Início Geral Redução nas linhas de ônibus prejudica moradores do interior de Santa Cruz

Redução nas linhas de ônibus prejudica moradores do interior de Santa Cruz

Paralisação das aulas devido à Covid-19 é o principal motivo pelo corte nos horários

Por: Ricardo Gais
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“Fiquei desde o início da pandemia sem ir à cidade devido aos horários de ônibus”, disse Marlise – Foto – Ricardo Gais

A pandemia do novo coronavírus afetou todos os setores, tanto na área urbana como no interior de Santa Cruz do Sul. Com as aulas paralisadas desde o mês de março deste ano, o transporte coletivo do interior teve o horário de suas linhas alterado, o que acaba prejudicando os moradores da região que dependem deste meio de transporte para realizarem suas atividades.

Responsável pelo transporte coletivo no interior do Munícipio, a Sayonara Auto Viação Monte Alverne teve que fazer cortes nos horários dos ônibus que fazem o trajeto Monte Alverne/Centro de Santa Cruz, com isso, as pessoas que necessitam deste meio de transporte tiveram que se adequar à nova realidade e buscar alternativas para vir à cidade.

Marlise Maria Werberich, de 73 anos, reside em Quarta Linha Nova Baixa, trajeto este que foi afetado pela redução no horário do coletivo. Ela conta que desde o começo da pandemia em Santa Cruz, o transporte público parou e retornou há cerca de um mês, mas circulando apenas dois dias por semana. “Ficou difícil para se deslocar para a cidade para pagar as contas e outros afazeres, mas entendo que também está sendo difícil para a empresa”, disse.  

De acordo com Josias Sulzbacher, gerente da Sayonara, antes da pandemia o horário da linha de ônibus era de segunda a sexta-feira, no período da manhã e tarde, mas nesses últimos meses o horário do coletivo seguiu conforme a demanda. “Chegamos a fazer um teste no horário da manhã, mas percebeu-se que pela queda no número de passageiros o horário não se justificava”, disse. Conforme Josias, na linha que saía de Monte Alverne, pelo trajeto de Quarta Linha Nova Baixa, até chegar em Linha Pinheiral, embarcavam entre três a seis pessoas, fato este que levou ao corte nos horários.

Assim como na localidade de Marlise, demais regiões do interior tiveram redução nas linhas de ônibus, como Boqueirão, Linha Saraiva, Pinheiral entre outras que a empresa atende. “Não foi algo específico, mas esse trajeto que passa por Seival é o mais fraco”, frisou Josias. O gerente conta que a população afetada entrou em contato com a empresa para que houvesse algum horário de ônibus, portanto se colocou um horário em dois dias da semana, no trajeto Monte Alverne – Seival – Santa Cruz, nas segundas e sextas, com ida ao meio-dia e retorno às 16h20. “Dentro desse horário as pessoas conseguem realizar seus afazeres na cidade, visto que a maioria das pessoas que vem trabalhar na cidade utiliza outros meios de locomoção como o próprio carro”, pontuou o gerente da empresa.

A moradora conta que depois de quase seis meses da parada dos ônibus, na semana passada ela pôde vir com o transporte para Santa Cruz. “Como eu não conseguia mais ir para a cidade, meus netos realizavam as coisas por mim. Com o retorno do ônibus, neste mês foi a primeira vez que pude ir para a cidade e esse horário duas vezes na semana já vai ajudar bastante. No entanto, temos que marcar, por exemplo, a consulta médica no dia em que tem o ônibus na localidade”, disse Marlise. “Anos atrás o ônibus circulava todos dias e era uma maravilha, pois a gente podia escolher o horário que ficava melhor para nós, mas se tirar totalmente a linha de ônibus vai fazer muita falta”, lamentou.

“Nossos horários são 100% dependentes das aulas, enquanto elas não voltarem, não vai se retornar com as linhas normais”, argumentou Josias. Ele ressalta as condições das estradas e leis de gratuidade da passagem para alguns passageiros, o que também afeta o transporte coletivo. “Com essas condições e com a baixa quantidade de passageiros, estamos pagando para trabalhar”, finalizou.