Você costuma viajar de ônibus? Quando eu era estudante, no fim da tarde de domingo pegava o São João no Irapuá rumo a Cachoeira para não faltar às aulas no Barão. Normalmente o ônibus estava lotado e eu tinha que viajar em pé. Lembro de uma vez alguém ter escondido uma caixa com caturritas embaixo do banco. As cocotas começaram a ficar impacientes e fizeram um barulho danado. O cobrador tentou verificar o que estava acontecendo, mas os passageiros o impediram.
A viagem no São João era longa, mas agradável. O motorista não tinha pressa, já que a vida era mais simples e tranquila e não existia a correria dos dias atuais.
Por muitos anos não viajei de ônibus. Mês passado fui de Chapecó a Foz do Iguaçu. Experiência nada agradável! O motorista pisou fundo no acelerador. Assustado, desembarquei em Cascavel e fiz o resto do trajeto de carro.
A história se repetiu segunda-feira. Comprei uma passagem para sair de Chapecó às 9h rumo a Santa Rosa. Porém, o ônibus que vinha de São Paulo quebrou e a empresa disponibilizou outro veículo, ano 1996, às 12h. Acredite se quiser, mas o ônibus não conseguiu sair da cidade. É, quebrou também! A empresa transferiu os passageiros para um terceiro veículo. Não deu outra! O “pé de chumbo” quis tirar o atraso. Foi aí que decidi perguntar aos outros passageiros se também estavam incomodados com a situação. Eles me responderam que sim. Resolvi “negociar” com o motorista:
– Amigo, por favor, o pessoal lá atrás está assustado devido ao senhor estar dirigindo em alta velocidade.
– É que preciso compensar o atraso – rebateu “cheio de razão”.
– Acontece que o ônibus está chacoalhando e alguns estão fazendo um esforço para não vomitar – tentei argumentar –, além disso o senhor está colocando em risco a vida das pessoas.
– Vou ver o que posso fazer – respondeu com cara emburrada.
Voltei para meu assento. Ele até diminuiu a velocidade por alguns quilômetros, mas não demorou para voltar a correr. Assustado, desci em Palmeira das Missões e fiz o resto do trajeto de carro. Pisar fundo no acelerador para compensar um atraso é dar sorte para o azar, pois como disse o comentarista esportivo Maurício Saraiva: “A pressa apressa o erro!”.