Um ano em que ele “renasceu” para fechar como uma das melhores temporadas. Assim Fabiano Peçanha avalia o seu 2012, quando participou de sua segunda Olimpíada e se manteve no topo do ranking nacional em três provas – 800m, 1500m e milha (1.609m). Peçanha estava desacreditado em janeiro, pois seu corpo não reagia como gostaria e ao ponto de lhe dar perspectivas de atingir o índice olímpico. Mas a dedicação foi tamanha que seu esforço e qualidade em tudo o que fez, foram recompensados com a segunda participação olímpica em Londres. Fabiano é atleta do EC Pinheiros (SP), e conta com patrocínio da ASICS, Exército Brasileiro, Caixa Econômica Federal, Ministério do Esporte e Oakley. Ele fala a seguir como foi seu ano e projeta a próxima temporada.
Como você avalia a sua temporada?
Fabiano Peçanha – Foi uma das minhas melhores temporadas da carreira e, sem dúvida, uma das mais especiais também. Pela primeira vez encerro o ano da liderança do ranking nacional nos 800m, 1500m e milha (1609m). Nesta última obtive minha melhor marca pessoal este ano, com 3min59seg. Voltar a representar o país no maior evento esportivo do planeta foi, sem dúvida, o fato mais marcante do ano. Ir à minha segunda Olimpíada da carreira, tendo a presença no estádio de toda minha família, foi ainda mais especial. O ano de 2012 também marcou pelos meus 30 anos de idade, 20 deles atletismo e a obtenção da histórica vitória de número 300.
Você iniciou o ano desacreditado, com a autoestima em baixa em relação à Olimpíada. Qual foi o fator da mudança até o alcance do índice olímpico?
Fabiano Peçanha – Até fevereiro deste ano meu corpo não respondia a minha vontade de alcançar o índice olímpico. Foi então, que me conscientizei a fazer tudo o que precisava para obtenção da marca. Sendo assim, busquei o melhor acompanhamento nutricional, o melhor sono, os melhores treinamentos junto ao meu treinador, as melhores estruturas, entre outros aspectos. Em três meses de dedicação total, consegui a marca que precisava, garantindo mais uma Olimpíada.
Numa comparação entre seus anos de carreira, como você avalia esta temporada? Foi uma de suas melhores?
Fabiano Peçanha – Foi talvez a mais especial, pelo fato de ter vindo de um 2011 bastante difícil, onde fiquei fora das principais competições internacionais e até mesmo do pódio do campeonato nacional, o que ainda não havia acontecido. Mas neste ano, voltei ao topo do ranking nas três provas e fui o único gaúcho no atletismo olímpico.
Quais foram suas maiores alegrias e decepções este ano?
Fabiano Peçanha – Esportivamente falando, a maior alegria foi, sem dúvida, voltar a disputar uma Olimpíada. E o ano foi tão positivo, que não tive qualquer fator negativo que se equipare às alegrias da temporada. Foi um ano praticamente perfeito.
Alaor Filho/AGIFCOB
Fabiano Peçanha disputou sua segunda olimpíada da carreira em Londres, onde acabou eliminado da semifinal
Você mesmo diz que ganhou quatro anos de carreira com a classificação para a Olimpíada de Londres. Como está seu corpo, como está reagindo aos treinos?
Fabiano Peçanha – O fato de voltar ao topo me sentindo muito bem nos treinamentos e fazendo marcas na carreira que eu não fazia há algum tempo, ou até marcas que eu nunca havia alcançado, fizeram me sentir jovem outra vez e deixar pra trás a angústia do ano passado, quando pensei que minha carreira já poderia estar iniciando uma forma decrescente. Após este ano maravilhoso, estou completamente motivado para seguir, pelo menos até os Jogos Olímpicos do Brasil, em 2016.
O que se pode esperar de Fabiano Peçanha dentro das pistas nas próximas temporadas?
Fabiano Peçanha – Um atleta sempre dedicado, com muita seriedade em tudo aquilo que fizer. Um atleta que seguirá buscando ao máximo os seus objetivos. Resultados bons ou ruins são consequência de muitos fatores que, muitas vezes, não dependem somente de si próprio. O importante é ter a consciência de que naquilo que depender de mim, seja feito o melhor.
O Brasil vive um momento especial no esporte com a mobilização por causa da Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016, as quais o país será sede. Como os atletas podem aproveitar este gancho?
Fabiano Peçanha – Já estamos sentindo uma diferença em termos de apoio vindo do Governo Federal diretamente aos atletas e também para bons eventos de atletismo no País. Mas ainda estamos muito longe do que seria um ideal. Será preciso massificar muito mais nosso esporte, levando-o aos quatro cantos do país, fazendo com que muitos jovens talentosos possam ser descobertos e encaminhados aos centros de treinamentos e clubes para poderem dar continuidade. Eu possuo uma associação chamada Medalha de Ouro, com este objetivo de auxiliar crianças a praticarem o atletismo.
Em 2012 você também iniciou sua experiência como palestrante?
Fabiano Peçanha – É muito gratificante poder expor uma trajetória de vida, mostrando os caminhos da escola até uma Olimpíada. Também dicas de como atingir os objetivos, baseadas nas formas próprias e vividas sobre como foi possível alcançar os sonhos. As palestras estão sendo bastante apreciadas em escolas, universidades e empresas.
O que você terá pela frente em 2013 em termos de competições?
Fabiano Peçanha – Para 2013 a principal competição será o Campeonato Mundial de Atletismo de Moscou, em agosto. Mas, além disso, teremos os Meetings internacionais do Brasil e da Europa, além do Campeonato Nacional. A primeira prova do ano será o Campeonato Brasileiro Militar de Cross Country, dia 17 de janeiro no Rio de Janeiro. O ano mais uma vez será bem agitado.
