A Bossa Nova é um gênero musical brasileiro de beleza sui generis, com fortes influências do samba e do jazz americano, é caracterizada pelo estilo vocal suave e pelas revolucionárias harmonias tocadas no violão, as quais estão entre as mais sofisticadas e difíceis do planeta – aliás, no seu início (década de 50), alguns críticos e figuras culturais de destaque destetaram essas harmonias, porque juntavam alguns elementos ariscos do jazz (como a sua singular dissonância) e exigiam uma audição compreensiva apurada e um estudo demasiado para a sua execução; detestaram, também, o seu estilo de voz sussurrada, dado que as vozes nas músicas brasileiras, até então, se caracterizavam pelos tons extravagantes.
O grande culpado, a figura central por excelência desse novo gênero musical brasileiro, foi o músico baiano João Gilberto, que com Chega de Saudade (letra de Vinicius de Moraes e arranjos de Tom Jobim) fez surgir originalmente o ritmo “bossado” no violão, o qual ganharia o mundo e inspiraria novas e deleitosas melodias.
João Gilberto, entretanto, certamente não estava sozinho nesse processo de dar à luz, pois se o tomamos como tronco principal desse gênero, temos que tomar naturalmente outros como os ramos que embelezaram a sua ‘copa’: falo de Tom Jobim, de Carlos Lira, de Roberto Menescal, de Nara Leão, de tantos outros, mas, sobretudo, falo de um homem de caráter romanesco, boêmio e fomentador, de um diplomata brasileiro que, com fortes influências do poeta português Luís Vaz de Camões, ganhou a reputação de ser um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, bem como de ser o poeta mais querido entre os de alma bossista, estou falando de Vinicius de Moraes, o “poetinha”.
Sua paixão desenfreada pela vida e pelo amor brilhou em sua poesia e deixou uma marca indelével no legado da Bossa Nova. Apesar de sua profissão de alto perfil e solene, Vinícius de Moraes sempre foi um arquétipo de carioca boêmio, mantinha sempre um ar de romântico e um estilo pessoal descontraído e despreocupado.
As homenagens a Vinícius foram inúmeras ao longo dos anos. Por exemplo, no Bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, existe uma rua com o seu nome – é nessa rua que Vinicius de Moraes e Tom Jobim sentaram-se num bar e assistiram a uma bela jovem passear, a qual inspirou a canção Garota de Ipanema.
Vinícius nasceu no Rio de Janeiro, aos 19 de outubro de 1913, e faleceu na mesma cidade, aos 09 de julho de 1980. Esse é o ano em que se comemoram os 100 anos de seu nascimento. Muitas homenagens estão sendo preparadas para ovacionar a sua riquíssima contribuição à cultura popular brasileira. Nós, músicos da Santaconfraria, ao lado de nossos convidados especiais, também preparamos uma bela homenagem ao mestre. Será hoje, no Teatro Mauá, com início às 20h, um inesquecível show de Bossa Nova, um momento de união entre muitos artistas amigos, um momento de expressar no violão o nosso canto, que traduz na Bossa Nova o tamanho de nossa admiração pelo poeta.
Salve Vinicius de Moraes!
