Início André Pinto PAI, QUEM É?

PAI, QUEM É?

O que define o que é um pai? É um papel, um sobrenome, uma designação, um espermatozoide, é o sangue, a genética, são as convenções?

PAI – para qualquer criança uma palavra tão fácil de aprender a escrever, uma das primeiras que todo bebê pronuncia (depois da expressão ‘mãe’ – reconheço !), mas que carece ser internalizada, construída, sentida, vivida, adubada, para que cresça, forte, sólida, com raízes profundas, resistente aos temporais da adolescência e ao distanciamento físico da fase adulta.

O Nome do Pai quando efetivamente inscrito no coração, nada apaga.

De que é feita a argamassa que permite a construção da paternidade? Afeto, cuidado, carinho, proteção, amor, respeito, investimento psicológico, convivência, reconhecimento são alguns itens essenciais da receita para um suficientemente bom exercício da parentalidade (Winnicot).

A paternidade e a filiação devem ser gozadas (Lacan). Somente quem ‘cria’ e ama pode ser chamado de Pai.

Amor e afeto merecem destaque. Carpinejar sentencia: ‘Para ser pai, é preciso ter sido filho e não ter se esquecido disto.. (…) ‘No filme de meus filhos, não quero perder nem os trailers. Eu escolhi ser pai para cuidar do filho que fui, e acabei sendo filho de meus filhos. Converso, brinco, ponho eles no degrau de meu ombro, encontro uma liberdade que só existia antes em minha solidão, que está ensolarada com os filhos.’

Pai é Pai-social, é história, é enredo cultural, é comportamento, é uma relação inundada pela socioafetividade, conformando a imago paterna. Não estamos está pai! Se é pai. Se faz Pai! Para muito além que um Pai de sangue, os filhos desejam um Pai de carne e alma.

Todavia, paternidade é, sobretudo, uma função básica, estruturadora e estruturante – é o ‘lugar de pai’ que dará ao filho um ‘lugar de sujeito’.

Disto decorre que não necessariamente precisa ser exercida pela figura do ascendente masculino. Pode ser pelo irmão mais velho, pelo tio, pelo padrinho, pelo avô, o companheiro da mãe, o adotante homossexual (não importando a biologia) e, é claro, também, pela mãe.

As funções materna e paterna não se confundem, são complementares. A propósito, quando os pais se tornam ausentes, quando abandonam seus frutos, são as mães, no mais das vezes, que sozinhas assumem esse papel. Esta é, precisamente, a realidade de milhares de unidades familiares país a fora.

Que neste dia dos pais ecoe nos ouvidos de todos aqueles que praticam a parentalidade responsável a palavra PAI, PAI, PAI – aquela repetida com intensidade pelo filho, quando quer mostrar as suas conquistas, quando oferece um abraço, um beijo, quando percebe o orgulho que desperta e quando sente o amor incondicional.

Ser pai não é tarefa fácil, especialmente ser um bom pai.

A pergunta que deixo para reflexão: Quando nossos filhos se tornarem pai, que pai escolherão ser? Que exemplo de pai terão tido?

Afinal, são tantas as escolhas, as possibilidades, as causalidades.