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Os 60 anos do Cinema Novo

Com a pandemia, o ano de 2020 é marcado, entre outros fatores, pela interrupção de produções cinematográficas e pelo fechamento dos cinemas. No que se refere a filmes, acabamos olhando um pouco mais para o passado. Curiosamente, em 2020 completam-se 60 anos do movimento mais importante do cinema brasileiro, o chamado Cinema Novo, que se iniciou em 1960 e se estendeu até a década de 70.

A pedra fundamental do Cinema Novo é o filme ‘Rio, 40 Graus’, dirigido por Nelson Pereira dos Santos e lançado alguns anos antes do início do movimento, em 1955. Portanto, o icônico ‘Rio, 40 Graus’ completa 65 anos em 2020. Este filme foi tomado como base para dar forma e conteúdo ao Cinema Novo. O movimento procurava mostrar a realidade brasileira através dos filmes, para que a sociedade olhasse para si própria, como se estivesse diante de um espelho.

De fato, levando em conta o objetivo do Cinema Novo, ‘Rio, 40 Graus’ parecia ser a base ideal. Pois a realidade do Rio de Janeiro estava espelhada no filme, especialmente no que se refere às desigualdades sociais e à vida nas favelas cariocas. A película também aborda os bastidores do futebol (o jogador como ‘mercadoria’), as brigas de torcedores no Maracanã, a animação das escolas de samba, entre outros assuntos.

Em 2015, um dos participantes do Cinema Novo, o diretor Cacá Diegues, deu entrevista ao programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, e disse que o movimento pretendia mudar o Brasil e o mundo. Obviamente, por tratar de temáticas sociais sérias, como a desigualdade, o Cinema Novo não se tornou um sucesso comercial. A gente sabe que, muitas vezes, é difícil se olhar no espelho. Mas este importante movimento deixou um legado, plasmado em produções como ‘Pixote, a lei do mais fraco’ (1980) e ‘Cidade de Deus’ (2002). Algo que poderemos abordar em um futuro editorial.