Início Geral Dança, sinceridade, respeito e união

Dança, sinceridade, respeito e união

Sara Rohde
[email protected]

Ter uma companhia que te inspira, que curte as mesmas coisas que você, que tem muito em comum. Neste Dia dos Namorados, conheça a história do casal que tem as mesmas paixões, o Hip Hop e o Break Dance, e o amor e respeito um pelo outro.
Maicon Oliveira, o Corvão e Greice Grehs, estão juntos há 3 anos mas se conhecem há 4, quando em um workshop de dança em uma escola de Santa Cruz do Sul, bateram o olho um no outro e começaram uma amizade. O amor pela dança fez com que o casal se aproximasse e criasse um vínculo afetivo. Foi então, que em 9 de maio de 2015, depois de encontros e ‘ficadas’ os dois começaram namorar.
A ideia do casal foi de construir uma relação de amor e respeito. Greice não acreditava em relacionamento perfeito, mas como eles tinham muito em comum, a B-Girl e o B-Boy, se juntaram e uniram o amor pela cultura Hip Hop com muitas outras coisas, como interesse pela espiritualidade, misticismo e até a ufologia. Com 10 anos de diferença de idade um do outro, o início do namoro não foi perfeito, apesar das coisas em comum, algumas conturbações existiam. Greice é muito crítica, já Maicon, é diferente, não é tão difícil como ela. Apesar de gostarem das mesmas coisas, eles não são iguais, e o que fortaleceu o casal e fez com que eles permanecessem juntos até hoje, foi a sinceridade. “Quando não gostamos de alguma coisa sempre falamos um para o outro”, disse Greice. Conforme a B-Girl, o namoro se construiu a base da verdade, apoio e união. “Nos apoiamos e sempre tentamos resolver os problemas do cotidianos juntos”. 
Greice trabalha pela manhã e Maicon trabalha de manhã e de tarde, e é a noite e nos fins de semana, que os dois tiram um tempo para treinar. Greice e Maicon amam dançar e sempre que podem ligam o som e praticam o Break Dance. “Amamos dançar juntos, respeitamos muito o espaço do outro. Quando saímos para dançar é somente para dançar, não fazemos outra coisa e quando um não quer treinar o outro treina e vice-versa”, contou Greice. 
Apesar do amor dos dois pelo Break, o casal tem uma vida normal, assiste séries, sai para tomar um chimarrão ou um sorvete, mas não deixa a cultura Hip Hop de lado. “É grafite, é rima, ele (Maicon) tenta umas rimas, eu sou meio travada, mas já tentei também, o que tivermos oportunidade de fazer, vamos fazer”, disse Greice aos risos.  
A dança para o casal é como se fosse um escape da vida porque eles não conseguem se sustentar com a arte. A Greice é secretária e telefonista e o Maicon trabalha com comunicação visual. É muito diferente do que fazem no dia a dia, é uma atividade que fazem porque amam, “é prazeroso tu fazer o que gosta sem pensar em ter nada em troca, dançar sem compromisso, só por amor. Quando queremos dançar, dançamos e quando queremos assistir séries, assistimos, não somos obrigados a treinar”. É um caso de amor pelo Break, uma dança que sempre se renova, “é uma coisa de outro mundo, tu aprende um movimento e quer sempre aprender mais e mais. Não tem explicação”, ressaltou a B-Girl.

O casal se conheceu em um workshop de dança, os dois bateram o olho um no outro e não se largaram mais

A dança os fortalece, para o casal é muito mais fácil dançar com alguém que está ao teu lado, te compreende e te entende. Eles se sentem muito à vontade dançando e grafitando juntos. “É muito bom fazer as mesmas coisas juntos porque não viajamos sozinhos, temos sempre a companhia um do outro. Depois dos eventos temos sempre alguém para compartilhar tudo o que vivemos, conseguimos absorver visões diferentes do mesmo ambiente e até onde ele foi bom para cada um. É uma visão masculina e uma visão feminina”, frisa Maicon.
Greice comenta sobre o machismo dentro do break e da cultura. “Infelizmente existe muito machismo ainda na cultura Hip Hop e precisamos descontruir esse conceito. O bom de estarmos conectados é que ajudo Maicon com uma visão feminista e ele leva essa visão para seus amigos que também são do movimento”.  
Dentro do Break Dance tem o B-Boy e a B-Girl e Greice sente dificuldade de ser mulher e dançar como uma B-Girl, “em muitos sites ou pesquisas na internet só aparece a opção B-Boy, como se só existisse homem que dança. Até mesmo em eventos que a gente dança, quando vão me chamar, falam B-Boy porque as pessoas desconhecem a dança de rua feminina devido ao machismo imposto no mundo. Juntos, conseguimos descontruir este padrão imposto e levamos o feminismo para dentro da cultura Hip Hop”.

O namoro se construiu a base da verdade, apoio e união