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Inflação: preço dos alimentos, remédios e energia elétrica preocupam

Fotos Luana Ciecelski

O tomate, velho vilão da inflação, chega a custar mais de R$6,00 o quilo em alguns supermercados de Santa Cruz

Luana Ciecelski
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De acordo com dados divulgados nas últimas semanas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de abril apresentou variação de 0,67%, com resultado 0,25 ponto percentual inferior à alta do mês de março que foi de 0,92%.
Mesmo com este resultado, o IPCA acumulou nos primeiros quatro meses do ano uma alta de 2,86%, o que significa um resultado acima da taxa de 2,5% registrada no mesmo período de 2013. Além disso, os dados indicam que a variação dos últimos doze meses acumulou alta de 6,28%, acima dos 6,15% relativos aos doze meses anteriores.
O mesmo aconteceu com o último resultado do IPCA-15 – que tem a mesma metodologia de preços IPCA. A variação foi de 0,58% em maio, mostrando desaceleração, ao ficar 0,20 ponto percentual abaixo da taxa de abril (0,78%), mas o resultado acumulado dos primeiros cinco meses do ano passou a 3,51%, também acima da taxa de 3,06% relativa ao mesmo período de 2013.
Na prática isso significa que as tarifas de energia elétrica tiveram uma alta de 3,16%; que os remédios ficaram 2,10% mais caros e alguns alimentos mesmo com reajuste menor, também ficaram mais caros, como a batata-inglesa (13,75%), o leite longa vida (2,28%), o feijão carioca (1,5%) e o tomate (1,42%).
Por outro lado, alguns ficaram mais baratos, como a mandioca e a farinha de mandioca (-4,21%), as hortaliças (-3,9%) e as frutas (-1,04%). O índice relacionado aos transportes também caiu de 1,38% para 0,32% – menos 1,32 ponto percentual – assim como o etanol (de 4,17% em março para 0,59% em abril) e a gasolina (de 0,67% para 0,43%).

ENTENDA

A chefe do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Rosa Fátima Valentim, explica que a inflação é antes de tudo um indicador de aquecimento da economia, de forma que uma alta da inflação aponta que a economia está produzindo além do potencial permitido por sua capacidade produtiva (infraestrutura, mão de obra, etc).
Para frear esse aquecimento e controlar a inflação, o governo utiliza a taxa de juros. Como uma taxa de juros menor estimula a economia, o governo atual adotou como política manter os juros em níveis baixos, para buscar o crescimento.  “Mas nos últimos meses com a ameaça da inflação, o Banco Central teve que aumentar a taxa de juros, uma vez que a inflação já estava em um nível acima da meta considerada tolerável” explicou.
    Ela destaca ainda que além da preocupação com a distribuição de renda da população – uma vez que a inflação reduz o poder de compra dos indivíduos que dependem de rendimentos fixos – o crescimento econômico fica prejudicado, pois as taxas altas de juros utilizadas para o controle de inflação atuam no sentido oposto, pois para aquecer a economia e gerar crescimento é necessário baixar a taxa de juros.

O QUE FAZER?

A inflação, afirma Rosa, é um fenômeno macroeconômico que afeta todas as regiões e que depende das condições de oferta e demanda dos mercados e das políticas econômicas, os quais independem da vontade do consumidor.
O que se pode – e deve – fazer, é pesquisar em seu bairro ou próximo ao seu trabalho os preços dos produtos e servi¬ços que você precisa até encontrar a opção mais barata. Outra ideia é substituir alguns produtos que tem preços mais elevados por outros mais baratos. “A inflação é um fato econômico, porém, o consumidor pode adotar atitudes simples para se defender”, afirmou.


Uma dica é trocar a batata que teve alta de 13,75% pela mandioca que teve queda de 4,21%