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O adeus a Maradona, um dos maiores da história

Aos 60 anos, ex-jogador argentino não resistiu a uma parada cardiorrespiratória

Tiago Mairo Garcia
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Maradona foi o principal jogador na conquista do
bicampeonato mundial da Argentina na Copa do Mundo,
disputada no México, em 1986. Foto: Agência O Globo

Um dos maiores nomes do futebol mundial faleceu no início da tarde da última quarta, 25, o ex-jogador argentino Diego Armando Maradona. Conforme a imprensa argentina, Maradona estava em sua casa, na cidade de Tigre, região metropolitana de Buenos Aires, quando teria sofrido um mal súbito. Ele foi socorrido, mas acabou não resistindo, vindo a óbito na residência.

Aos 60 anos, completados no último dia 30 de outubro, o ex-jogador se recuperava de uma cirurgia para a retirada de um coágulo de sangue, entre o cérebro e o crânio. Campeão do mundo com a seleção da Argentina em 1986, no México, Maradona ainda seguia no futebol como treinador do Gimnasia, de La Plata, na disputa do Campeonato Argentino. A notícia de sua morte gerou grande comoção na Argentina, que decretou luto oficial de três dias e também deixou consternado o mundo do futebol.

Sob grande comoção popular, o velório do ex-jogador foi realizado na Casa Rosada, sede do governo da Argentina, com a presença de familiares, autoridades e jogadores. Já o público passou em frente ao caixão, que estava fechado, deixando camisetas e flores em homenagem ao ídolo. A estimativa é de que 1 milhão de pessoas tenham se despedido do ídolo argentino. O sepultamento ocorreu no fim da tarde, no Cemitério Jardim da Paz, em Buenos Aires.

A glória no México em 86

Com a infância vivenciada em Vila Fioritto, na periferia de Buenos Aires, Maradona estreou no futebol com 15 anos pelo Argentinos Juniors, chamando a atenção pela habilidade com a bola. Após, transferiu-se para o Boca Juniors, clube do coração, onde foi campeão argentino. Foi vendido para o Barcelona em 1982, onde vivenciou momentos difíceis na sua carreira ao contrair hepatite e também sofrer uma grave fratura na perna. O período longe dos gramados levou Maradona a profundas crises emocionais que o fizeram iniciar o uso de cocaína, conforme revelado por ele no livro ‘Yo Soy El Diego de La Gente’, publicado em 2000.

Maradona deixou Barcelona para jogar no Napoli, em 1984. Dois anos depois veio a consagração na Copa do Mundo do México, em 86, quando conduziu a Argentina ao bicampeonato mundial com uma atuação que até hoje é considerada, por muitos, a maior da história dos mundiais. Além da malandragem com o famoso gol marcado com a ‘mano de dios’ e a genialidade demonstrada no ‘gol do século’, ambos na vitória de 2 a 0 contra a Inglaterra, nas quartas de final, ou do passe certeiro para Jorge Burruchaga fazer o gol do título na final contra a Alemanha, os números de Maradona naquela Copa foram assombrosos. Autor de cinco gols e cinco assistências, ele teve participação direta em 10 dos 14 gols marcados (71%) pela Argentina, em território mexicano.

De volta à Itália, Maradona cumpriu a missão de levar o Napoli ao título italiano na temporada 1986/87, quando também conquistou a Copa Itália. O clube ainda foi campeão da Copa Uefa de 1989 antes de voltar a levar o Scudetto em 1990, ano em que também ganhou a Supercopa da Itália. Foram os anos de maior glória do Napoli, que desde então não voltou a ser campeão nacional.

Em 1990, também na Itália, Maradona chegou à segunda final de Copa do Mundo, mas acabou derrotado pela Alemanha na decisão. Sua trajetória no país teve fim em 1991, quando ele foi flagrado pela primeira vez no exame antidoping e suspenso pela Fifa. Maradona chegou a fazer uma recuperação inesperada para chegar em forma na Copa do Mundo de 1994, quando estreou fazendo um golaço contra a Grécia e dando o passe para o amigo Caniggia garantir a vitória diante da Nigéria, na segunda rodada. Após o jogo contra a seleção africana, ele foi flagrado novamente no antidoping, sendo excluído do torneio pela Fifa. Diego ainda retornou ao Boca Juniors, em 1995, mas teve apenas lampejos de genialidade, sem voltar a atuar em alto nível com regularidade até a aposentadoria, em outubro de 1997.

Luta contra a dependência química

O fim da carreira como jogador deixou Maradona mais exposto ao vício com uso de cocaína. Em janeiro de 2000, o ex-craque teve uma overdose em Punta del Este, no Uruguai, onde ficou internado em estado crítico. Em 2004, ele foi internado em Buenos Aires com complicações cardíacas. Após, passou por um tratamento em Cuba para se curar do vício com as drogas e voltou a aparecer publicamente 40kg mais magro, após uma cirurgia para redução de estômago. Ele se mostrou recuperado, vindo inclusive a ser um apresentador de TV onde entrevistou Pelé, com ambos realizando embaixadinhas com a cabeça, em encontro marcante ocorrido em 2005.

Em 2010, Maradona voltou ao futebol como treinador da Seleção da Argentina na Copa do Mundo da Africa do Sul. Ele também atuou no Al-Wasl, dos Emirados Árabes Unidos, e no Dorados, do México, antes de retornar à Argentina para treinar o Gimnasia de La Plata, clube que vinha trabalhando até voltar a ser hospitalizado devido a problemas de saúde.