Início Geral Tecnologias e questões sustentáveis são o futuro de Santa Cruz do Sul

Tecnologias e questões sustentáveis são o futuro de Santa Cruz do Sul

Ricardo Gais
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Everton Oltramari . – Foto: Ricardo Gais

O secretário entrevistado desta semana é coronel da reserva, Everton Oltramari, natural de Porto Alegre. Ele está à frente da Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana, e recentemente assumiu a pasta da Comunicação de forma interina.

Everton foi oficial da Brigada Militar (BM), chegou até o posto de coronel, e em 2018 foi para a reserva. Ele trabalhou por 31 anos na BM, e nos últimos quatro anos de sua carreira foi secretário de Estado da Casa Militar, coordenador da Defesa Civil estadual e secretário adjunto da Segurança Pública do Estado. Everton é formado em direito e quando se aposentou começou a atuar como advogado em Porto Alegre.

No final do ano passado, Everton recebeu o convite da prefeita Helena Hermany para ser secretário de Segurança e Mobilidade Urbana. “Eu já frequentava a cidade, e optei pela qualidade de vida. Então surgiu esse convite”, contou. Everton também tem especialização em Gestão Pública Orçamentária. Por questões profissionais, ele assumiu a secretaria em fevereiro. “Foi até uma surpresa esse convite, quando eu era secretário de Segurança Adjunto do Estado, o Henrique Hermany era secretário de segurança aqui, então muitas vezes discutimos projetos e já nos conhecíamos”, sublinhou.

Confira a entrevista com Everton Oltramari, secretário de Segurança e Mobilidade Urbana, sobre os objetivos, planos e projetos futuros da pasta:

Riovale Jornal: Quais os objetivos já alcançados na área da Segurança no Município?

Everton OltramariA Secretaria de Segurança passou por uma reorganização. Saiu o Esporte e agregou a Mobilidade Urbana. Segurança e Mobilidade são de alta demanda, que atinge diretamente a vida das pessoas.

A segurança pública de Santa Cruz tem uma estrutura muito qualificada e os órgãos de segurança estaduais e municipais têm uma integração muito boa de trabalho. Nós temos uma Guarda Municipal bem qualificada com 70 profissionais bem preparados. Estamos começando a mudar um pouco o processo de trabalho deles, não só voltado para vigilância dos prédios públicos do Município. Como a legislação mudou, a guarda ganha mais atribuições da ordem pública. Estamos trabalhando para que eles atuem mais para a comunidade, fazendo patrulhamento ostensivo, policiamento comunitário e visitando os bairros. A vigilância dos prédios públicos queremos substituir por tecnologia eletrônica, e levar a guarda mais às ruas, nas escolas, patrulhando os bairros e os distritos. Os guardas municipais estão gostando muito disso.

Também lançamos o módulo avançado em Linha Santa Cruz, isso é uma nova dinâmica e que está dando certo. Criamos o Fundo Municipal de Segurança Pública, que nos permite captar recursos para investir na segurança.

Riovale: Haverá mais investimentos na Segurança, além dos já anunciados, como o de R$ 1 milhão anualmente para os órgãos?

EvertonA prefeita anunciou um aporte de R$ 1 milhão para os órgãos de segurança pública. Esse recurso será usado para ajudar nas despesas com equipamentos, munição, combustível e outros. É uma ajuda que o Município dá para o Estado, não tem nenhum outro Município que dê mais dinheiro para os órgãos estaduais do que Santa Cruz. Também foi anunciada a parceria com o Instituto Geral de Perícias (IGP) para construir o primeiro laboratório de perícias em drogas no Munícipio, que custa em torno de R$ 30 mil, e queremos, até final do ano, inaugurá-lo.

Queremos lançar ainda neste ano um programa de prevenção à violência, destinado para crianças e jovens do Ensino Fundamental e suas famílias que estejam em situação de vulnerabilidade social. Será um programa que envolverá todas as secretarias para prevenção desses jovens com a criminalidade e o tráfico de drogas. Queremos atrair os jovens para atividades que sejam mais interessantes e atingir na raiz da criminalidade.

Riovale: Como está o processo de cercamento eletrônico?

Everton Estamos trabalhando no projeto de cercamento eletrônico, do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), que envolve 15 municípios. Devem ser 500 câmeras inteligentes com reconhecimento facial e leitura de placa. O projeto ainda depende da autorização da Secretaria Estadual de Segurança, mas está pronto. Já podemos usar a lei de incentivo à segurança, que terá em torno de R$ 8 a R$ 10 milhões para implantá-lo. Isso vai ser fundamental para segurança. Seremos a primeira região do Estado monitorada. Há possibilidade de o projeto ser licitado este ano e implantado no ano que vem.

Riovale: Sobre a mobilidade da cidade, sabemos que há muitos veículos, o que começa a deixar o tráfego pesado, principalmente em horários de pico. Como a Prefeitura está avaliando essa situação para melhorar o trânsito sem deixar de pensar em questões sustentáveis?

Everton O transporte coletivo está em uma crise financeira, e não é só aqui que acontece. Santa Cruz, antes da pandemia, tinha 400 mil passageiros por mês e com essa situação caiu para 180 mil, atualmente. O que sustenta o transporte é a tarifa: quanto mais usuários, mais saudável é o sistema, quanto menos usuários, menos saudável será. Essa questão é o primeiro problema a ser enfrentado. Também conseguimos congelar a passagem e estabelecer um prazo de seis meses para fazer um estudo para reduzir os custos, readequar linhas, horários, para assim tornar o sistema autossustentável.

Outra questão que me chama a atenção é a alta motorização: são 75 veículos por 100 habitantes, taxa maior que de Porto Alegre, do Estado e do Brasil. Isso requer planejamento urbano, a cidade está crescendo. Precisamos desestimular o uso de veículos. Cidades desenvolvidas investem no transporte coletivo e não nos veículos individuais. Um ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa disse: “um País desenvolvido não é aquele que o pobre consegue comprar um carro, mas sim aquele em que o rico faz uso do transporte público”. A cultura do automóvel se propagou e temos que mudar isso. Na Europa, por exemplo, todas as pessoas andam de metrô, porque é um transporte de qualidade e com segurança. Aqui em Santa Cruz temos que criar um sistema com transporte público de qualidade, bicicletas compartilhadas, patinetes, os transportes por aplicativos, além de estimular as pessoas a caminharem.

O ideal também seria que ocorresse uma desconcentração do Centro da cidade e que os bairros sejam providos de comércio, serviço público e empregos, para que essa população não precise se deslocar por toda a cidade. Na Europa tem o movimento chamado de cidade em 15 minutos, de planejar a cidade, com locais onde a pessoa consiga ir para o trabalho, diversão, serviços de saúde em até 15 minutos. Isso é planejamento urbano, o que precisamos discutir aqui.

Riovale: Há projeções para realização de grandes obras no que se refere ao trânsito?

Everton Pensamos em obras para desafogar a cidade, como a da Travessa Dona Leopoldina, que receberá um acesso pela RSC-287 passando por Linha João Alves. Também está em nosso planejamento a construção do viaduto, no Bairro Arroio Grande, na região do Posto Três Coqueiros, e a duplicação da BR-471. Estamos sempre pensando no crescimento da cidade com a mobilidade.

Riovale: Pretende-se estender a abrangência do estacionamento rotativo?

Everton – Vamos estudar uma reestruturação do estacionamento rotativo na cidade para aumentar o número de vagas. Queremos implantar tecnologias, como parquímetros, câmeras de monitoramento de vagas, criar zonas diferenciadas na frente dos hospitais como a zona verde, onde a pessoa pode permanecer por mais tempo e com uma tarifa menor.

Se pretende expandir as quadras e o número de vagas. Sobre as perdas de vagas na Rua Marechal Floriano, o pedestre terá um ganho no ambiente de convivência. Estamos sempre pensando no pedestre, temos que pensar mais no pedestre do que no carro, mas sem deixar os motoristas sem alternativas.

Riovale: Há projeções futuras para implantação de novas ciclovias?

Everton Estamos com o planejamento de estimular o uso de bicicletas e precisamos aumentar a oferta de ciclovias. Queremos integrar diferentes formas de locomoção, as quais a pessoa pode fazer um trecho de bicicleta, outro de caminhada, pegar ônibus, uma forma que não precise usar o automóvel. Mas mudar a cultura da cidade leva tempo.

Riovale: Haverá mudanças de ruas para sentido único?

Everton O trânsito é dinâmico e estamos sempre ajustando conforme a cidade vai se desenvolvendo. Por enquanto não temos planejamento para mudanças, mas se alguma empresa se instalar em determinada via, teremos que planejar. A duplicação da BR-471 vai gerar impacto, então vamos ter que avaliar as ruas que desembocam na rodovia. Todas as mudanças no entorno da cidade impactam no Centro. Também temos um problema na Rua Gaspar Silveira Martins, pois é uma avenida estreita e com grande fluxo de veículos.

Riovale: Qual o maior problema na mobilidade urbana de Santa Cruz?

Everton –
O grande volume de veículos, esse é o problema principal. Já o segundo é o crescimento acelerado da cidade, para regiões em que não foi planejada a mobilidade, o que gera congestionamentos, pois as vias não acompanharam esse crescimento, por isso temos que fazer adaptações. Na Linha João Alves, na Avenida Léo Kraether, há um problema, pois a rua é estreita, sem acostamento e não houve investimentos naquela avenida, que futuramente vai ter que passar por reestruturação. Isso mostra que a cidade vai crescendo para algumas regiões, mas não há o planejamento de mobilidade urbana.

Riovale: Como foi receber o cargo de secretário interino de Comunicação?

Everton
A prefeita me chamou e me deu mais essa missão. Assumir interinamente a Secretaria de Comunicação. Como bom militar, para mim missão dada é missão cumprida. Vou me dedicar ao máximo, e considero a comunicação uma área extremamente importante, pois ela tem a responsabilidade de levar informação ao cidadão e de prestar contas do que o governo faz. A comunicação tem esse papel, de levar notícias, informar aquilo que o governo fez ou pretende fazer. Também um papel importante da área é realizar campanhas informativas para a comunidade, como por exemplo a de prevenção à dengue, o combate à pandemia. E criar canais de relacionamento direto com as pessoas, com transparência e agilidade.