Everson Boeck
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Às vésperas de uma semana de eleição, um dos momentos mais esperados durante o pleito para o cargo de reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) foi marcado, na noite da última quinta-feira, 31 de outubro, por momentos de tensão e troca de farpas entre os três candidatos. O debate, que durou cerca de uma hora e meia, mostrou o quão acirrada está a disputa entre Carmen Lúcia Helfer, Carlos Ayres e João Pedro Schmidt. A votação começa segunda-feira, 4, e encerra na sexta-feira, dia 8.
Com o auditório lotado, os candidatos apresentaram suas propostas e aproveitaram para provocar os adversários. O debate foi dividido em três blocos. No primeiro foram sorteadas perguntas elaboradas por diversos setores da universidade, as quais foram respondidas em ordem previamente sorteada. A questão era direcionada a um candidato, este respondia, outro tinha o direito de comentar e o primeiro podia, então, replicar.
Chamou a atenção que este debate abriu espaço para os candidatos a vice-reitores: EltorBreunig, Leonardo Fetter e Ana Zoé. Por alguns momentos eles tomaram lugar dos candidatos à reitoria e também se manifestaram respondendo aos questionamentos. Já no segundo blocoas perguntas eram feitas entre os candidatos, também por ordem previamente sorteada. O terceiro e último foi destinado para considerações finais, onde cada candidato teeve três minutos para se despedir e deixar sua mensagem.
Rolf Steinhaus
Pela primeira vez, três chapas estão concorrendo. Disputam Carlos Ayres e Leonardo
Fetter, Carmen Lúcia Helfer e EltorBreunig e também João Pedro Schmidt e Ana Zoé
CLIMA TENSO
Alguns demandas importantes como redução do valor das mensalidades, acessibilidade, burocratização, cursos com baixa demanda, diálogo com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Diretórios Acadêmicos (Das) e melhores condições para os técnico administrativos deixaram o debate mais acirrado.Também foi discutido sobre internacionalização e democratização dos processos da universidade.
Em pauta a política de reajuste de mensalidades durante a futura gestão, o candidato de oposição, Carlos Ayres, frisou que serão buscadas novas formas de receitas de um modo transparente e ouvindo os estudantes, com os quais deverão ser definidos os valoresnunca além dos níveis inflacionários. Neste sentido, João Pedro Schmidt frisou a importância da promulgação Lei das Universidades Comunitárias como uma das formas para atrair recursos públicos e reduzir o custo do ensino aos acadêmicos, podendo, assim, haver grandes chances de conquistar o tão sonhado ensino gratuito.Carmen Lúcia contestou afirmando que a lei só destina verbas para iniciativas específicas sem interferir nas mensalidades, mas João Pedro rebateu garantindo que a candidata não possuía pleno conhecimento da lei para fazer tal afirmação.
Outro momento que causou alvoroço no auditório foi quando Carlos Ayres perguntou qual seria o diferencial da candidata Carmen Lúcia, se eleita, em relação à atual gestão, tendo em vista que sua chapa é apoiada pelo reitor Vilmar Thomé. Ela elencou diversos projetos, mas frisou o aperfeiçoamento de processos e a criação de espaços de diálogo com todos os setores e a comunidade, paralelos a sua postura de liderança.
Ayres retrucou comentando que grande parte dos membros de seu grupoatuam na gestão em exercício e isso, para ele, não determina renovação. Carmen rebateu garantindo que a renovação se dará mantendo os projetos que deram certo e trouxeram bons resultadose focando na correção de falhas. Lembrou também, do papel da mulher na sociedade, como sendo a primeira a estar neste cargo.
Em outro momento de críticas, Carmen Lúcia questionou se a chapa de João Pedro não estaria excluindo pessoas que também tiveram participação no processo de democratização da universidadeao longo de sua história ao afirmar que seu grupo foi o responsável por isso. O candidato esclareceu que reconhece o trabalho dos colegas e não tinha a intenção de desmerecer o trabalho destes, ressaltando que estava apenas recuperando a história da Unisc.
Ao final do debate, no bloco das considerações finais, Carlos, Carmen Lúcia e João Pedro, trocaram elogios ao reconhecerem o bom trabalho que integrantes dos grupos adversários já realizaram.
PRESIDÊNCIA DA APESC
Todos os candidatos concordam, no entanto, que o cargo à presidência da Associação Pró-Ensino de Santa Cruz do Sul (Apesc) deve continuar com o reitor da Unisc. A manifestação se deu porque, durante a semana, a Associação das Entidades Empresariais (Assemp) mostrou interesse em obter o cargo, porém, rejeitada pelos três candidatos.
ELEIÇÃO COMEÇA SEGUNDA-FEIRA
O pleito eleitoral ocorre de 4 a 8 de novembro. Podem votar os mais de 12 mil estudantes, em torno de 500 professores e 800 funcionários e os 76 representantes das entidades integrantes da Assembleia Geral Comunitária da Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc), mantenedora da Universidade.
O voto é facultativo e tem peso de 40% para os docentes, 40% para os estudantes, 10% para os técnicos administrativos e 10% para a Assembleia Geral Comunitária da Apesc, considerando-se para o cálculo do percentual do peso do voto o total de votantes de cada categoria. As urnas estarão distribuídas no Hospital Santa Cruz (HSC) e nos campi da Unisc de Santa Cruz do Sul, Capão da Canoa, Montenegro, Sobradinho e Venâncio Aires. Mais de 300 pessoas vão atuar na organização. A tendência é de que o resultado seja anunciado no dia 10 de novembro, domingo.
Também serão realizadas, no mesmo período, as eleições para os cargos de coordenador e coordenador Adjunto de Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado e Doutorado; para chefes e subchefes de Departamentos; e para coordenadores e subcoordenadores de cursos.A cerimônia de posse será realizada em dezembro deste ano e a posse efetiva nos cargos ocorre no primeiro dia útil de janeiro de 2014.
Fotos: Rolf Steinhaus
Auditório Central da Unisc ficou lotado por professores, estudantes
e funcionários que acompanharam o debate

Carlos Ayres, Carmen Lúcia e João Pedro disputam o cargo














