
Grasiel Grasel
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Com a temporada de grandes ondas de calor em seu auge, um dos maiores beneficiados é o mosquito Aedes aegypti, principal transmissor de doenças como a dengue, chikungunya e zika. De acordo com o último Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (Liraa), que é realizado trimestralmente, em dezembro de 2019 o índice de infestação em Santa Cruz do Sul era baixo, mas o registro de sete novos casos de suspeita de dengue somente em 2020 começa a mudar essa perspectiva.
Em um levantamento realizado pela Secretaria Estadual de Saúde, 99 cidades gaúchas estão com infestação do Aedes aegypti considerada em alerta ou de alto risco de transmissão das doenças. O índice representa os municípios que tiveram mais de 1% de residências vistoriadas com larvas do inseto.
No ano de 2019, mais de 1,3 mil casos das doenças foram confirmados no Estado. Em Santa Cruz do Sul, 184 casos de suspeita haviam sido registrados e 55 apresentaram teste positivo para dengue. Da mesma forma, uma confirmação de chicungunha ocorreu no município, no entanto, uma investigação concluiu que a contaminação se deu enquanto a paciente estava no Nordeste e que, quando voltou, já não apresentava riscos de transmissão. A partir de um exame, uma suspeita de zika também foi descartada.
Novos números preocupam
Somente no primeiro mês de 2020 já estão em análise sete casos de suspeita de dengue, no entanto, todos aguardam resultado de exames que podem confirmar ou descartar a contaminação. Quando uma possibilidade é identificada, uma investigação no local em que a pessoa mora ou trabalha é instaurada, se ela está em uma área de epidemia, o caso é registrado como uma suspeita e o sangue do paciente é coletado para a realização de um exame que comprova ou rejeita a existência da doença.
Segundo a coordenadora da vigilância epidemiológica de Santa Cruz, Luciane Weiss Kist, um novo levantamento do Liraa de janeiro deverá ser concluído até a próxima sexta-feira, mas os resultados reportados até agora pelos agentes não são animadores. “Tudo indica que este Liraa vai ter um pouco mais de larvas que o anterior. A cada 10 casas, em torno de seis estamos encontrando larvas, mas a gente não sabe se elas são do Aedes ou do Albopictus, quem examina isso é o laboratório”, explica. Conforme Luciane o resultado deverá ser divulgado em fevereiro.
Sintomas e prevenção
Dentre os principais sintomas que uma pessoa contaminada apresenta, o mais comum é a febre alta (mais de 38,5 ºC), que é acompanhada por pelo menos mais dois sintomas, como dor no corpo, dor de cabeça, dor ao movimentar os olhos, mal-estar, falta de apetite e, em casos raros, manchas no corpo, náusea e vômito. Em caso de qualquer suspeita, é recomendável que o paciente procure um médico o quanto antes.
Luciane explica que os principais cuidados vêm de casa, especialmente na eliminação dos criadouros, locais que possam acumular água parada, que são essenciais para o mosquito colocar seus ovos. “Qualquer tampinha que esteja jogada no pátio ou uma sacolinha que voou com o tempo podem virar criadouros se acumularem água”, alerta, adicionando que até mesmo calhas sem caimento podem acumular água e se transformarem em verdadeiras fábricas do inseto.
Outro aliado importantíssimo, segundo a coordenadora, é o repelente. “O repelente é o primeiro cuidado que devemos ter. Se eu tenho dengue, devo usar o repelente para o mosquito não me picar e eu passar para os outros. Se eu não tenho, uso da mesma forma para evitar que qualquer mosquito contaminado venha me picar”, orienta.
Em 2019 Santa Cruz do Sul registrou 98 suspeitas de Leptospirose, 35 foram confirmadas e uma pessoa morreu em decorrência da doença. Neste início de 2020, cinco casos já aguardam resultado de exames. De acordo com Luciane, ela é muito associada à presença do rato, mas ele apenas inicia o ciclo da doença, que pode ser transmitida por outros animais ou diretamente em contato com a pele.
Existe uma bactéria no rim do rato que chama leptospira, que é eliminada na urina, a qual o animal utiliza ao longo do dia como demarcação de território para encontrar seu caminho de volta à toca. Outros animais como cães ou gatos podem se contaminar e igualmente transmitir a doença da mesma forma, o que expõem humanos ainda mais à possibilidade de contraí-la.
A coordenadora da vigilância epidemiológica afirma que não há melhor prevenção do que garantir a melhor higiene possível em ambientes em que o rato possa circular, até mesmo nos que animais de estimação podem entrar em contato com ele. Ao realizar a limpeza de pátios, é recomendável utilizar luvas, pois a transmissão pode ocorrer mesmo se a pele estiver integra, sem cortes, se ficar por alguns minutos em contato com a urina sem ser lavada. Materiais de limpeza com cloro são mais eficientes na eliminação da bactéria.














