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Que tempos!

Mesmo querendo trocar de pauta, os pensamentos voltam para a realidade que estamos vivendo: coronavírus.

É dolorido não poder receber os netos que outrora ocupavam todos os espaços das casas dos avós, enchendo de vida todos os recantos, pulando em cima das camas para desespero das avós… De repente, tudo silenciou, as camas estão arrumadinhas.

Como guardiões da infância, nós temos de patrocinar algum encanto, sem colocar em risco as pequenas vidas, talvez passear com elas nos espaços viáveis e permitidos, e viajar através do tapete voador, dar asas à imaginação e visitar outros países e lá fazer a bagunça que aqui não pode.

Talvez seja aconselhável um olhar para o lado e inspirar-nos em pessoas brilhantes que nos deixaram um legado, como Santo Agostinho: “Os tempos são maus, os tempos são difíceis, dizem as pessoas. Procuremos viver bem, e os tempos serão bons. Nós somos os tempos. Assim como nós são os tempos”.

Da mesma forma, a escritora francesa Christiane Singer: “No curso do caminho da minha vida cheguei à certeza de que as crises acontecem para evitar o pior. Como exprimir o que é pior. O pior é ter atravessado a vida sem naufrágios, isto é, ter permanecido à superfície das coisas, ter dançado o baile das sombras, perdidos na inconsistência. Ter ficado aprisionados no pântano do diz que diz das aparências, dos lugares comuns e não ter sido jamais precipitado, não ter ido jamais até o fim e até o fundo de uma dimensão profunda de si e das relações. Na falta de mestres, na sociedade em que vivemos, são as crises os grandes mestres que têm alguma coisa a ensinar-nos, que podem ajudar-nos a penetrar noutra dimensão, na profundidade que dá sentido à vida”.