LUANA CIECELSKI
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Depois de um período de férias, terá início nessa semana as sessões de 2018 da Associação Amigos do Cinema de Santa Cruz do Sul. Os encontros, que acontecem todas as terças-feiras, às 20 horas na sede do Sindibancários, iniciam hoje, dia 20, com a exibição do clássico “Orfeu Negro”, filme de Marcel Camus, lançado no Brasil, França e na Itália, em 1959.
Assim como nos anos anteriores, as sessões da Amigos do Cinema tem por objetivo a exibição de filmes clássicos, mas mais do que isso, promover uma discussão sobre questões históricas e sociais e também sobre o próprio cinema. Semanalmente são exibidos filmes nacionais e internacionais, dos mais diversos diretores e escolas. E toda a semana, após o filme, são realizados bate-papos, muitas vezes com participações especiais de diretores, professores, sociólogos, etc.
Nessa terça-feira, o filme escolhido para exibição, foi feito com base na peça teatral “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes. Na época de seu lançamento (1956), a peça contou com um elenco formado por 45 atores negros, algo importantíssimo ainda hoje, imagine há 60 anos. Passado um tempo, em 1958, O Globo abriu um concurso para escolher os protagonistas de uma versão em filme da mesma história. Mais de mil jovens teriam se candidatado.

No enredo, o motorista Orfeu (Breno Mello) se apaixona por Eurídice (a bailarina inglesa Gypsy Marpessa, que adotaria o nome artístico de Marpessa Dawn) e desce do Olimpo da favela para o inferno do asfalto em busca de sua amada. O filme é uma coprodução da França, Itália e Brasil e ganhou diversos prêmios, como a Palma de Ouro, em Cannes, e o Oscar de melhor filme estrangeiro. Também imortalizou o Rio de Janeiro no imaginário mundial, de forma que até o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em visita ao Rio de Janeiro, contou que suas primeiras impressões do Brasil vinham do filme, que ele assistiu com a mãe quando ainda era criança.
Outra curiosidade do filme é relacionada à música e ao Carnaval, e por isso a exibição nessa semana, ainda ao som dos últimos batuques da festa popular. Foi a partir desse filme que Vinicius e Tom Jobim trabalharam juntos pela primeira vez. Eles compuseram no total nove temas para a trilha sonora do longa-metragem. Alguns nem chegaram a ser utilizados no filme – o que chateou Vinicius -, mas outros sim, como “A felicidade”, cantada na trilha por Agostinho dos Santos, a voz de Orfeu para Breno.
Outra música que fez muito sucesso foi “Manhã de carnaval”, cuja letra é de Antônio Maria para música de Luiz Bonfá. O samba-canção saiu da tela para ganhar o mundo em diversas línguas e em mais de 300 gravações, inclusive no mundo árabe onde ficou conhecida como “Shou bkhaf”.
As sessões da Associação Amigos do Cinema contam com o apoio do Sindibancários, Distaky Vídeo, Escritório Fuerstenau e Gráfica Colibri. Elas são abertas à comunidade e gratuitas.














