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Um homem chamado Alfredo

O meu vizinho do lado,
Se matou de solidão
Ligou o gás, o coitado,
Último gás do bujão
Porque ninguém o queria.
Ninguém lhe dava atenção
Porque ninguém mais lhe abria.
As portas do coração
Levou com ele seu louro.
E um gato de estimação

Há tanta gente sozinha.
Que a gente mal adivinha
Gente sem vez para amar,
Gente sem mão para dar
Gente que basta um olhar,
Quase nada
Gente com os olhos no chão.
Sempre pedindo perdão
Gente que a gente não vê.
Porque é quase nada

Eu sempre o cumprimentava,
Porque parecia bom
Um homem por trás dos óculos,
Como diria Drummond
Num velho papel de embrulho.
Deixou um bilhete seu
Dizendo que se matava,
De cansado de viver
Embaixo assinado Alfredo.
Mas ninguém sabe de quê

Vinicius de Moraes

“O Natal se aproxima! Vá ao seu vizinho do lado, dê um abraço fraterno, deseje-lhe paz, saúde, felicidade. Com esta atitude, faremos um mundo melhor”.

“O dia em que a ideia surge é o melhor dia para executá-la.” (Irmãos B. Ribeiro)