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A chaga entre o econômico e o humano

A pandemia afetou a produção de um gênero muito importante da televisão brasileira: as novelas. A TV Globo, por exemplo, interrompeu gravações devido à Covid-19 e, em sua tradicional programação “noveleira”, precisou transmitir produções antigas desde que a pandemia se estabeleceu. Uma das novelas exibidas é “A vida da gente”, criada por Lícia Manzo, e com direção geral a cargo de Jayme Monjardim.

“A vida da gente” está sendo reapresentada de segunda a sábado depois das 18h, e um dos aspectos interessantes, para nós gaúchos, é que a história se passa no Rio Grande do Sul. A novela, exibida originalmente em 2011 e 2012, toma corpo nas cidades de Gramado e Porto Alegre, em um Rio Grande mostrado de forma um tanto idealizada. Aliás, Jayme Monjardim possui algumas obras vinculadas ao nosso Estado, como são os casos da minissérie “A casa das sete mulheres” e do filme “O tempo e o vento”.

Curiosamente, “A vida da gente” possui uma semelhança bastante sutil em relação à pandemia. Afinal, a Covid-19 expôs uma chaga existente entre os aspectos econômico e humano. Embora economia e humanidade dependam uma da outra, é perceptível que esses dois aspectos, muitas vezes, entram em conflito.

Na novela “A vida da gente”, essa chaga entre o econômico e o humano é mostrada no drama pessoal dos personagens. Uma jovem tenista, interpretada por Fernanda Vasconcellos, sofre uma forte pressão pelo sucesso esportivo para dar garantias econômicas a sua mãe, interpretada por Ana Beatriz Nogueira. Enfim, situações envolvendo outros personagens evidenciam essa chaga.

Já na pandemia, a preservação da saúde humana prejudica o desenvolvimento econômico (é claro também que a queda na economia, decorrente da pandemia, problematiza a sobrevivência de milhões de pessoas). Mas não resta dúvida que a preservação da saúde vem em primeiro lugar, para podermos visualizar um futuro com crescimento econômico.