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A contracultura na ditadura brasileira

Os Dzi Croquettes surgiram em 1972

LUANA CIECELSKI
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O mês de julho será bastante rico no que se refere a exibições de filmes em Santa Cruz do Sul. O mês terá cinco terças-feiras e, portanto, cinco sessões da Associação Amigos do Cinema. As atividades iniciam já na noite de hoje, 3 de julho. Será apresentado o documentário Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Rafael Alvarez. 
Com 110 minutos, o longa-metragem lançado em 2009, no Brasil, conta a história da formação, trajetória e fim do revolucionário grupo carioca que alcançou fama internacional por mudar, subverter e criticar a realidade ditatorial brasileira na década de 1970, por meio da arte e buscando especialmente no carnaval a sua identidade. 

No enredo, somos apresentados aos 13 componentes do grupo que, ao invés de partirem para a luta armada, batendo de frente com o militares que estavam no poder, optaram por vestirem-se, atuarem, falarem e dançarem como mulheres. Ele chamaram a atenção para as questões que eles queriam e de quebra também quebraram tabus. Quando questionados sobre suas identidades eles respondiam: “Nem homem, nem mulher: gente”. 
Estreia dos diretores no cinema, o documentário causou tanto furor em seu lançamento quanto os retratados em sua época. Em parte por sua caraterística de mostrar os bastidores dessa história, sem deixar de lado sua imagem social e a trajetória que permaneceu na memória dos brasileiros. 
Outro grande motivo de elogios foram as informações trazidas a partir das entrevistas feitas com personalidades e antigos representantes do grupo, como Ney Matogrosso, Liza Minnelli, Ron Lewis, Gilberto Gil, Marília Pêra, Norma Bengell, Miguel Falabella, Nelson Motta, José Possi Neto, Betty Faria, Miéle, Pedro Cardoso, Aderbal Freire Filho, Jorge Fernando, César Camargo Mariano e Cláudia Raia.
No total, o documentário Dzi Croquettes ganhou 17 prêmios no Brasil e fora dele. Entre eles, estão o Grande Prêmio do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores – MRE) de Melhor Documentário da 33° Mostra Internacional de São Paulo (33th São Paulo Int’l Film Festival); o de Melhor Documentário no LONDON Brazilian Film Festival; no DANCE,CAMERA,WEST de Los Angeles (USA); o TORINO Int’l Glbt Film Festival; o FRAMELINE 34 de San Francisco (USA); o MIAMI Brazilian Film Festival e prêmio LABRFF 2010 do Los Angeles Brazilian Film Festival. 

OS DZI CROQUETTES

O grupo foi criado em 1972 para o espetáculo Gente Computada Igual a Você. Com texto de Brunna Ribeiro Maciel e coreografias de Tinindo Trincando, a atração era formada por diversos monólogos alternados com números de canto e dança. Os Dzi Croquettes se destacaram pelo seu visual exuberante, com maquiagem pesada e trajes femininos.
A androginia do grupo chocou as autoridades do regime militar e o espetáculo foi censurado. A trupe se exilou então em Paris, onde reestreou a peça e se apresentou no Le 
Palace. O sucesso na França, com o apoio de Liza Minelli, levou a uma colaboração com o cineasta Claude Lelouch, no filme Le Chat et la Souris.

Os temas abordados no espetáculo seguiam a linha do deboche das situações do cotidiano, das frases e situações de duplo sentido e principalmente da crítica e desconstrução das instituições estabelecidas como importantes para a saúde da nação sob a ditadura: família, igreja e Estado. 
Os integrantes eram: Lennie Dale (coreógrafo), Wagner Ribeiro de Souza (autor), Cláudio Gaya, Cláudio Tovar, Ciro Barcelos, Reginaldo di Poly, Bayard Tonelli, Rogério di Poly, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlinhos Machado, Eloy Simões e Roberto de Rodrigues. 

OUTRAS EXIBIÇÕES

Além do documentário Dzi Croquettes, também serão exibidos em julho: 

– Dia 10: Passione, de John Turturro, 2010, Itália e Estado Unidos, 90 minutos;
– Dia 17: A Dançarina e o Ladrão (El Baile de la Victoria), de Fernando Trueba, 2009, Espanha, 127 minutos (baseado na obra homônima de Antonio Skármeta);
– Dia 24: Umberto D, de Vittorio de Sica,1952, Itália, 90 minutos;
– Dia 31: O Intendente Sansho, de Kenji Mizoguchi, 1956, Japão, 124 minutos.