguns policiais aposentados que pudessem ajudar nesse monitoramento. 

E em relação à Guarda Municipal, Gerri acredita que é necessário adquirir novos equipamentos como armas e coletes, para valorizar esses profissionais, e criar um projeto de atuação dos guardas junto às escolas do município. “Faríamos então um trabalho de prevenção, de aproximação entre os guardas e a comunidade”. 

Saúde
Para Gerri, a prevenção deve ser mais priorizada. “Hoje ela é tratada numa segunda ou terceira escala de prioridade na cidade”, opina Gerri. Essa priorização, segundo o candidato, começa com a valorização das unidades de saúde. “Elas estão funcionando sob condições precárias e isso deve ser resolvido imediatamente, porque cuidar da prevenção resulta em uma diminuição das internações pelo SUS e consequentemente numa redução dos custos da saúde pública”. 

Gerri também aponta a necessidade de voltar a estabelecer parcerias com os hospitais, aumentar os repasses a eles, buscando, para isso, recursos no Estado e na União. 

Cultura
Além da criação da Secretaria Municipal de Cultura, o candidato pretende aumentar os recursos para atividades como Feira do Livro. “A nossa Feira do Livro atualmente não recebe recursos municipais”. Também pretende criar um espaço adequado e exclusivo para a biblioteca pública. “Ela tá num cantinho ali na Secretaria de Educação e a gente quer retomar um projeto antigo, que partiu do ex-vice-prefeito Campis, que visa fazer do Palacinho uma grande biblioteca com café e espaços lúdicos lá dentro”. 

Outra ideia que Gerri tem em mente é a de reativar o Fundo de Cultura, e aplicar valores nesse fundo, inclusive pedindo o apoio e fechando parcerias com empresas. “Esse fundo vai aportar projetos culturais da cidade. Artistas e empreendedores culturais poderão apresentar projetos e conseguir valores para desenvolvê-los junto à comunidade”

Educação
Gerri aponta a educação infantil e falta de creches como o grande problema da educação de Santa Cruz do Sul hoje, problema que chega a interferir no mercado de trabalho. Por isso diz que, se eleito, vai criar mil novas vagas nas creches, e pelo menos uma Escola de Educação Infantil que atenda no turno da noite. 

Dentro desse projeto de criação de vagas, Gerri inclui, a construção de uma Emei dentro do Viver Bem. “O projeto do Viver Bem que nós criamos tinha em mente a construção de uma Emei, mas isso não foi feito”, garante Gerri. “No entanto, nós sabemos que ainda há recursos do PAC que não foram devolvidos ao Governo Federal. Eu gostaria de me eleger e começar a negociar imediatamente com o Governo Federal para manter esse valor aqui. Com ele, poderíamos construir, entre outras coisas, uma Emei”, declara. 

Além disso, Gerri também pretende criar uma escola de tempo integral na zona sul da cidade pra que ela atenda as crianças no turno inverso à aula com projetos sociais. “O objetivo é manter essas crianças na escola e evitando que elas fiquem na rua suscetíveis à criminalidade”, diz. Melhorias nas escolas e algumas ampliações também estão nos seus planos.