Início Colunas Tem gente que leva em consideração apenas suas necessidades, nunca suas habilida

Tem gente que leva em consideração apenas suas necessidades, nunca suas habilida

Certa vez li sobre o jovem que visitou uma cidade e pediu para que o prefeito lhe mostrasse as riquezas do lugar. O anfitrião levou o visitante a um cemitério. Então, o rapaz perguntou indignado:
– O que estamos fazendo no cemitério?
E o prefeito respondeu:
– Aqui estão enterrados os maiores talentos de nossa cidade. No cemitério estão sepultados valiosos sonhos que nunca foram alcançados. Nas sepulturas encontram-se livros que não foram publicados, quadros que nunca foram pintados, empresas que jamais foram abertas, canções que não foram gravadas, ideias que nunca foram colocadas em prática… Os jazigos estão cheios de planos que não foram atingidos. É no cemitério que está sepultado todo o potencial do homem.
No feriado de finados não pude deixar de pensar a respeito: o interior de cada ser humano está cheio de grandes coisas que ele nasceu para fazer. E o segredo para realizar todos esses sonhos é não levar em consideração apenas as necessidades básicas para sobrevivência, mas principalmente as habilidades. Talvez por isso o apóstolo São Paulo, entre 53 e 58 D.C; da prisão, alertou aos habitantes de Filipos: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus”.
Em outras palavras, o que ele disse é que, se crermos que Deus pode suprir nossas necessidades, estaremos livres para liberarmos nossos dons, talentos e habilidades e assim, cumprir com a nossa missão.
Mas porque há os que morrem cheios de planos não atingidos e enriquecem ainda mais o cemitério?
Ano passado, ao dar uma palestra para os alunos da Escola Dinah Néri Pereira, no Bairro Noêmia, em Cachoeira do Sul, um garoto me perguntou:
– Tio, tenho 15 anos e quero ser jogador de futebol.
– Olha, vá até o Estádio Joaquim Vidal e faça um teste no time juvenil do Cachoeira ou do São José? – recomendei.
Ele me olhou abismado e rebateu:
– Como eu vou até lá?
– Ué! Pega um ônibus – respondi incomodado.
­– Não dá. Se eu gastar com o ônibus vai faltar grana lá em casa – justificou cabisbaixo.
Eu não soube o que dizer. O garoto havia nascido com o anseio de vencer na vida e, talvez, Deus o tenha dotado com os recursos de que precisa para buscar o sucesso. Entretanto, pareceu ser apenas mais um garoto talentoso que leva em consideração apenas suas necessidades, nunca suas habilidades.