Início Opinião O compreensível, incompreensível!

O compreensível, incompreensível!

Num primeiro momento, parece um título filosófico. Contudo, no decorrer do texto, a princípio despretensioso, explica-se.
Participamos (parlamentares, prefeitos, lideranças de produtores, empresários e jornalistas da região), de 13 a 18 de outubro, em Moscou/Rússia, da COP 6, que vem a ser a sexta Conferência das Partes da Organização Mundial da Saúde, da qual tomam parte países que ratificaram a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco.
Como se não bastasse a ratificação do documento contra o tabaco, e os países que o fizeram têm a obrigação de implementá-lo, reuniões são realizadas a portas fechadas para definir o futuro de dezenas de milhões de pessoas. Entre centenas de recomendações, tratam sobre os artigos 17, que recomenda a diversificação, e 18, que versa sobre cuidados com o meio ambiente, segurança e saúde do agricultor. O compreensível seria cada país implementar suas ações em busca do que apregoam os ditos artigos. O incompreensível é realizar seis encontros internacionais, com participação de mais de 150 países e com, no mínimo, uma média de oito delegados por país. Quanto gasto! Parece que, nesta COP, concluíram o compreensível, ou seja, que cada país desenvolva a diversificação, e óbvio, com a participação das entidades dos produtores. Levou tempo para os incompreensíveis compreenderem.
Para o compreensível está claro que, quanto mais alta a taxa de imposto, maior é a probabilidade de ocorrer contrabando e sonegação. No cigarro, o imposto é de 61%, ou seja, de cada R$ 100,00, R$ 61,00 vão para o governo (destaca-se que contribuições municipais e tributos de previdência social e de FGTS não estão incluídos). Para os incompreensíveis, isso nada tem a ver com o aumento do consumo ilegal de tabaco.
Para os compreensíveis, a INTERPOL e a Polícia Federal deveriam participar das reuniões, pois muito teriam a colaborar, principalmente, em questões envolvendo o comércio ilegal. A INTERPOL solicitou participação, mas os incompreensíveis não aprovaram.
Para os incompreensíveis, o cigarro é a maior causa de mortes; já, para os compreensíveis, outros produtos/fatores são bem mais nocivos. A citar, a poluição atmosférica, por exemplo.
Para os compreensíveis, o momento não era propício para realizar a COP 6. Seria providencial investir na epidemia do EBOLA. Porém, a conferência se realizou. Aliás, do que menos se tratou foi de saúde. A grande preocupação girou em torno de como conseguir verba para prover o orçamento de 2014/15 de, pasmem, US$ 9.100.000,00. Os compreensíveis não têm ideia por que os incompreensíveis necessitam de toda essa verba. É muito dinheiro!
Os incompreensíveis questionaram e condenaram a presença de nossa representação, mas quem acompanhou os relatos na imprensa avalizou nossa participação. Sem ela, parlamentares, por exemplo, que se pronunciaram em plenário, não teriam informações do evento. O esforço compartilhado deixa mais tranquilos a sociedade, os trabalhadores do setor e o produtor de tabaco, que é, na maioria, agricultor familiar.
Particularmente, estou convicto de que os incompreensíveis estão fazendo do combate ao tabaco o seu negócio, com especial cuidado para não matar a “galinha dos ovos de ouro”. Viva o tabaco, que dá vida aos que nele labutam.

*Presidente da Afubra