Com a chegada da primavera se aproximam as grandes Feiras de Livros aqui no Rio Grande do Sul. O segundo semestre em nosso estado é tempo de festa para quem gosta de literatura. São seminários, encontros, festivais, saraus e maratonas de contadores de histórias. A Feira do Livro de Porto Alegre mais adiante e a nossa Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, que já está aí, batendo na porta, em sua 25ª edição.
Infelizmente ainda não somos um país de leitores. Na verdade, somos um país com muitos analfabetos, principalmente de analfabetos funcionais. Porque se é lamentável haver pessoas sem acesso à escola, mais lastimável ainda é sair da escola analfabeto funcional. Ainda somos um país onde a escola (falando genericamente, é claro) se preocupa mais com a aquisição das letras do que com os sentidos que elas são capazes de produzir.
Talvez por atuar nos dois extremos das instituições de ensino, como pesquisadora na Educação Infantil e no Ensino Fundamental e como professora no Ensino Superior é que tenha, na minha trajetória profissional, me tornado também uma agente de leitura. Certa vez, um aluno perdido entre vários livros, durante uma atividade de pesquisa, me disse: “Professora, deveria haver um curso para ensinar a gente a mexer em livros!”. Rapidamente respondi: “Esse curso já existe, se chama leitura”.

Como ser um país de leitores se não lemos?! Se boa parte dos professores não leem! Se muitos nem sabem o que tem na biblioteca da sua escola. Certa vez fiquei perplexa com os livros que encontrei na biblioteca de uma escola municipal da zona rural de um município muito pequeno. Livros como “As crônicas de Nárnia”, autores como “Nélida Piñon”, lá esquecidos, tomando pó. Eu disse para as professoras: “Vocês tem noção das preciosidades que tem nesta biblioteca?”. Livros que eu havia pago caro para adquirir, outros que precisei procurar por muito tempo. Todos lá, esquecidos!!
Impossível sermos um país de leitores se não lemos. Mas não apenas leitura obrigatória, leitura de escola. A leitura deve ser uma experiência enriquecedora. Como contadora de histórias tento encantar um pouquinho esse mundo. Sou um passarinho querendo apagar um incêndio com uma gota d’água no bico. Sorte que tenho muitos amigos passarinhos como eu, por esse Brasil afora.
Mais alguns dias e a Feira do Livro de Santa Cruz do Sul terá início. Penso sempre que Feiras de Livros são espaços de encantamento. Neste, como em outros anos, além dos livros, haverá muitas atividades. Momento de agitação cultural ímpar na nossa cidade. Quem sabe você experimenta passar por lá?!!
*Professora Universitária e Contadora de Histórias














