LUANA CIECELSKI
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Foi aprovado na Câmara de Vereadores na última segunda-feira, dia 2 de abril, um projeto de lei diferente e interessante, que se aprovado também pelo Município, poderá beneficiar as contas públicas, a comunidade santa-cruzense e o meio ambiente. Trata-se do “Programa Composta Santa Cruz”. O projeto – criado pelo vereador Mathias Bertram (PTB) – incentiva a compostagem de resíduos sólidos orgânicos domésticos oferecendo um desconto no IPTU para quem aderir.
A ideia, de acordo com o autor do projeto, é diminuir os custos do município com o recolhimento de lixo, que atualmente gira em torno de R$ 6 milhões anuais. “Cerca de 64% de todo o lixo recolhido em Santa Cruz hoje é orgânico”, aponta Mathias. “Se diminuirmos essa quantia, gastaremos menos com o recolhimento, menos com o transporte desse lixo até Minas do Leão – pra onde o lixo da cidade é levado – e menos com o depósito desse material lá, porque também pagamos uma taxa por isso”.
A expectativa é de os gastos da Prefeitura com os resíduos possam ser reduzidos em cerca de R$ 2 milhões, segundo os cálculos feitos pelo vereador, já levando em consideração o desconto no IPTU que ficaria em torno dos 20% dentro do valor referente à coleta de lixo. Essa coleta custa hoje cerca de R$ 160,00 por residência. Ou seja, na hora de pagar o IPTU o desconto seria de algo em torno de R$ 34,00 por IPTU.
O mais importante, porém, é consciência ecológica. “Está na hora dos municípios pensarem nisso”, diz Mathias, citando Venâncio Aires onde já há um projeto bem desenvolvido nessa área, e onde são concedidos até 55% de desconto no valor total do IPTU para aqueles que adotarem uma série de práticas sustentáveis, incluindo nisso a construção de composteiras – que representam cerca de 5% do desconto.
Além disso, a capacidade dos aterros não seria tão exigida se mais pessoas utilizassem composteiras, como lembra o Engenheiro Ambiental Fabrício Weiss e a bióloga Fabíola Carlos Moreira, responsáveis pela Área Ambiental da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). “Os aterros possuem um limite de capacidade de descarte e atualmente, são muitos os municípios que levam seu lixo até Minas do Leão. Muito em breve o aterro da localidade não irá mais suportar todo o volume”. Eles lembram também que os resíduos orgânicos são os que mais pesam, pois têm água em sua composição. “Se reduzirmos o descarte de orgânicos no lixo comum, ele também ficará mais leve e menos volumoso, e portanto, mais barato”.
O projeto aprovado pela Câmara ainda segue para a análise e aprovação do Prefeito Telmo Kirst, porém, a expectativa é boa. “O parecer da Câmara foi favorável. Acho que o Prefeito vai ver esse projeto com bons olhos”. O Município, porém ainda terá que analisar e determinar como será o cadastramento e a fiscalização das residências com composteiras para ganhar o desconto. “Nós sugerimos no projeto que seja criado um requerimento que o morador pode preencher até determinada data. Junto com esse requerimento, a prefeitura pode exigir fotografias da composteira, ou algo assim”. Caberá ao município, porém, definir esses detalhes.
FÁCIL E VANTAJOSA
Ter uma composteira em casa é fácil e tem muitas vantagens. Para aqueles que gostam de cultivar plantas num jardim ou mesmo hortas é muito bom, porque o adubo que gera uma composteira caseira é muito mais confiável do que o comprado, segundo Fabrício e Fabíola.
Para a separação de outros tipos de lixo também é um grande passo dado. “Quem se preocupa em separar o lixo orgânico, não vai se importar de separar outros tipos de lixo também, como por exemplo, os recicláveis”, explicam. Para a natureza, isso é perfeito. E para os sistemas de coleta seletiva já existentes na cidade, como o da Cooperativa de Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul (Coomcat), também.

E fazer uma composteira não tem nenhum mistério. “Qualquer um pode fazer em casa. Pode ser feito, inclusive, em apartamentos”, garante Fabrício. Porque há várias formas de fazer. Há as tradicionais composteiras maiores, mas há também as composteiras de tonéis, de Minhocasas (estruturas de plástico quadradas compradas prontas) e as composteiras feitas com baldes, que seguem o mesmo modelo das Minhocasas, mas podem ser feitas com praticamente nenhum gasto.
Independente do modelo que você escolher – Fabrício e Fabíola orientam a comunidade a procurar ideias e vídeos na internet, pois há muitas informações sobre o assunto -, será muito simples montar e manter a compostagem. Confira no box o passo a passo para fazer a composteira de baldes, sugerida por Fabrício e Fabíola.
– Três baldes (pode ser desses que são usados em padarias, de plástico e com tampas);
– Material orgânico (restos de frutas, verduras, cascas, borra de café, filtro de café, folhas, gramas seca ou serragem);
– Minhocas (se quiser);
– Um pouco de terra (se optar pelas minhocas).

Como fazer:
– Você deve ter em mente que irá colocar um balde sobre o outro e que os dois de cima servirão para fazer a compostagem e que o debaixo servirá para recolher o chorume que se formará da compostagem;
– Então, em dois dos baldes (os dois de baixo) você irá fazer aberturas circulares nas tampas. Podem ser aberturas maiores, mas ela devem permitir que você coloque um balde sobre o outro. No terceiro balde (aquele que ficará por cima) você fará pequenos furos na tampa para a entrada de ar;
– Nos dois baldes de cima, você poderá fazer furos com um prego ou uma furadeira na parte de baixo. Esses furos permitirão a saída do chorume;
– Empilhando os três baldes, você começará fazendo a compostagem no balde de cima da seguinte forma: uma camada de resíduo orgânico (cerca de 10 centímetros), uma camada de folhas secas ou serragem seca (cerca de 3 centímetros) e novamente uma camada de resíduo orgânico (cerca de 10 centímetros). Você seguirá intercalando as camadas até o topo do balde;
– Se optar por inserir as minhocas, a única diferença é que a primeira camada deverá ser a de terra (cerca de 5 centímetros);
– Quando o primeiro balde encher, você inverte com o balde do meio, trocando apenas as tampas. Esse que está cheio passará pelo processo de decomposição durante um período que varia de 90 a 120 dias. Enquanto isso, você vai descartando o lixo orgânico no balde de cima, intercalando as camadas como fez no primeiro balde;
– Quando o segundo balde encher, o primeiro provavelmente já poderá ser utilizado no jardim ou na horta e então, basta ir invertendo os baldes mantendo o processo.
* Você nunca deve colocar na compostagem derivados de carne, leite ou processados, porque estes apodrecem muito rapidamente.
*É interessante cobrir a composteira sempre, para evitar que entre água nela, pois a água torna mais lento o processo de compostagem; além disso, excesso de sol também não é bom.
* É muito importante que não se comprima as camadas de resíduos orgânicos e folhas/serragem, pois as bactérias que farão a decomposição precisam de oxigênio.
* A composteira dificilmente liberará algum odor, pois essas bactérias aeróbicas (que precisam de oxigênio) não geram cheiro – se você comprimir as camadas, porém, surgirão bactérias anaeróbicas que liberam odor característico de material em decomposição.
* Inserir ou não minhocas é uma opção, porém, as minhocas aceleram o processo de compostagem porque quando se deslocam pela terra e pelos resíduos orgânicos elas constroem pequenos túneis de ar.
* As minhocas para a compostagem, porém, precisam ser especificamente da espécie “Californiana”.














