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Responsabilidades compartilhadas com a mãe

Papai Vinícius com a pequena Maia e a mamãe Raquel Concatto (Foto: Arquivo Pessoal)

Em 2021, a plataforma Situação dos Pais no Mundo, relatório global sobre o envolvimento dos homens na paternidade e nos primeiros cuidados com o bebê, apontou que 85% dos entrevistados fariam o que fosse preciso para estarem muito mais envolvidos no início das etapas de cuidar de um recém-nascido ou filho adotivo. No entanto, o mesmo estudo revela que a intenção é ambiciosa, já que culturalmente essas são obrigações das mulheres e faltam políticas no ambiente de trabalho que apoiem os pais nesse sentido.

Por isso, pensar em políticas que possibilitem a inclusão dos pais nessa rotina dos primeiros cuidados com os filhos é um passo importante. Um exemplo do que tem sido adotado por empresas no mundo todo é a licença-família. Ela reconhece direitos e deveres do pai em relação à criança e a necessidade do compartilhamento das obrigações da vida familiar em prol da equidade. Um movimento importante na direção do rompimento com a desvantagem profissional vivenciada pelas mulheres justamente pela possibilidade de engravidarem e ficarem afastadas do trabalho por muitos meses.

Primeiros dias são marcantes

Vinicius Cruz, engenheiro da Japan Tobacco International (JTI) há dois anos, pôde exercer, em janeiro deste ano, seu direito à licença-família estendida de 28 dias. Ele descreve que foram dias de dedicação extrema, nos quais dividiu com a esposa a responsabilidade pelos primeiros cuidados com a filha Maia.

“Vivi intensamente a experiência da paternidade. Troquei as primeiras fraldas, dei o primeiro banho. Todo esse processo dos primeiros dias gera uma carga emocional enorme, sendo fundamental estar presente por inteiro”, comenta. Na JTI, a licença-família contempla todos os colaboradores que se tornam pais mediante gravidez, adoção ou barriga solidária, independentemente de gênero ou orientação sexual.

Direito e valorização

Pela legislação brasileira, a licença-paternidade varia entre 5 e 20 dias. Mas a política global da JTI prevê licença-família estendida de 28 dias (quatro semanas) para pais e de 140 (20 semanas) a mães. No caso de casais LGBTQIAP+, o benefício da empresa considera 20 semanas de licença ao cuidador primário e quatro semanas ao secundário.

A partir de janeiro do ano que vem, a empresa vai equiparar o tempo de afastamento, concedendo 20 semanas de licença remunerada a todos os colaboradores, independentemente de gênero e orientação sexual, que se tornarem pais e mães seja por gravidez, adoção ou barriga solidária.

Para Thiago Dotto, diretor de Pessoas & Cultura da JTI, empresas que adotam políticas voltadas à equidade têm trabalhadores mais produtivos e engajados com os valores da instituição. “A disponibilização desse benefício valoriza o ser humano, favorecendo o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Na JTI, reconhecemos a importância do trabalho, mas incentivamos que os colaboradores não vivam apenas para ele, colocando a família e as relações em primeiro lugar”, defende o executivo.

Segundo Vinícius, a concessão do benefício demonstra o respeito e a importância que a empresa dá aos colaboradores. “A paternidade nos faz pensar muito sobre a vida e valorizar o que temos. Todo esse contexto compõe os aspectos necessários para um profissional se sentir motivado, resultando em uma relação ‘ganha-ganha’, já que pessoas motivadas acabam gerando melhores resultados”, observa.

Rumo à igualdade

A licença estendida para pais é um passo importante à igualdade de gêneros no mercado de trabalho, mas ainda são poucas as empresas que adotam o benefício. Vinícius sente-se privilegiado por trabalhar em uma companhia que lhe permitiu exercer a paternidade ativa desde os primeiros dias de nascimento da Maia, sendo possível criar uma conexão com o bebê logo no início. “Voltei ao trabalho na minha melhor versão! Foi um misto de sentimentos bons poder retornar ao ambiente profissional com a certeza de um bom alinhamento de expectativas entre empresa e empregado”, comemora.

Para ele, os dias em que ficou em casa fizeram toda a diferença. “Isso nos possibilitou construir um ambiente saudável, viver e sentir tudo que há de bom com a chegada de um bebê. E ter consciência para saber lidar com os momentos de exaustão e estresse causados pela privação do sono, por exemplo, algo inerente ao processo”, relata.

O primeiro Dia dos Pais

Vinícius celebra a realização de tornar-se pai no significado exato da palavra, certo de que seu apoio foi efetivo para a construção de um vínculo afetivo rico e saudável. “No ano passado, meu presente de Dia dos Pais foi a foto de um ultrassom e já foi uma experiência emocionante. Agora, a bebê da foto está no meu colo e cada dia vivido com ela é indescritível. Tenho certeza de que a data será tão especial quanto tem sido todos os meus dias desde a chegada da Maia”, define ele, às vésperas do seu primeiro Dia dos Pais.