Início Geral Turismo rural | Memórias, boa gastronomia e tranquilidade do campo são apostas

Turismo rural | Memórias, boa gastronomia e tranquilidade do campo são apostas

Duas iniciativas do Projeto Qualifica Turismo Vale do Rio Pardo foram apresentadas em visita da imprensa

Fotos: Fabrício Goulart
Casa Paulina está localizada no interior de Venâncio Aires

Fabrício Goulart
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O pão de queijo é quentinho, recém saído do forno. O croissant, recheado com frango, é macio e quase se desmancha na boca. Com o cafezinho preto passado na hora, parecem ser a combinação ideal para servir-se do bolo de laranja, que foi finalizado com uma calda escorrendo pela bandeja. Na Casa Paulina, na Linha Olavo Bilac, no interior de Venâncio Aires, o dia começou assim na última quinta-feira, dia 14.


Na data, a imprensa da região foi convidada a prestigiar dois empreendimentos que compõem o turismo rural do Vale do Rio Pardo. O convite partiu da cooperativa Sicredi Vale do Rio Pardo, em promoção da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales) com parceiros.


Pouco depois das 8h, a comitiva já estava na casa para saborear o café, na primeira das duas visitas. A Casa Paulina é um empreendimento novo, que no momento abriga eventos. Mas, como explica o proprietário, Lauri Paula Meurer (61), a ideia é diversificar. “Os eventos normalmente são noturnos, então causam alguma perturbação”, lamenta, ao lembrar que a vizinhança é toda residencial.


A casa principal, que sustenta o enigma de uma data de construção, é toda de pedra. Recentemente passou por uma grande restauração, que contou com a troca do forro e de parte do piso de madeira, atingido pela ação do tempo. Para celebrar, 1926 é o ano adotado: foi quando a família Meurer adquiriu a propriedade e se mudou para lá, há quase cem anos.

Lauri Paulo Meurer mostra utensílios utilizados pela
família por gerações


O proprietário possui muitas lembranças, e faz questão de destacá-las a cada volta pela residência. O berço em um dos cômodos, os quadros da família pelas paredes e até objetos que precisaram ficar de fora com a reforma. É o caso de uma saudosa cama de ferro que, nas palavras de Lauri Meurer, foi atingida por goteiras e se desmanchou. Por conta disso, móveis garimpados pelo país dividem espaço com peças originais.


A Casa Paulina, que recebeu o nome em homenagem à avó do empreendedor, esbanja beleza com suas janelas verdes, adicionadas com a restauração. Quando criança, Meurer diz que apenas cortinas bloqueavam a entrada da luz, sem venezianas. “Eu tinha muito medo em períodos de tempestade”, conta.


Segundo o relato, ele foi o primeiro de quatro filhos a não nascer na propriedade, mas em um hospital, em 1962. Viveu ali até os 23 anos, quando deixou de trabalhar na lavoura por problemas na coluna. Dentre as várias lembranças que rememora, lembra da falta de energia elétrica e da utilização de querosene nos lampiões.


A administração do empreendimento é dividida com a esposa, Rosirlei Cristine Hamester (53). Para o futuro, vislumbram talvez um restaurante que funcione nos finais de semana, como outros no Estado, em diferentes regiões. O futuro se mostra incerto, mas com uma certeza: a de atrair visitantes para as memórias da família.

Daniel Beuren e Eveline Schmitt, junto dos filhos
Augusto e Amanda

Um refúgio para a figueira

A segunda parada da comitiva foi em uma imponente propriedade em Dona Josefa, no interior de Vera Cruz. A experiência gastronômica foi um dos fortes e três tipo de massa foram servidos: alho e óleo, ao pesto e carbonara. Os pratos merecem uma observação. Foram servidos pela primeira vez, especialmente para a ocasião.


O Refúgio da Figueira já é conhecido na região. Durante alguns dias da semana, oferece diferentes sabores de pizza e também fondue, e as reservas possuem fila de espera. Tamanho sucesso deve ser explicado por uma série de fatores, que vão da minucia com que os pratos são feitos – a partir de estudos – ao cuidado com a propriedade, organizada para atrair os olhos e fazer sucesso em fotos para as redes sociais.


O espaço também é a moradia dos proprietários, Daniel Beuren e Eveline Schmitt, junto dos filhos Augusto e Amanda. Todos estão envolvidos diretamente no empreendimento. Da cozinha – onde Beuren é o chef –, à decoração – Eveline é arquiteta – e ao atendimento, feito pelos filhos.


A ideia começou após um problema de saúde de Eveline, que acabou aproximando todos em torno de um projeto comum. Aos poucos foram aumentando os dias de evento, até que a própria cozinha já não servia mais e precisou ser ampliada. Hoje, são muitas as ideias, mas cada passo é dado com cautela pela família.


O nome da propriedade é em homenagem a um imenso salgueiro logo na entrada, junto a um muro de pedra. A cena rural, junto de um balanço, mostra-se ideal para os vários registros fotográficos realizados pelos visitantes. Uma atenção ao paladar e aos olhos.

Qualifica Turismo

O passeio turístico visitou dois projetos inseridos no Projeto Qualifica Turismo Vale do Rio Pardo, realizado a partir de uma parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Sicredi Vale do Rio Pardo RS, Sicredi Centro Serra RS, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Associação de Turismo da Região do Vale do Rio Pardo (Aturvarp).


O vice-presidente da Sicredi Vale do Rio Pardo, Coraldino da Silveira, participou das visitas e se disse alegre com as descobertas. “Fiquei muito feliz com o resgate cultural do passado e de nossos entes queridos que já se foram. É mportante olhar e valorizar”, aponta. Segundo Silveira, os interessados em participar do projeto podem ingressar a qualquer momento.