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Reajuste de salário divide a Câmara

Foto Luana Ciecelski

Líderes do Sinfum estiveram presentes na reunião e pediram que a sessão fosse adiada

LUANA CIECELSKI
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A Prefeitura e o Sindicato dos Funcionários Municipais (Sinfum) de Santa Cruz do Sul terminaram a semana passada sem um acordo sobre os percentuais de reajuste do salário para 2015, no entanto, mesmo assim, a Prefeitura encaminhou nessa semana à Câmara de Vereadores o projeto de lei 059/2015 que trata do assunto. Ele foi votado nessa sexta-feira, 24 de abril em uma sessão extraordinária convocada pelo prefeito Telmo Kirst. A pauta gerou debates entre os vereadores na casa do povo, mas por fim foi aprovada com o voto de desempate da vereadora e presidente da  Câmara, Solange Finger (PTB).
Apesar de o sindicato não ter aprovado os 6% de reajuste salarial, solicitando 10% à Secretaria de Administração na última semana, uma das dúvidas da classe era com relação ao pagamento da metade 13º salário que estava previsto para a próxima folha de pagamento, caso o projeto fosse aprovado. Com base nessa dúvida, no início da sessão, o vereador Wilson Rabuske (PT) interrompeu a sessão oferecendo ao sindicato uma oportunidade de manifestação. O presidente do Sinfum, José Bonifácio Almada solicitou que a reunião fosse adiada até a próxima semana.
A ideia seria realizar uma nova assembleia com os funcionários, para que eles pudessem escolher entre os 6% e os R$ 440,00 de vale alimentação, ou não receber nada e deixar que o projeto seguisse para a justiça. Almada justificou que a certeza com relação à preferência da classe poderia influenciar nos votos. Alguns vereadores de oposição ao governo chegaram a apoiar a ideia. “Eles tem o direito de decidir se querem isso ou nada. E ele têm inclusive o direito de mudar de opinião, já que estão sobre pressão de ficarem sem o adiantamento de metade do 13º salário”, defendeu o vereador Alberto Heck (PT).
No entanto, o líder da base de governo, Edmar Hermany (PP), após realizar contato com o Prefeito Telmo Kirst, não aceitou o adiamento e a Presidente da Câmara teve que acatar a ordem, já que a sessão estava sendo convocada pelo poder executivo. “Nas palavras do prefeito, o executivo já recebeu a proposta, já anunciou que não é possível pagar mais, e já recebeu a recusa do sindicato. A folha de pagamento já está sendo preparada para rodar nesse sábado com aumento de 6%. O prefeito pede que seja votado hoje”, declarou Hermany.

A votação

Durante os debates, quase todos os vereadores manifestaram suas posições no palanque. Não à toa, a sessão que iniciou às 11 horas, foi encerrada apenas por volta das 15 horas. No total, foram 7 votos contra e 8 votos a favor.
Um dos destaques foi a fala do vereador Ari Thessing (PT) que foi ao plenário da Câmara levando uma lupa nas mãos e uma lista de promessas de campanha do Prefeito Telmo Kirst.     “Acho que o salário está muito abaixo da expectativa que foi criada com as promessas de campanha”, falou ele. “Se for para o judiciário decidir, que ele decida, mas não podemos receber chantagens”, falou também, referindo-se a condição apresentada pela prefeitura de não pagar o 13º terceiro. Thessing, no entanto, também criticou o sindicato por não ter apresentado um documento ou índice oficial aos vereadores, mostrando qual sua posição.
Outro ponto importante foi a resposta que o vereador Edmar Hermany (PP) deu a Thessing. Também como uma lupa em mãos, o vereador destacou os feitos do governo até o momento, em especial as mudanças que na sua visão beneficiaram o funcionalismo. Após declarar que votaria a favor, ele ainda questionou os vereadores que votaram contra sobre o reajuste do salário. “Eu quero saber se os vereadores que votaram contra vão devolver o dinheiro do aumento que nós vamos aprovar aqui hoje?”, perguntou.
A vereadora Rejane Henn (PT), por sua vez, criticou os servidores que não estavam na Câmara de Vereadores cobrando uma votação que fosse favorável à opinião deles e questionou sobre a distinção de categorias. “Professores não vão receber o aumento porque já receberam o piso. Por que não categorizam os CCs também?”, questionou. Por fim Rejane votou contra a aprovação dos 6% explicando que respeitaria a decisão tomada pelos funcionários na última assembleia.
Por fim, a presidente da Câmara, ao dar seu voto de minerva, esclareceu que votaria pensando num todo e que não estava “atrelada” ao governo municipal. “Preciso pensar no que é bom num todo e não no que vai me eleger. Também acho que 6% é muito pouco, mas eu não posso dizer de o ideal é 10% ou 12%, e sim, dizer se os servidores vão ganhar ou não”, esclareceu. “Ontem conversei com muitos servidores e a maioria pediu que eu votasse pela aprovação desse percentual”, finalizou Solange.


Projeto de autoria do executivo que dividiu os vereadores

Sinfum pode declarar greve

O projeto aprovado volta agora para a prefeitura para ser sancionado. Além do aumento na remuneração, ele eleva o valor do auxílio‰Ûalimentação dos atuais R$ 415,00 para R$ 440,00.
O Sinfum, segundo o presidente José Bonifácio Almada, realizará na próxima semana uma nova assembleia com os funcionários municipais para decidir o que será feito. “A nossa decisão foi expressa e não foi acatada. Não achamos isso bom. Vamos chamar a categoria ainda na próxima semana para consultar a todos sobre o que fazer agora”, disse ele. “Não posso dar minha opinião própria, preciso conversar com todos, mas pode ser que seja realizada uma paralização”, pronunciou.
Na última quarta-feira, 22 de abril, o sindicato entregou à Secretaria de Administração um documento onde declarava Estado de Greve pela falta de acordo. Após 72 horas da entrega do documento, o sindicato poderia deflagrar a greve.