
Sara Rohde
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O caso de racismo ocorrido na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e relatado por um aluno do educandário, Jonatan Pacheco, ainda não foi solucionado. Na última quinta-feira, 12, o Conselho Municipal pela Promoção da Igualdade Racial de Santa Cruz do Sul (Compir) esteve em reunião ordinária e segundo o presidente Moacir Fanfa, vários assuntos faziam parte das pautas, mas o mais discutido foi a questão do racismo ocorrido na Unisc. Participaram a diretoria do conselho, uma representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e um representante da Unisc.
De acordo com Moacir atos como este são muito covardes, “foi um ato covarde, um ato mais covarde do que manifestações em redes sociais. Um anonimato que deixou outras pessoas como suspeitas. Não tem como explicar esse tipo de atitude”, salientou. Para Moacir estes assuntos dificilmente são resolvidos, “geralmente estes assuntos racistas são colocados em baixo do tapete, eles não são resolvidos. Sabemos que a questão racial acontece em Santa Cruz há bastante tempo, o racismo vem de longa data, só que não sai nas redes sociais tudo que ocorre no município porque as pessoas não querem se expor. Este é um dos casos e repercutiu porque foi exposto para todos”. Moacir ainda disse que o conselho está prestando apoio aos alunos que foram coagidos dentro da Universidade por se manifestarem contra as frases racistas.
O Compir esta acompanhando o caso e está aguardando a investigação para descobrir quem é o autor do crime. Assim que for identificado, o conselho vai cobrar providências em termos de punição. “Racismo é crime inafiançável e o servidor ou aluno autor deste crime, poderá ser excluído da grade educacional”, ressaltou Moacir.
As reuniões e encontros do Compir eram realizados uma vez por mês, mas o calendário será reformulado e os encontros deverão ocorrer com mais frequência. Segundo o presidente as reuniões mensais não estão se tornando eficientes, “nós temos que ter no mínimo reuniões quinzenais, pois a demanda é muito grande. O caso de racismo na Unisc é um dos diversos casos que ocorrem no município e está apenas começando. O racismo não termina de uma hora para outra, precisamos discutir estes assuntos com mais frequência e esperamos soluções”, frisou. Em janeiro o presidente do Compir que também atua como militante do Movimento Negro Unificado (MNU) protocolou juntamente do presidente da Câmara de Vereadores Bruno Faller, o pedido da criação de uma frente parlamentar contra o racismo, homofobia e outros crimes, o que está em andamento.
A próxima reunião ordinária do Compir a ser marcada contará com a presença do secretário de Administração e Transparência, Vanir Ramos de Azevedo, que demonstrou interesse em participar. “Nós do Compir gostaríamos de criar uma Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial de Santa Cruz do Sul, um órgão de governo que contará com o apoio de recursos federais”, enfatizou.
Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do RS
Na última quarta-feira, 11, o deputado estadual e representante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Juliano Roso, esteve na Unisc para tratar sobre as frases racistas de ódio e ameaças escritas no banheiro masculino do bloco 13 da instituição. Roso foi recebido pelo vice-reitor da Universidade Rafael Frederico Henn no Gabinete da Reitoria, juntamente da presidente do Comitê de Direitos Humanos da Unisc, professora Caroline Müller Bitencourt, que apresentou ao deputado as ações desenvolvidas pela universidade desde 1994 sobre proteção dos direitos humanos, como palestras, seminários, conferências, rodas de conversa e projetos de pesquisa e de extensão, entre outras. “O comitê se colocou à disposição da Assembleia Legislativa para a realização de atividades conjuntas no combate a essas práticas dentro da Unisc”. A professora ainda destacou os setores institucionais com profissionais capacitados que atuam no acolhimento de alunos e professores e o enfrentamento desse tipo de situação, como a Ouvidoria, o Núcleo de Apoio Acadêmico, o Núcleo de Apoio ao Professor e o Núcleo de Ação Comunitária.
Comitê de Direitos Humanos da Unisc
Nessa sexta-feira, 13, integrantes do Comitê de Direitos Humanos da Unisc, mais o coordenador da Assessoria Jurídica da Unisc (Ajur), professor Eltor Breunig, estiveram reunidos para uma sessão ordinária onde foram informadas as providências jurídicas que estão sendo tomadas. Conforme a professora Caroline Müller Bitencourt, as demandas de proteção e promoção da igualdade foram ponderadas e serão intensificadas. Será criada no segundo semestre, segundo Caroline, uma página do Comitê com vídeos educativos e formativos na questão de proteção de minorias e promoção da igualdade, inclusive racial; será realizada a semana da promoção da diversidade, a fim de promover palestras, seminários, espaço para oficinas e divulgação de combate à discriminação, bem como cartilhas informativas sobre crime de racismo, xenofobia, combate à homofobia e à violência doméstica, igualdade feminina, acessibilidade e inclusão de deficientes, dentre outros. “Tal evento deverá ser construído em diálogos com as associações do município e da região que atuam no combate à desigualdade, com a participação de órgãos institucionais e do poder público”, completou Caroline.
Segundo a professora o Comitê também deverá levantar números sobre a condição de negros e pardos na Universidade, com o objetivo de intensificar ações de inclusão em ambientes institucionais e representativos. Ações junto a Ouvidoria, ao Núcleo de Apoio ao Professor e ao Núcleo de Apoio Acadêmico da Unisc, também serão intensificadas para prvenç a partir de vivências institucionais relatadas por funcionários, estudantes e docentes. “Definiu-se que a capacitação de professores e de funcionários terá a presença do Comitê para contribuir no esclarecimento e na formação em direitos humanos e na promoção da diversidade. Acima de tudo, o Comitê reiterou seu compromisso em lutar contra qualquer forma de discriminação e ser agente propulsor na conscientização social por meio de ações preventivas, que evitem qualquer forma de violação da dignidade da pessoa humana”, afirmou Caroline.















