Efasc comemora nove anos

LUANA CIECELSKI
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A tarde da última sexta-feira, dia 16 de março foi especial para a Escola Família Agrícola de Santa Cruz (EFASC). Em meio a músicas e memórias, e na presença de monitores, alunos, familiares e apoiadores, foram comemorados os 9 anos de vida da instituição. O momento foi de extrema importância por dois principais motivos: porque essa foi a primeira Escola Família Agrícola (EFA) do Rio Grande do Sul e porque ela surgiu e vem atuando como o cumprimento de um direito que todos os jovens do interior tem, porque “educação no campo é direito, e não esmola”, como diz o refrão de uma das músicas cantadas pelos estudantes. 

Conforme apresentado à comunidade durante a comemoração, a Efasc começou a ser pensada em meados de 2008 e surgiu em março de 2009. Na época, cerca de 50 alunos se matricularam nas aulas que acontecem com base na pedagogia da alternância, ou seja, uma semana os estudantes passam na escola, tendo aulas em três turnos, incluindo nisso prática e técnicas agrícolas, e na semana seguinte eles vão para casa aplicar os conhecimentos adquiridos nas propriedades de suas famílias. 

Atualmente, incluindo aqueles primeiros alunos da Efasc que já estão concluindo suas graduações e pós-graduações, mais de 200 alunos já passaram pela escola e cerca de outros 90 alunos estão estudando nesse exato momento. Outras três escolas também foram fundadas em outras regiões e junto com a Efasc elas atendem atualmente a mais de 40 municípios e 200 comunidades.

Quando concluem os estudos na Efasc, além do ensino médio, todos os alunos saem também capacitados com o curso de Técnico Agrícola, o que lhes permite atuar no mercado de trabalho. Uma grande parte dos alunos, porém – cerca de 38% -, ingressa na universidade, 20% a mais do que a média nacional que é de 18%. 

Uma das maiores vitórias comemoradas pelos idealizadores da escola, porém, é o fortalecimento da agricultura familiar proporcionado pela escola, porque esse sempre foi um dos objetivos. O professor João Paulo Reis Costa destaca que com as aulas voltadas tanto para o ensino escolar tradicional, quanto para as questões práticas vivenciadas nas propriedades, os jovens se interessam pela vida e pelo trabalho no campo, descobrem que esse pode ser um estilo de vida bom e rentável e que o trabalho no campo é fundamental para a sociedade. 

O presidente da Associação Gaúcha Pró-Escolas Famílias Agrícolas (Agefa) – mantenedora das EFAs -, Anderson Rodrigo Richter, um egresso da Efasc vai além. Para ele, é extremamente importante a permanência do jovem no campo, mas isso só não basta. “Lugar de agricultor não é só no campo, mas na Câmara de Vereadores, na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados, na Universidade, nas empresas. É desenvolvendo tecnologia e políticas públicas para quem é do campo”, ele aponta. “Porque ninguém conhece o campo melhor do que quem é do campo”. E isso só é proporcionado por um ensino de qualidade no campo, como é o caso da Efasc. 

RUMO AOS DEZ ANOS

Outro momento importante da tarde de sexta-feira foi a prospecção para o futuro. E a Efasc, apesar de ter muitos planos, não está pensando assim tão longe. Seu foco, na verdade, são os próximos doze meses. Isso porque a expectativa é de poder comemorar a primeira década de existência na sua nova sede, que está sendo construída junto à Granja Municipal, em terreno doado pelo município. 

A primeira parte dela, que inclui refeitório e auditório já foi concluída. Ela foi feita com o valor de R$ 349 mil reais doados pela Philip Morris (R$ 215 mil) e com o valor arrecadado pela venda de terras que haviam sido doadas pelo Sicredi VRP à escola. Agora falta a segunda parte, que compreende a parte dos dormitórios. Para ela serão necessários R$ 230 mil. “Esperamos concluir a obra até março de 2019, para que possamos comemorar os 10 anos com a inauguração do novo espaço”, disse um dos monitores. 

Atualmente a Efasc ocupa a estrutura da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e do Seminário São João Batista, em Linha Santa Cruz, para desenvolver suas atividades.