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Sonho de reviver época de ouro segue aceso

Basquete santa-cruzense tornou-se nacionalmente reconhecido após a conquista do título nacional em 1994. Hoje, UniCo dribla a falta de incentivo financeiro para se manter no NBB, principal competição da modalidade

Equipe encara clubes renomados, como Franca e Flamengo, no Novo Basquete Brasil, o NBB
Fotos: Vinícius Molz Schubert

LUÍSA ZIEMANN – [email protected]

17 de abril de 1994. Essa data fez parte do calendário do basquete brasileiro e se tornou um marco para Santa Cruz do Sul. Há exatos 25 anos, o Pitt/Corinthians conquistou o título nacional. O primeiro e único troféu de uma equipe gaúcha na história foi mérito de uma equipe sem jogadores da seleção brasileira. Após duas derrotas em São Paulo, os gaúchos lotaram o ginásio Tesourinha, em Porto Alegre, por três dias seguidos. Foram três vitórias consecutivas, que derrubaram a hegemonia paulista nas quadras nacionais. Era a época de ouro do basquete santa-cruzense.

De lá pra cá, porém, muita coisa mudou. Hoje, os projetos no basquete caminham a passos lentos no município. O UniCo – fusão dos clubes União e Corinthians – disputa o Novo Basquete Brasil (NBB) com equipes de alto nível, como Franca, Flamengo e Minas, e encara de frente a batalha da desigualdade financeira existente entre as agremiações que estão no mesmo campeonato. O diretor de Basquete do União Corinthians, Diego Puntel, lembra que fazer esporte no País, principalmente no interior dos Estados, longe dos grandes centros, não é uma tarefa fácil.

A equipe santa-cruzense vive uma árdua luta contra a falta de incentivo financeiro. “A busca por patrocinadores e recursos é constante. Porém, para enfrentar as competições que o União Corinthians se propôs a disputar, entre elas o NBB, o clube estipulou um orçamento dentro das suas possibilidades e vem tentando se manter com estes recursos”, explica. “As dificuldades, evidentemente, são grandes, mas, quando nos propomos a fazer basquete em Santa Cruz do Sul, sabíamos que seria complicado.”

Puntel salienta que a entidade precisa estar sempre pensando à frente. “Ao mesmo tempo em que ainda precisamos patrocinadores até o final deste NBB, já precisamos pensar na próxima temporada”, explica. “Mas uma coisa é certa: sem investimento, não tem como manter uma equipe na principal competição da modalidade no País.” Por isso o apoio da torcida e de empresários do município é tão importante. “Precisamos, além do patrocínio das empresas, do apoio do torcedor se associando. O santa-cruzense não tem essa tradição de ser sócio em nenhum esporte, nem mesmo o futebol. Mas esse apoio é importante para auxiliar nos compromissos do clube.”

Com um orçamento muito menor do que os clubes do centro do País, o UniCo tenta driblar as dificuldades financeiras para se manter no NBB. Hoje a equipe ocupa o penúltimo lugar na tabela, com 20 pontos, à frente apenas do Rio Claro. “É claro que acaba gerando uma diferença técnica na competição. A tabela de classificação mostra exatamente isso: clubes com maior aporte financeiro têm possibilidades de contratar jogadores mais caros e isso traz resultados melhores, na maioria dos casos. Esses estão no topo da tabela”, lamenta o diretor de basquete.

Mas nem mesmo o desgaste em busca de recursos e a falta de apoio farão o UniCo desistir de colocar Santa Cruz do Sul de volta em evidência no cenário do basquete nacional. “Temos um projeto que ainda está nos seus primeiros anos e que precisa de tempo para ter resultados mais expressivos. O trabalho vem sendo feito, mas sabemos das diferenças econômicas e técnicas”, salienta Puntel. “O importante é manter o foco e continuar consolidando o projeto, incentivando as categorias de base e buscando acertar nas contratações.”

O diretor lembra que o basquete santa-cruzense carrega resultados históricos e que o município é reconhecido nacionalmente por respirar a modalidade na década de 1990. Por isso, a cobrança em torno do retorno daquela época de ouro se torna maior. “Se analisarmos, o projeto da época levou alguns anos para conquistar resultados expressivos, como o título nacional em 1994. O nosso projeto tem bons resultados nas categorias de base e a conquista de um título nacional em 2021, no campeonato promovido pela Confederação Brasileira de Basketball”, salienta.

Além disso, para o diretor, a participação no NBB 2021/22 e no primeiro turno da temporada 2022/23, ainda que modesta, deve ser valorizada. “Planejamos retornar à principal competição do cenário nacional e mostrar a seriedade do projeto para conquistar novos patrocinadores, que garantam mais investimento e um orçamento maior para contratações mais ousadas.”

FOCADO NO FUTURO

Longe da posição que almeja alcançar, o UniCo agora trabalha com o objetivo de subir na tabela no segundo turno. Tarefa que não vai ser fácil. No dia 17 deste mês, a equipe perdeu para o Caxias do Sul, no Ginásio Arnão, de 74 a 72. Agora, o clube vai até a capital do Brasil. Na próxima quinta-feira, o UniCo enfrenta o Cerrado, às 20 horas, no ginásio da Associação dos Empregados da Companhia Energética de Brasília.

Focado em aprimorar o trabalho da equipe liderada pel técnico Athos Calderaro, o clube sonha com um futuro promissor. “O esporte não é uma ciência exata. Ao longo da competição, alguns percalços acontecem, como lesões que nos tiram atletas importantes, tempo de adaptação de jogadores ao clube, insegurança pela compromisso de representar a camiseta de um clube tão tradicional no cenário do basquete”, afirma Puntel. “Fica o sentimento de que poderíamos ter resultados melhores, mas esperamos que neste segundo turno tudo o que foi planejado dentro e fora da quadra aconteça com mais naturalidade e o clube consiga finalizar a competição numa posição melhor.”

Outra linha de trabalho do UniCo com olhos no futuro são as categorias de base. “Temos convicção que este é um dos caminhos para formarmos atletas que nos representem e que possam se destacar no cenário nacional”, salienta Puntel. “Seguimos investindo das categorias de base, e para isso também contamos com o apoio de entidades, empresas e do Poder Público.”

UniCo terá jogos na capital federal na próxima semana

Contra o Cerrado, time de Santa Cruz obteve a primeira das suas três vitórias no NBB 2022/23

O Distrito Federal será o destino do União Corinthians na semana que vem. O time de Santa Cruz terá seus dois próximos compromissos pelo Novo Basquete Brasil (NBB) 2022/23 na capital do Brasil. O primeiro deles será diante do Cerrado na quinta-feira, 2, às 20 horas, no ginásio da Associação dos Empregados da Companhia Energética de Brasília.

Dois dias depois, no sábado, 4, às 18 horas, será a vez do UniCo enfrentar o Brasília, em duelo na Arena Nilson Nelson. Os dois adversários candangos são concorrentes diretos do União Corinthians por vaga nos playoffs do NBB. A equipe do técnico Athos Calderaro voltará a se apresentar no Arnão, em Santa Cruz do Sul, nos dias 12, 16 e 18 de fevereiro, diante de Minas, São José e Flamengo respectivamente.