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Ser fashion é conhecer-se

“Primeiro conhece-te a ti mesmo, depois adorna-te de acordo”. Esta frase do filósofo grego Epíteto (55 – 135 d.C.) foi citada na introdução da palestra da consultora de moda Kharina ds Oleksiuk, artista plástica com pós-graduação em moda em Florença, na Itália. Sábado, 29 de setembro, Kharina fechou com chave de ouro a Semana de Moda do Max Shopping Center, em Santa Cruz do Sul. Uma palestra extremamente bem conduzida do início ao fim. Kharina interagia com o público presente. Citou vários estilistas famosos e as identidades de suas grifes. Vestir-se requer identidade. Identidade requer autoconhecimento. Conhecer o próprio corpo, os gostos, os sentimentos, o próprio espaço. Só depois de saber quem somos, e sobretudo quem queremos ser, conseguiremos nos vestir de acordo.
Na palestra, em sua maior parte dirigida para mulheres, Kharina citou Coco Chanel (1883 – 1971): “Vista-se mal e notarão o vestido. Vista-se bem e notarão a mulher.” Esta mesma estilista francesa disse também: “A moda sai de moda, o estilo jamais”. Kharina fez comparações de estilos com exemplos de roupas, calçados e acessórios. Ensinou a ser seletivo sem mudar o guarda-roupa a cada estação. As tendências de moda podem ser acompanhadas com toques sutis de cores ou formas, mas nunca, jamais vendendo sua personalidade a modismos passageiros. Tem-se que saber quem se é, e isso ser compatível com o que se quer vestir e usar. Pode-se, sim, mudar de estilo. Isso porque não somos os mesmos a vida inteira. Ainda assim devemos manter coerência a cada tempo.
Na palestra Kharina falou da feminilidade dos cabelos compridos, e da mulher ter coragem de cortá-los quando isso lhe cai bem. Tenho a minha opinião própria a este respeito. A função fisiológica dos cabelos das mulheres vai muito além de proteção do crânio. Na fase adulta é, sem dúvida, um atrativo sexual, seja isso de forma consciente ou não. Entretanto, na medida em que a mulher amadurece aumenta a tendência de encurtar o comprimento dos cabelos. Uma mulher pode se achar madura aos 20, outra aos 40, e isso é muito pessoal. O fato é que o aumento da autoestima, da argumentação sábia, da maior visão de vida e mundo, esse conjunto de coisas vão dando lugar aos apelos da naturalidade, e não mais das caras e bocas, nem de revoadas de longos cabelos, provocadas por movimentos repentinos da cabeça aos lados. Ainda assim, uma mulher de qualidades pode ter cabelos longos. Mas uma mulher de conteúdo, de consistência de pensamentos, é mais observada por sua postura natural, pelas linhas do seu rosto, pelo brilho dos seus olhos.
Salto alto? Sim, se combinar com seu estilo, mas não sempre nem em qualquer lugar. Não no trabalho, por exemplo. Perfume? Claro, sempre que possível, mas discreto, ainda que marcante.
São muitas as nuances do vestir-se e do postar-se que levam ao saudável jogo da sedução e do encantamento. Especialmente porque, no início do jogo, o primeiro passo é seduzir-se e encantar-se por si mesma. Não é uma questão de pedantismo vulgar, mas de autoestima, uma decorrência dos ajustes pessoais gerados pelo exercício do autoconhecimento. Estes tópicos são abordados no curso “Faça as Pazes com o Espelho”, ministrado pela consultora Kharina ds Oleksiuk ([email protected]) a pequenos grupos. O que mais acho interessante na sua proposta é, ao invés de buscar tendências de moda, buscar o estilo pessoal de cada um. Isso te parece claro e fácil? Então, caso ainda não o faças, sugiro que comeces, ou pelo menos tente. Muitos precisam de um mediador, um orientador, um facilitador. A busca do próprio estilo poderá mudar seu espelho, e encontrar nele uma nova autoimagem. Os maiores prêmios poderão não estar no encontro, mas no exercício da busca.