Início Geral Homicídios reduzem 140% em Santa Cruz, diz BM

Homicídios reduzem 140% em Santa Cruz, diz BM

Everson Boeck
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Com o objetivo de esclarecer a comunidade sobre alguns casos pontuais que têm acontecido em Santa Cruz do Sul nos últimos meses, o tenente coronel do 23° Batalhão de Polícia Militar do Vale do Rio Pardo, Valmir José dos Reis, recebeu a imprensa na tarde da última quinta-feira, 6 de março. A principal notícia dada pelo chefe da BM na região é quanto à redução do número de homicídios no município, no entanto, Reis também abordou questões relacionadas à segurança pública – especialmente no Bairro Santa Vitória –, Território da Paz/Convivência em Harmonia e a novidade Operação Combo. O comandante da BM na região também esclareceu sobre o possível arrastão, ocorrido no início de fevereiro no Centro.
Reis informa que, de acordo com os índices internacionais de criminalidade e violência da Organização das Nações Unidas (ONU), são números aceitáveis 12 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em 2012, Santa Cruz registrou 16 homicídios e 29 em 2013.A média de mortes por mês foi de 1,3 em 2012, e 2,41 em 2013 – mais que o dobro de um ano para o outro.
O comandante do 23° BPM atribui o aumento expressivo do número de homicídios de 2012 para 2013 ao tráfico de drogas. Dos 29 homicídios registrados em 2013, 15 foram motivados pelocomércio de entorpecentes. “Ocorre que as polícias do município prenderam os chefes do tráfico das zonas norte e sul de Santa Cruz. Com isso, novas lideranças queriam assumir essas posições e estava havendo uma disputaentre bandidos de fora, líderes de facções criminosas de outras partes do estado, com outros da nossa cidade e região”, pontua Reis.
Até o dia 6 de março deste ano foram registrados dois homicídios, uma queda de 140% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2013 foram registrados oito mortes, e quatro em 2012. “Trabalharemos para continuarmos nesta média, de uma ou nenhuma morte ao mês, assim estaremos dentro dos números aceitáveis definidos pela ONU – de 12 homicídios para cada 100 mil habitantes. Como nosso município tem cerca de 123 mil, estaremos na média, como ocorreu em 2012”, considera o tenente coronel.

Operação Combo dá resultados

Para fazer frente à criminalidade em Santa Cruz do Sul, a Brigada Militar vai lançar nos próximos dias a Operação Combo, criada no Plano de Segurança de 2014 do 23° BPM. O comandante do Batalhão, Valmir José dos Reis, adianta que a operação acontecerá uma ou duas vezes por semana, sempre em dias, horários e bairros aleatórios.
A atividade terá aproximadamente oito horas de duração e compreende três operações policiais: 1) abordagens a pessoas em bares, casas noturnas, canchas de bocha e em via pública; 2) operação sobre rodas: círculos concêntricos com uma rede de barreiras policiais que serão remanejadas a cada período de tempo (meia hora ou uma hora); 3) operação duas rodas: motocicletas da BM que estarão juntono “comboio tático” de polícia ostensiva, juntamente com viaturas de inteligência à frente dando as coordenadas.
De acordo com o tenente, o conjunto de operações,intitulada Operação Combo, é classificada por ele como “régua geral”. “Já fizemos duas operações de teste onde conseguimos realizar sete prisões. As atividades terão o acompanhamento do comando do 23° BPM e da inteligência policial com número significativo de policiais e viaturas. Vamos abordar pessoas e veículos, pois ao lado do cidadão pode haver um traficante, um criminoso foragido, e ali pode acontecer um homicídio. Queremos evitar isso”, afirma.

Divulgação/BM

Em duas operações de teste da operação já foram realizadas sete prisões

Santa Vitória

Uma das preocupações do comandante do 23° BPM é em relação à visão que parte da comunidade está tendo em relação ao Bairro Santa Vitória – hoje comparado com o Bom Jesus antes da instalação do Território da Paz/Convivência em Harmonia, em 2007. No entanto, Valmir José dos Reis garante que o Bairro Santa Vitória está sob controle da Brigada Militar e demais polícias.
“Bandidos estão tentando gerar uma situação de insegurança entre os moradores daquele bairro com métodos de intimidação e terrorismo para tentar tomar o comando do tráfico, como ocorria no Bom Jesus há alguns anos.Eles (os bandidos) usam destes artifícios, como dar tiros para o alto, para causar medo na população e recrutar os soldados do tráfico. Mas nós, juntamente com as demais forças policiais do município, estamos acompanhando o que está acontecendo lá e estamos tomando providências”, observa.
Reis adianta que serão realizadas ações pontuais no Santa Vitória aos moldes do Território da Paz/Convivência em Harmonia, aplicadas no Bairro Bom Jesus.“Daremos um tratamento diferenciado ao Santa Vitória. Dentro das ações previstas, está a inclusão de um núcleo de polícia comunitária. Vamos acabar com esta sensação de insegurança lá, assim como fizemos no Bom Jesus. A diferença é que, desta vez, será uma ação preventiva”, assegura.
O Bairro Santa Vitória registrou três homicídios em 2012 (18,75% do total) e cinco em 2013 (17,24% do total), ou seja, uma redução de pouco mais de 1,5%, visto que foram 16 homicídios em 2012 e 29 em 2013.

Território da Paz – 10 meses sem mortes

Ao contrário do que está ocorrendo nas grandes cidades do estado que possuem o projeto Território da Paz e os resultados ainda não mudaram os cenários de violência e não reduziram o número de mortes, em Santa Cruz do Sul, a iniciativa tem surtido efeitos positivos. O projeto Território da Paz/Convivência em Harmonia, criado em 2007 no município, tinha como objetivo promover ações sociais e de segurança nas comunidades. Conforme Reis, há dez meses o Bairro Bom Jesus não registra homicídios. O último foi no dia 2 de maio do ano passado, por um crime passional. “Hoje a Brigada entra e sai à hora que quer e precisa. Os bandidos não mandam mais no Bom Jesus”, salienta.
A operação Convivência em Harmonia iniciou em Santa Cruz do Sul em 2007. A primeira fase de trabalho ostensivo durou três anos e, em 2011, foi implementado já como um projeto comunitário. O objetivo era potencializar as atividades sociais desenvolvidas no bairro, aproximando a Brigada Militar da comunidade. Hoje, o projeto está agregado ao RS na PAZ, transformando o bairro em um Território de Paz Convivência em Harmonia.Embora focado no Bairro Bom Jesus, o projeto foi ampliado e hoje atinge um público de 30 mil pessoas em cinco bairros: Bom Jesus, Santuário, Pedreira, Senai e Vila Schulz.

“Santa Cruz não teve arrastão”

Na noite de 9 de fevereiro, domingo, por volta das 5 horas, um tumulto gerado por um grupo de pessoas chamou a atenção dos frequentadores da Avenida do Imigrante, a qualtradicionalmente reúne, principalmente nos finais de semana, jovens e famílias em suas imediações. Durante algumas semanas o fato, que gerou apreensão em parte da população, foi comentado como o primeiro arrastão registradoem Santa Cruz.
O tenente coronel, comandante do 23° BPM, esclarece, no entanto, que “não houve arrastão em Santa Cruz”. Segundo o militar, arrastão é quando grupos organizados chegam a um local e roubam as pessoas, os estabelecimentos comerciais e promovem quebra-quebra para terem um ambiente favorável para realizar o delito. “O que ocorreu naquela noite foi que um grupo de pessoas se desentendeu com outro e o que se sentiu mais fragilizadocorreu até o quartel da BM, no início da Rua Marechal Deodoro. A questão foi resolvida por uma policial que estava de plantão”, explica Reis.“Quem publicou que houve arrastão não conhece o conceito desta palavra. Não temos gangs na cidade especializadas em quebra-quebras para criar o caos e efetuar saques, portanto não temos nenhuma situação de descontrole”, ressalta.

Everson Boeck

Reis: “Queda de 140% nos índices de homicídios”